sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Lideranças de Terreiros aprovam o "Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos Tradicionais de Matrizes Africanas"

Em reunião ocorrida em Ceilandia/DF, nos dias 28 e 29 de novembro de 2012, a equipe da Secretaria de Políticas para Comunidades Tradicionais da SEPIR apresentou o "Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos Tradicionais de Matrizes Africanas" para as lideranças e membros de comunidades tradicionais de matrizes africanas.
Estavam presentes representantes de comunidades de vários estados e vindos de todas as regiões brasileiras.


A secretária Silvany Euclêncio fez questão de inciar o diálogo informando os critérios de participação e também dos problemas que os organizadores tiveram que enfrentar para efetivar o deslocamento e hospedagem dos convidados.
Todos os presentes se reconheceram como delegados de seus estados nas diversas instâncias de diálogo da gestão pública com a sociedade civil que antecederam este momento: as conferiencias nacionais, como a de igualdade racial, de segurança alimentar, de saúde, de cultura, dentre outras, assim como os seminários, fóruns e oficinas promovidos por diferentes ministérios para discutir a políticas públicas para povos e comunidades tradicionais de matrizes africanas.


A equipe da SEPIR apresentou as ações previstas para serem implantadas à partir de 2013, e ouviu as contribuições da sociedade civil, cujos representantes pediram garantias da participação social na operacionalização e monitoramento do plano, e garantias de que as ações vão atingir todas as regiões e a territorialidade do país.

SEPPIR promoveu "Seminário em Defesa da Ancestralidade Africana do Brasil.".

O Plenário da Câmara dos Deputados ficou lotado de membros de comunidades de terreiros vindos de vários estados  e de todas as regiões administrativas brasileiras. Foi a primeira vez que um plenário do Poder Legislativo foi utilizado para debater a violência contra os Povos Tradicionais de Matriz Africana, e para Táta Kinamboji essse pioneirismo do seminário torna momento um marco histórico para o Brasil.

Veja a notícia publicada no site da SEPPIR 

Seminário aponta caminhos para o combate à discriminação das tradições africanas

Articulação do segmento frente ao poder público, tratamento da questão como discriminação racial e novas propostas pedagógicas que atuem na desconstrução de imaginários maniqueístas foram algumas das estratégias apresentadas pelos participantes
 
Lideranças religiosas, parlamentares e representantes governamentais reuniram-se para debater estratégias de enfrentamento à violência e ao desrespeito à ancestralidade africana no Brasil. Racismo, intolerância, discriminação, desrespeito às práticas tradicionais são causas e efeitos desse problema social. Para os participantes do Seminário em Defesa da Ancestralidade Africana no Brasil, realizado nesta quinta-feira (29), na Câmara dos Deputados, em Brasília, a solução pode estar na melhor articulação do segmento frente ao poder público, o tratamento da questão como discriminação racial e novas propostas pedagógicas que atuem na desconstrução de imaginários maniqueístas.
Para Silvany Euclênio o racismo motiva a violação de direitos.

De acordo com a secretária de Políticas para as Comunidades Tradicionais da SEPPIR, Silvany Euclênio, o seminário foi motivado pelo aumento da violência contra as tradições africanas no Brasil. “Essa violência é expressa pela agressão a lideranças, depredação de casas, ações contra práticas alimentares tradicionais, entre outros atos. Um encontro como esse é necessário para levar a sociedade a refletir sobre o racismo que motiva essa violação de direitos”, explica a secretária. “É extremamente importante que o Estado se posicione quanto a essa questão, pois os negros no Brasil sobreviveram graças a essa cosmovisão preservada pelas culturas tradicionais”, ressaltou.

Já Mãe Lúcia de Oyá avalia que o tratamento dado às tradições de matriz africana é discriminatório e tem caráter de satanização. “É um desrespeito aos direitos humanos. Somando a isso o fato de sermos negros, a situação piora”, completou. Para o deputado federal Edson Santos, o Estado deve ser cobrado cada vez que deixar de garantir o direito ao culto religioso, já que é seu papel fazê-lo. “O Estado tem ferramentas para coibir ações que desrespeitem as religiões de matriz africana e deve agir quando um segmento está em desigualdade, independente da religião professada pelo gestor público. Se não agir, o gestor está violando a lei e incorrendo em crime de responsabilidade”, enfatizou o parlamentar.
Mãe Lúcia de Oya, foi uma das conferencistas.



Discriminação
Para o sacerdote da Tradição Yorubá, Paulo César Pereira de Oliveira, a questão vai além da intolerância religiosa e configura discriminação racial. “A gênese do racismo surge no momento em que o ser humano africano foi ‘coisificado’, tendo sua cultura e valores negados. E as práticas tradicionais são expressões dessa africanidade negada desde a época dos missionários”, explicou o sacerdote. Segundo ele, esse debate avançará politicamente quando o desrespeito passar a ser tratado como crime de racismo.

Apostar na educação para enfrentar esse quadro é uma possibilidade estratégica sugerida pelo Diretor-Geral da Escola de Filosofia e Teologia Afrocentrada, Jayro Pereira. “Devemos pensar num processo pedagógico que desconstrua o imaginário maniqueísta, que divide o mundo entre o bem e o mal e que fundamenta a intolerância. Uma nova pedagogia que esteja tanto nos terreiros, como nas escolas e que permita uma nova visão de mundo”, disse.
Kota Mulanji,defendeu as tradições alimentares dos povos de terreiro.

