Para celebrar a passagem do Dia Mundial da Saúde, comemorado no dia 7 de abril, o Mansu Nangetu recebeu nesta quinta-feira, dia 5 de abril, uma equipe da Secretaria de Estado da Saúde- SESPA - formada pela enfermeira Ruth Cardoso, pelo técnico de enfermagem Bernardino Silva e pela agente administrativa Tânia Nunes. Eles chegaram ao terreiro às 16h e montaram um sistema de atendimento à população dentro do terreiro.
O filme "Chama Verequete", de Luiz Arnaldo Campos e Rogério Parrera, foi exibido na sessão do cineclube, promovendo através do enredo do filme um debate sobre a relação da cultura com a saúde. Os participantes falaram de como a alegria de participar das manifestações artísticas e culturais influenciam no quadro de saúde de cada um.
E como não poderia deixar de ser, a proibição do Batuque (como as religiões afro-brasileiras eram chamadas no séc. XIX) pelo código de posturas do município de 1848 e o combate policial ao carimbó como cultura de terreiro - que é mostrado no filme -, foi relacionado com a com a atual repressão às culturas dos povos tradicionais de terreiros, seja pela visão negativa repassada pelo fundamentalismo cristão das igrejas eletrônicas em canais de televisão, seja pela interpretação equivocada das Leis ambientais que resulta em representação policial à religisidade afro-amazônica, e também foi consenso reconhecer esta forma de racismo afeta também a saúde dos povos de terreiros.
A oferta de serviços gratuitos de verificação de pressão arterial e de verificação de nivel de glicose no sangue foi a grande atração do dia. Foram 37 atendimentos para membros da comunidade e para a vizinhança do Mansu, sendo que desses 9 apresentaram alteração na pressão arterial (1 de pressão baixa e 8 quadros de hipertensão) e 2 resultados apresentaram quadros de diabetes. Em todos os casos, a equipe da SESPA conversou com os atendidos sobre os cuidados básicos para a prevenção de doenças, e para aqueles que apresentaram alteração arterial ou de glicose foi orientado que procurassem serviços de urgência em hospitais ou que agendassem consulta com médicos em postos de saúde.
O uso de ervas medicinais, principalmente através de chás de infusão, e cuidados com a alimentação para a promoção de uma vida saudável - conhecimentos tradicionais preservados pela tradição da oralidade dos terreiros -, também esteve presente nas conversas através das intervenções das lideranças de terreiros, que demonstraram o quanto esses conhecimentos influenciam na prevenção da saúde da população.
O evento terminou com um coquetel de café com pupunha e canjica e uma descontraída roda de conversa com as lideranças de terreiros Mametu Nangetu, Mametu Kaia Onilegi (Kátia Hadad), Mãe Nadir de Ogum, Pai Valdiney de Badé e com Silvia Macedo do Movimento Popular de Saúde/ MOPS-PA, a roda foi na porta do terreiro e foi o momento em que as lideranças das comunidades de terreiros articularam com o MOPS-PA a extensão da agenda de saúde e acertaram a parceria com o MOPS-PA para uma agenda itinerante de serviços de saúde pelos terreiros de Belém e Ananindeua.
Fotos e texto de Táta Kinamboji/ Projeto Azuelar - Instituto Nangetu/ Ponto de Mídia Livre.
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