O seminário foi realizado pela parceria da Frente Parlamentar em Defesa dos Povos Tradicionais de Terreiro, Frente Parlamentar Mista pela Igualdade Racial e em Defesa dos Quilombos, com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), dentro da programação do Mês da Consciência Negra. Na abertura do evento, foi exibido o documentário de Carlos Pronzato e Stéfano Barbi, “Até Oxalá vai à guerra”, sobre ações violentas executadas pela Prefeitura de Salvador através da demolição do Terreiro Oyá Onipo Neto.



E neste link, a notícia publicada no site da Câmara dos Deputados


Debatedores querem políticas para combater ataque a terreiros


Discutir formas de acabar com a discriminação e ataques contra os terreiros tradicionais de matriz africana foi tema de seminário realizado nesta quinta-feira na Câmara.
A presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Povos Tradicionais de Terreiro,
deputada Erika Kokay (PT-DF), destacou que eventos como esse são importantes para dar visibilidade aos terreiros e à realidade daqueles que seguem religiões africanas.
Em julho deste ano nove casas de matriz africana foram depredadas em Pernambuco.


Assédio religioso
Segundo Mãe Lúcia de Oxum, yalorixá do Centro de Cultura Afro-Brasileiro Ilê Axé Omidewá, em João Pessoa, na Paraíba, os ataques são constantes e ocorrem em todo o País. Ela classificou como assédio religioso os ataques sofridos diariamente pelos terreiros. Lúcia de Oxum pede mais rigor da Justiça para punir os envolvidos. "O máximo que eles entendem é como crime de injúria; e o crime de injúria não dá em nada."

 Erika Kokay destacou que a frente vai realizar reuniões com os agentes de direito para que eles possam conhecer a realidade dos terreiros e proteger seus frequentadores. "É preciso que nós trabalhemos no processo de desconstrução de uma intolerância que invade os poderes públicos e que invade o próprio Estado e que faz com que as comunidades de terreiro não possam viver com a dignidade que o País deve a essas comunidades."


A secretária de políticas para comunidades tradicionais, da Secretaria de Promoção de Políticas para Igualdade Racial da Presidência da República, Silvanir Silva, afirmou que o enfrentamento do racismo passa necessariamente pela valorização das tradições africanas e das casas que representam a cultura africana no Brasil. "Nós também estamos muito preocupados em como promover um processo de valorização dessa cultura, dessa tradição, de maneira a desfazer estereótipos que motivam tamanha violência."


Mapeamento
Silvanir informou que no próximo ano o governo vai fazer um levantamento socioeconômico para mapear quantas são e onde estão as casas de tradição de matriz africana em todo o País. A partir daí, o Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos Tradicionais de Matrizes Africanas começará a ser implementado.

Fonte: Agência Câmara de Notícias
Autor: Reportagem - Karla Alessandra, Edição -Regina Céli Assumpção





Fotos: Táta Kinamboji/ Projeto Azuelar - Instituto Nangetu/ Ponto de Mídia Livre.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Sem Censura Pará entrevita Mametu Nangetu sobre a cartografia social dos Afro-religiosos..

Será nesta quarta-feira, dia 28 de novembro, e terá como pauta o (Re) Lançamento do Livro Cartografia Social dos Afrorreligiosos em Belém do Pará - Religiões Afro Brasileiras e Ameríndias da Amazônia: afirmando identidades na diversidade.
O Sem Censura Pará tem veiculação de segunda à sexta, das 14h30 às 16h. Melhores momentos aos sábados, ao meio-dia pela TV Cultura, canal 2 em Belém-PA, e pelos canais retransmissores nas cidades do Interior do Estado do Pará.
Link parfa acompanhar a entrevista aos vivos.  http://www.webtv.pa.gov.br/funtelpa_aovivo/tv.html
Para enviar perguntas e comentários pelo twitter: @semcensurapa


“A proposta do projeto é a visibilidade para as comunidades tradicionais, então a gente vem desde maio [de 2010] nesse projeto: mapeando, buscando visibilizar nossa cultura tradicional.” - Mametu Nangetu apresentando o capítulo da Nação Angola.
Mametu Nangetu em roda de conversas com lideranças da Nação Angola da zona metropolitana de Belém.

Mametu coordenou a pesquisa da Nação Angola e vai falar dese processo cartográfico pelo olhar das lideranças de terreiro, nas palavras dela. “as pessoas que vem no terreiro estão acostumados com imagem como eles vêem na Umbanda e na Mina, e quando ele vem aqui e vê uma estátua mas que é de louvor a Oxum e não tem nada haver com o que ele conhece, ele estranha. Mas o povo ele é muito sincrético e ele gosta de ver um caboco, um santo Antônio, e acho que é por isso que as imagens estão nas casas dos terreiros,(...). Os terreiros não sobrevivem sem os clientes, e nem sem os filhos da casa, então tem que ter um chamamento, uma atração, e como atrair essas pessoas para dentro de um terreiro?! Uma casa de culto Angola é isso aqui: tem os tambores e tem os Ngunzos, né?! Tem os nossos Ngunzos-Ngunzos! O que é os nossos fundamentos? A nossa segurança é isso! E nas outras casas de nação isso não tem, não tem Ntoto e nem Cumeeira, que são o nosso Ngunzo. É isso, é a natureza e é por isso que nós não cultuamos nada de gesso, no nosso Ngunzo ou é pedra, ou é ferro, ou é do mar, ou é da terra. A nossa força está na natureza, entendeu?!”
E é esse conhecimento sobre a diversidade de práticas religiosas dos terreiros afro-amazônicos que o livro começa a desvelar...

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

SEMINÁRIO: NEGRITUDE EM MOVIMENTO 10 ANOS DO GRUPO DE ESTUDOS AFROAMAZONICO/ UFPA






20 de Novembro – Mês da Consciência Negra


SEMINÁRIO:
NEGRITUDE EM MOVIMENTO
10 ANOS DO GRUPO DE ESTUDOS AFROAMAZONICO

De 10 a 12 de dezembro de 2012

1º Dia. 10 de dezembro de 2012.
Manhã
Palestra de Abertura: Prof.Dr. Marco Antonio Domingues UNIR.
1ª Mesa-Redonda: 10 anos do Negro em Movimento na Universidade. Trajetórias do GEAAM.
Palestrantes: Raimundo Jorge Nascimento de Jesus; Eleanor Gomes da Silva Palhano, Bruno Borda, Zélia Amador de Deus, Marilu Márcia Campelo.
Mediador: Apolinário Alves Filho.
Local: LAANF

Tarde
2ª Mesa-Redonda: Ações e Reações dos Afro-religiosos em Belém.
Palestrantes: Arthur Leandro (Instituto Nanjetu), Edson Catendê (AFAIA), Mãe Nalva(ACYOMI e Rede Saúde), Pai Walmir (INTECAB), Pai Luis Tayandô (ACAOÃ)
Debatedor: Zélia Amador de Deus
Mediador: Raimundo Jorge Nascimento de Jesus
Local: LAANF

Fim da Tarde
Lançamento do Workshop – Artistas de Terreiro (Gep Roda de Axé)
Abertura da Exposição Reis Africanos (Casa Brasil África) e Fotografias de Deise Loide.
Local: a ser divulgado


2º Dia – 11 de dezembro de 2012.
Manhã
Palestra: Prof.Dr. Jose Renato Baptista UERJ – “Sè tou melanje: uma etnografia sobre o universo social do vodu haitiano”

1ª Mesa-Redonda: “Quem é de axé diz que é”
Palestrantes: Mãe Nanjetu, Mãe Bete de Bamburucema, Mãe Jocolocy, Pai Gilmar, Mãe Kátia Haddad, Pai Alberto.
Debatedor: Assunção José Pureza Amaral
Mediador: João Simões Cardoso Filho
Local: LAANF

Tarde
14hs00 as 18hs00
Palestra: Prof. Dr. Ivair dos Santos –“A contribuição do GEAM para o avanço das ações afirmativas no Brasil”

2ª Mesa-Redonda: A Lei 10.639 em ação. Socializando a produção do Curso de Especialização.
Palestrantes: Exposição dos trabalhos do curso de especialização com debates.
Debatedor: Luis Fernando Cardoso e Cardoso e Monica Conrado
Mediador: Eleanor Gomes da Silva Palhano
Local: LAANF

Noite
Exibição e debate de filmes africanos
Debatedor: Eleanor Palhano (Casa Brasil Africa)
Local: LAANF


3º Dia – 12 de dezembro de 2012.
Manhã – Mini curso:
08 hs as 10hs - Racismo uma Introdução – Prof. Ms Raimundo Jorge Nascimento de Jesus e Prof. Dr. Ivair Augusto dos Santos
10hs as 12hs - Comunidades e territorialidade – Prof. Dr. Marco Antonio Rodrigues
Local: LAANF

Tarde – Mini curso:
14hs as 16hs - Religiões de matriz africana no Pará – Profª. Dra. Marilu Márcia Campelo e Prof. Dr. José Renato Baptista.
16hs as 18hs - Poética e Literaturas Afro-brasileiras – Profª. Dra. Zélia Amador de Deus
Local: LAANF

Noite
Exibição e debate de filmes africanos
Debatedor: Elói Biquer (da Guiné Bissau)
Local: LAANF


INSCRIÇÕES COM ANTECEDÊNCIA:
Informações: afroamazonico@gmail.com ou tel: (91)3201-8365
Haverá certificado com carga horária.


COMISSÃO ORGANIZADORA:
Marilu Márcia Campelo
Raimundo Jorge Nascimento do Jesus
Eleanor Gomes da Silva Palhano
Zélia Amador de Deus
Shirley Muryel Albuquerque Ferreira
Claudio Pinheiro
Rosália Freitas









Ficha de inscrição
Negritude em Movimento” 10 anos do Grupo de Estudos Afro-Amazônico.
Nome completo:

Curso/Instituição:

E-mail:

Telefone:

  • Qual minicurso deseja participar? ______ (número do minicurso)
Obs. O participante poderá escolher um minicurso em cada turno.
Manhã:
08hs00 as 12hs00
Minicurso 1
Racismo uma Introdução – Prof. Ms Raimundo Jorge Nascimento de Jesus
Minicurso 2
Comunidades Quilombolas e territorialidade – Prof. Dr. Assunção Pureza Amaral
Local: LAANF
Tarde
14hs00 as 18hs00
Minicurso 3
Religiões de matriz africana no Pará – Profa. Dra. Marilu Márcia Campelo.
Minicurso 4
Poética e Literaturas Afro-brasileiras – Profa. Dra. Zélia Amador de Deus.
Local: LAANF


quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Instituto Nangetu na programação de Consciência Negra do Banco do Brasil.

Eram os próprios funcionários do Banco do Brasil o público avlvo do envento, e eles compareceram para a roda de conversa sobre igualdade racial, cidadania e intolerância religiosa contra as práticas ritualisticas dos povos tardicionais de terreiros. O debate ainda contou com a participação do sociólogo Domingos Conceição , liderança do Movimento Mocambo.


A equipe de músicos do Mansu Nangetu, formada por Táta Mukundemin, Táta Kamelembá, Deleandro de Gongombira e Luãn de Mikaiá, fez a oarte cultural com a apresnetação da musicalidade das tradições de terreiros afro-amazônicos.




quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Rádio-janela Azuelar na abertura do "Puta novembro"

Notícia extraída do Diário do Pará

Pelo dia de combate à violência contra a mulher


Pelo dia de combate à violência contra a mulher (Foto: Divulgação)
Programação aberta e plural prevê atelier de stencil e colagens, além de lançamento nacional de filme (Foto: Divulgação)


A luta por direitos e igualdade de raça e de gênero precisa, sim, ser diária. Mas algumas datas reforçam o apelo de grupos historicamente excluídos. Sob essa perspectiva, a Associação de Prostitutas do Estado (Gempac), junto com outros organismos parceiros, preparou uma programação plural, crítica e sensível para lembrar o Dia da Consciência Negra, celebrado ontem, e o Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher, comemorado no próximo dia 25.

A proximidade das datas uniu grupos em Belém em uma iniciativa que junta reflexão política com expressões artísticas. É o ‘Puta Novembro - Consciência, sem Violência’, que começou a agitar o bairro da Campina ontem e que vai se estender até dia 30 deste mês, com uma festa de encerramento para lembrar os tempos áureos da boemia de Belém. Todas as atividades são abertas ao público e têm como principal objetivo a construção colaborativa de novas formas de expressão e debate.

A programação do ‘Puta Novembro’ iniciou ontem com uma apresentação do duo de rap Cronistas da Rua e a abertura da oficina de capoeira de angola, com o mestre Bira Marajó. No dia alusivo à Consciência Negra também rolou a participação especial do projeto de ‘rádio janela’ do Instituo Nangetu, que tem como foco o debate sobre afro-religião. “Mas quem perdeu o começo da programação, pode ficar tranquilo. Tem muito mais coisa vindo por aí até o fim do mês”, garante Leila Barreto, coordenadora do projeto.

Hoje também, logo no início do dia, o dançarino e ator Ícaro Gaya dá continuidade aos encontros corporais que já são marca das programações propostas no espaço do Gempac. As “Manhãs do Corpo”, vão acontecer nestas duas semanas, sempre às 10h, nas segundas e quartas. A ideia é trabalhar de forma lúdica o corpo, pensando na estrutura humana como ferramenta de comunicação. “Vamos trazer para a corporalidade a discussão sobre espaço e tempo, de forma bem natural. É só botar uma roupa mais leve e chegar”, diz Ícaro.
Reflexão sobre o corpo

O Cine Gempac está prestes a comemorar um ano de atuação. O cineclube surgiu de um projeto de extensão da pró-reitoria da UFPA e realiza sessões periódicas no espaço da entidade. Dentro da programação do Puta Novembro, haverá o lançamento nacional do filme “O céu sobre os ombros”, de Sérgio Borges.

Em seguida, uma reunião aberta para produtores culturais e entusiastas do assunto pretende aguçar discussões sobre uma campanha de revitalização do bairro da Campina como reduto boêmio e intelectual. “A proposta é reunir ideias e soluções criativas para recriar o espaço, respeitando os atores principais desta cena, que são as pessoas que vivem deste lugar”, adverte Leila Barreto. Deste bate papo deve sair o fio condutor da programação especial de encerramento do Puta Novembro.


Espaço do debate e da crítica

Já no dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher (25), ativistas parceiras farão uma atividade aberta, na praça da República, a partir das 10h. Para estimular o debate sobre violência contra mulher, mulheres e homens se unem em uma atividade de colagens, debates e rodas de conversa sobre a violação da condição feminina. “A ideia é promover nesse dia, espaços para discutir sobre nossa construção social e sobre as violências contra mulheres, negras, brancas, índias, de qualquer preferência sexual, putas, loucas, transexuais. Aqui desse espaço, fora dele, mulheres do rio ou do asfalto e homens - os que quiserem chegar junto e se se proponham a trocar”, é assim que se compreende a atividade, segundo o texto produzido em conjunto pelas mulheres do movimento Ocupa Belém, que propuseram a ação.

FESTA

O projeto ‘Campina Boêmia’ propõe o retorno cultural a um dos bairros mais tradicionais da cidade, berço de artistas e grandes intelectuais. O objetivo principal do encontro é reunir produção de pensadores, moradores, agitadores, para um mergulho produtivo na discussão sobre o ostracismo a que o espaço foi relegado, levando em consideração os atores que compõe o cenário cultural local. “Música, dança, intervenções, mostras artísticas e sociais, microfone aberto, performances que contam e recontam a Campina Boêmia”, diz Leila. A programação será na sexta, a partir das 14h, com atividades relacionadas, como a montagem de um mural de imagens de moradores da Campina. Às 18h, começa a festa.

Mansu Nangetu sediou encontro de lideranças de terreiros com Marga Janete Stroher.

Mametu Nangetu recebeu a coordenadora Nacional do Comitê de Diversidade Religiosa da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, sra. Marga Stroher.




O Mansu Nangetu sediou nesta segunda feira, o encontro com a Coordenadora Nacional do Comitê de Diversidade Religiosa, Marga Janete Stroher, com lideranças dos Povos Tradicionais de Terreiros e com o Comitê Inter-religioso do Estado do Pará.
Durante o encontro foram distribuídas cartilhas sobre diversidade religiosa e direitos humanos produzido pela Secretária de Direitos Humanos da Presidencia da República/ SDH
Mametu Nangetu abriu o diálogo fazendo uma apresentação do espaço do Mansu, falou sobr e a Nkisiani para a qual o Mansu se dedica e agradeceu a presença de Marga e de todos os presentes, em especial as lideranças de terreiros e os sacerdotes das demais religiões que compõe o comitê inter-religioso do Pará.

É preciso nos unir para enfrentar os preconceitos religiosos.
Marga apresentou aos convidados o que a SDH pretende com essas visitas, disse que o importante é poder interagir mais de perto com as queixas de intolerância religiosa vividas no cotidiano da população, e acrescentou que e que é cada vez mais necessário fazer este trabalho, pois a mídia ignora completamente este assunto. 
Para ela,  “A maneira de agir é fazer com que as pessoas se coloquem nos lugares das outras, onde se percebam como produtores dessa intolerância", pra exemplificar ela contou que certa vez numa discussão com os evangélicos, um senhor disse que o que não aceitava nas religiões africanas era a morte de animais, Marga, então, lhe perguntou: "Vocês não estão usando sandálias e bolsas de couro, não comem carne todos os dias?" e a partir dessas perguntas simples ela conseguiu fazer com que esse senhor refletisse sobre o sacrifício ritualístico. 
Táta Kinamboji falou das formas sutis de intolerância religiosa e racismo contra as populações de terreiros. Falou das leis e da atuação da polícia. Disse que a Lei do silêncio é usada para calar os tambores de terreiros, mas que a Lei do silêncio vale para bares e casas de show, e não se aplicam aqo culto religioso, tanto que não calam os sinos das Igrejas católicas que soam as 6h da manhã.
Continuou falando da vigilância sanitária e da atuação da Agência de Defesa Agropecuária do Pará - ADEPARÁ - a combater o transporte de víveres das ilhas até os portos de Belém. Contou da ação da ADEPARÁ que no mês de agosto reprimiu o transporte e o comércio de animais (principalmente cabras e porcos) vindos dos quilombos no arquipélago do Marajó para aportar e comercializar na área do Ver-o-peso. Para Kinamboji, essas são as politicas institucionalizadas e orquestradas por grupos fundamentalistas cristãos infiltrados nos governos, grupos que reproduzem o racismo e a intolerância,  pois esta ação em especial afetou tanto a economia dos quilombos como também pode ser interpretada como uma clara tentativa de combater os cultos a Exu, que são realizados tradicionalmente no mês de agosto na cidade de Belém.
Mametu Nangetu lamentou esses fatos dizendo que  “O estado tem a obrigação de se manter laico, e os sacerdotes não deveriam se envolver com cargos políticos, ou não deveriam usar seus cargos em nome de sua fé. Isso tem que acabar”, disse ela, ressaltando ainda a necessidade de se trabalhar com os meios de comunicação, para que tenha um canal onde as outras pessoas possam conhecer os povos de terreiro. 
A resposta da coordenadora do comitê da diversidade religiosa foi relatar as ações que já estão sendo pensadas nesse âmbito pela secretária, e ressaltou a importância dos povos de terreiros denunciarem esses fatos através do disque 100.


Os povos de terreiro estão perdendo a crença na institucionalização e até na justiça.
Mãe Nalva de Oxum apresentou um exemplo de intolerância religiosa institucional que aconteceu na sua casa, quando dois pastores foram lhe agredir verbalmente dentro do seu espaço, e, apesar do registro das queixas e das denúncias,  até hoje, depois de dois anos, não aconteceu nada contra esses agressores.  Táta Kinamboji acrescentou dizendo que é  isso que eles querem, "querem nos fazer esperar, para que fiquemos prestando o mesmo depoimento todo mês, sem nenhum resultado de punição aos agressores", e contou do caso que aconteceu com os membros do Mansu quando da entrega de nossas oferendas na baía do Guajará, lá na área do "Ver-o- rio", onde sofremos intolerância religiosa por parte da Guarda Municipal. Kinamboji continuou dizendo que "o que se percebe é que não há diferença entre o racismo e a intolerância religiosa. A sociedade brasileira se modifica com o passar dos tempos, o final da escravidão já aconteceu, porém, até hoje, dentro do estado, percebemos políticas racistas, como a utilização da lei do silêncio e da vigilância sanitária para cercear as manifestações afro- religiosas". E Babá Edson Catendê, da AFAIA, apontou ainda que “é necessário ajuda da sociedade civil organizada para continuarmos com nossa resistência e fortalecer o grupo de pressão. O Axé é e eterno, o axé nunca acaba, por isso precisamos agir! A religiosidade faz parte de nossa dignidade e por isso precisa ser respeitada.”.
O advogado Jorge Farias, representante da OAB-PA, acrescentou que é preciso sim agregar parceiros, como o ministério público e OAB-PA nessa luta, pois para ele não tem como enfrentar a institucionalidade sem profissionais capacitados, e apresentou as  ações da coordenadoria de igualdade étnico-racial da OAB, como o Fórum Igualdade Racial pra Valer, se colocando à disposição para as articulações com autoridades em nome dos direitos dos Povos de Terreiro.
Alan Fonseca, Pejigan do Funderê Oyá Jokolocy, afirmou que os povos de terreiro não deveriam ter que prestar esclarecimento sobre o que são e nem sobre o que fazem para ninguém, ele disse que não considera correto ficar esclarecendo suas práticas para o estado e que considera essa exigência  uma violência contra a liberdade destas pessoas e suas diferentes formas de expressar sua religião. “Quando um pastor prática intolerância religiosa é logo absolvido, e quando nós vamos fazer nossas oferendas sofremos preconceito de todos os lados. E ainda por cima, não temos para onde correr quando se trata de questão jurídica, O que devemos fazer sobre isso?”, perguntou Alan.

Por fim Tata Kinamboji tomou a palavra, ele disse que pelas manifestações dá pra perceber que todos alí concordavam que a morosidade da justiça é um fator determinante para a sensação de descrença na institucionalidade brasileira, e que o que os povos de terreiro precisam é de acessoria e acompanhamento de advogado. Argumentou que existe  a parceria da Secretaria de Direitos Humanos com a SEJUDH, e um convênio com a Sociedade Paraense de Direitos Humanos/ SDDH, para acompanhamento e monitoramento das ações que envolvem os Direots Humanos, e concluiu dizendo que se havia mesmo o interesse da SDH, que ele apresentava uma proposta concreta: "proponho que a Secretaria de Direitos Humanos financie uma campanha midiática em rede nacional de combate à intolerância contra a religiosidade dos terreiros, e também financie um programa de assistência e acompanhamento de vítimas de intolerância religiosa a ser conveniado com a SDDH - com verba para contratar advogados especializados na área, psicologos, assistentes sociais e toda a equipe de profissionais para que esse acompanhamento funcione”.
 Com o adiantado da hora o debate foi chegando ao fim, e Marga Stroher finalizou dizendo que o problema das religiosidades discriminadas é de todos, de toda a população e não somente dos grupos discriminados,  e que precisamos encontrar metodologias em conjunto contra todos esses espaços de praticas de racismo que ainda existem. Disse que estão fazendo isso com grupos de trabalho dentro da Secretária de Direitos Humanos e agradeceu a oportunidade de poder estar junto com todos nesse encontro e poder ouvir todos esses relatos.

Fotos e texto de Luah Sampaio - Projeto Diálogo em Cabana de Caboco/ FCS/ IFCH/ PROEX/ UFPA; com a colaboração de Táta Kinamboji/ Projeto Azuelar - Instituto Nangetu/ Ponto de Mídia Livre.

As lideranças de Terreiros da “Nação Angola” convidam para o: (Re) Lançamento do Livro Cartografia Social dos Afrorreligiosos em Belém do Pará - Religiões Afro Brasileiras e Ameríndias da Amazônia: afirmando identidades na diversidade.

As lideranças de Terreiros da “Nação Angola” convidam para o (Re) Lançamento do Livro Cartografia Social dos Afrorreligiosos em Belém do Pará - Religiões Afro Brasileiras e Ameríndias da Amazônia: afirmando identidades na diversidade

Dia 28 de Novembro (quarta-feira) às 17h, no Terreiro Mansu Nangetu – Trav. Pirajá, 1194 (entre Duque e 25) Belém-PA - Telefone: (91) 3226-7599 

Será servido um coquetel com pratos tradicionais da culinária de terreiros afro-amazônicos, como uma forma de resgate da identidade do paladar dos povos de terreiros.




As multiplas falas dos angoleiros.
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O evento vai reunir os terreiros de matriz Banto da zona metropolitana de Belém para a distribuição de um exemplar do livro para cada liderança ou membro de terreiro que participou da pesquisa que resultou na cartografia. Será também um momento de debate e reflexão sobre a preservação de tradições afro-amazônicas e resistência política e cultural na capital paraense.
Os organizadores convidaram as pessoas que participam do capítulo dos angoleiros para fazer um sarau de leitura, e então cada um vai escolher um trecho de seus depoimentos para uma leitura coletiva que tem a intenção de provocar o debate com os convidados que estiverem presentes. Isso tudo à partir da experiência relatada no livro pelos próprios povos tradicionais de terreiros.


Trechos de depoimentos das lideranças de terreiros de Angola.

Mametu Nangetu/ Oneide Monteiro Rodrigues “...e as pessoas que vem no terreiro estão acostumados com imagem como eles vêem na Umbanda e na Mina, e quando ele vem aqui e vê uma estátua mas que é de louvor a Oxum e não tem nada haver com o que ele conhece, ele estranha. Mas o povo ele é muito sincrético e ele gosta de ver um caboco, um santo Antônio, e acho que é por isso que as imagens estão nas casas dos terreiros,(...). Os terreiros não sobrevivem sem os clientes, e nem sem os filhos da casa, então tem que ter um chamamento, uma atração, e como atrair essas pessoas para dentro de um terreiro?! Uma casa de culto Angola é isso aqui: tem os tambores e tem os Ngunzos, né?! Tem os nossos Ngunzos-Ngunzos! O que é os nossos fundamentos? A nossa segurança é isso! E nas outras casas de nação isso não tem, não tem Ntoto e nem Cumeeira, que são o nosso Ngunzo. É isso, é a natureza e é por isso que nós não cultuamos nada de gesso, no nosso Ngunzo ou é pedra, ou é ferro, ou é do mar, ou é da terra. A nossa força está na natureza, entendeu?!”

Mam'etu Muagilê/ Beth de Bamburucema “...uma senhora chegou comigo eu tava na rua de casa, e disse “mãe Beth eu queria que a senhora fizesse um banho pra mim”, ela é evangélica, “mãe Beth eu queria que a senhora fizesse um banho pra mim construir a minha casa que tão de olho gordo, tão fazendo macumba tão de olho gordo em cima de mim”, eu fiquei olhando pra ela e disse: tu vai fazer a tua casa não vai ser preciso banho nenhum, nem trabalho nenhum, eu disse: tu vai seguir o que eu vou te dizer? Ela disse: sim, eu disse então ainda bem que tu vieste me procurar no mês de fevereiro, porque tem o ano todo pra ti trabalhar e fazer a tua casa e passar ano na tua casa sem ser preciso eu te dar um banho, como tu disseste, um banho de macumba, que aqui em casa é banho de Axé, ai tu vai levar esse tempo pra se organizar, tu vai pagar tudo o que tu deve até o mês de agosto, quando for setembro tu não és católica mas tu vais comprar um sapato, uma roupa talvez os teus filhos queiram é possível ai tu guarda pra final do ano e a partir desse momento em diante tu vai passar a reservar o teu dinheiro para fazer a tua casa, te organiza. Ela organizou do jeito que eu disse, quando tu for receber o 13º tu não traz ai pra tua casa, tu já vai com o orçamento na estância pega um profissional faz um orçamento de tudo o que tu vai gastar, não te esquece da mão de obra, do material e tu compra o material pra fazer a tua casa, vou te mostrar que tu vai passar o ano na tua casa, ela seguiu tudo aquilo que eu falei pra ela. Quando chegou no final do ano, estava numa casa de madeira macheada, toda bonitinha, passou ano na casa dela não foi preciso banho, não foi preciso ela ir até a minha casa, não foi preciso ela sair da religião dela pra vim pra minha casa, nem mentir pra dizer que ela estava precisando de banho uma coisa assim, nos damos uma palavra amiga isso é um tipo de acolhimento, você aconselhar, escutar a pessoa e orientar essas pessoa a fazer coisas que vai dar certo, sem ser preciso você envolver, botar a você vai jogar búzio pra mim ou uma carta pra eu poder ver se tu vai fazer uma carta não, só pra mim te dar um banho e te cobrar tanto. Eu acho que a palavra amiga assim um conselho, uma orientação sabe que muitas vezes vale tanto se você for fazer um trabalho.”

Tatetu Kalengunzu/ José de Arimatéia “Eu era da casa do Edilson, (...) o Painho, que era de Lembá também, e eu era da Mina na casa dele -, entrei na casa dele em 89 e ai em 95 eu recolhi com pai Edson, que tinha recolhido e iniciado ele, e ai com 6 anos que eu estava lá eu recolhi também, ai foi que eu entrei no Angola - iniciei em 95 e há 5 anos atrás eu recebi o meu Kijingo, né!? já com 10 anos de iniciado eu recebi Kijingo , e eu estou hoje com 15 anos de feitura na Angola, e não troco também a minha nação por nada, adoro a Angola e agora mais ainda, e eu garanto a vocês que vou ter mais força ainda pra buscar mais conhecimentos, sabe!”

Táta Tauadirá/ Edson Santana “Tem todas essas histórias da gente começar a obrigação dia de sexta-feira de madrugada, e terminava de manhã: 6h da manhã, quando eu voltava para o trabalho E aí chegou um tempo que eu disse eu não quero mais e acabou, eu não quero mais essa vida de estar trabalhando e fazendo obrigação. (...) Aí eu decidi fazer por ele isso, no caso o seu Walter fazia tudo pelo santo.(...) e aí muitas das coisas começaram a se definir, uma das coisas foi a minha profissão, hoje em dia sou professor de música num conservatório (...). É na música, no conservatório e outras coisas mais, que eu estudei pela vida. Eu disse assim: caramba se eu tivesse visto isso há mais tempo, eu já tinha feito dessa maneira... mas, o que eu vou querer dizer é que é o próprio orixá que nos encaminha! “

Táta Kinamboji/ Arthur Leandro “Mas enfim, então eles nos dão esse poder maléfico e nos atacam nas emissoras de rádio e de televisão das quais eles são donos, e ai a pergunta: como visibilizar? A pergunta deveria ser como resistir! Nós sofremos intolerância como todo mundo que tá sentado nesta roda, nós sofremos intolerância, nós sofremos racismo institucional (…) Porque para a justiça brasileira nunca é preconceito contra nós! A Constituição nos dá o direito de culto, o direito de consciência religiosa mas o Estado nos reprime, reprime as nossas práticas religiosas e quando a gente reclama alegam ignorância e o motivo é que eles “não sabiam como acontece o culto afro-religioso”. Eles nunca assumem a responsabilidade sobre o ato deles.”

Uma cartografia para a visibilidade do nosso povo!

“A proposta do projeto é a visibilidade para as comunidades tradicionais, então a gente vem desde maio [de 2010] nesse projeto: mapeando, buscando visibilizar nossa cultura tradicional.” - Mametu Nangetu apresentando o capítulo da Nação Angola.
A "Cartografia Social dos Afrorreligiosos em Belém do Pará - religiões afro-brasileiras e ameríndias da Amazônia: afirmando identidades na diversidade" foi lançado durante a XVI Feira Panamazônica do Livro, a mesa de autógrafos contou com a presença dos pesquisadores.
Este projeto foi financiado pelo Programa Nacional de Patrimônio Imaterial do IPHAN, e contou com a participação de pesquisadores das mais variadas formações acadêmicas e vinculados a diferentes universidades, e a categoria “pesquisadores” contemplou tanto formações acadêmicas quanto afrorreligiosos com suas formações, saberes e conhecimentos tradicionais. O saber acadêmico e o saber tradicional coordenando a pesquisa juntos.
Como produto deste trabalho temos um mapa dos afro-religiosos em Belém e este livro, que foi construído a partir de entrevistas em encontros e oficinas ocorridas entre abril de 2010 e fins de 2011 com o objetivo de coletar informaçnoes para produzir o mapa e o livro, geo-referenciando informações que revelam a coletividade e o dinamismo das identidades das nações afrorreligiosas e da Pajelança em Belém do Pará.
A pesquisadora Camila do Valle salientou a participação de lideranças de cada uma das nações representadas na cartogarfia: Angola, Jeje Savalu, Ketu, Mina Jeje Nagô, Umbanda e Pajelança, atribuindo à essas lideranças o papel fundamental de decisão sobre as informações reunidas e os resultados da pesquisa. explicou que o livro contém “os afetos, conflitos, modos de convivência e formas de ocupação e reprodução, no território, dessas identidades coletivas centradas na religiosidade”, e que o mapa tem a localização de terreiros e informações importantes para a compreensão das prátcias das religiões afro-amazônicas presentes na zona metropolitana de Belém como o levantamento detalhado dos espaços sagrados - templos, casas, terreiros, tendas e searas, além da identificação dos locais de coleta de folhas nas matas e de compra de ervas, locais onde a realização de ritos religiosos são tensas e até as situações de conflitos e intolerância religiosa. Camila diz ainda que “podemos dizer que o mapa, entendido como um mapa narrativo, tem aqui, neste livro, espaço para expandir seus elementos de narratividade”. E que ambos, livro e mapa, “são documentos que escolhem, portanto, o critério da narratividade e, portanto, do dinamismo da ação para revelar a construção de sua identidade cultural.” Esta identidade cultural, entendida como patrimônio cultural imaterial, ultrapassa as fronteiras dos municípios diretamente envolvidos na pesquisa, já que as narrativas remetem a outros espaços geográficos e a outros tempos: formas não redutoras de pensar os pertencimentos e os processos de institucionalidade.
Mametu Nangetu disse que o trabalho com a Nação Angola foi gratificante porque lhe deu a oportunidade de visitar os terreiros e conhecer mais profundamente as condições de vida de seu povo. Lembrou a distinção com que foi recebida em cada casa de culto e reafirmou a importância de sabermos quem nós somos e onde estamos, e fez referência à necessidade de afirmação da identidade afro-religiosa para a visibilidade dos terreiros e para o combate à intolerância religiosa.

A luta contra o racismo e formas correlatas de preconceito e discriminação.
“A intolerância religiosa é o novo racismo e muitas comunidades que enfrentaram discriminações raciais durante décadas são agora perseguidas por causa de sua religião”. (Mark Lattimer, diretor da MRG - Minority Right Groups International )

A proclamção da república, no século XIX, separou o estado da religião católica e já na primeira constituição brasileira constava o artigo que garantia a liberdade de culto, mas ao contrário do que se pensa, o que aconteceu com as religiões afro-brasileiras foi o acirramento da repressão e a tentativa de eliminar essas práticas do território brasileiro.
É nesse contexto que os povos e comunidades tradicionais de terreiros das sete nações de origem afro-brasileira que atuam na Região Metropolitana de Belém travam uma luta histórica contra o preconceito e a discriminação, inúmeros são os casos de racismo pela intolerância religiosa que ocorrem cotidianamente na capital paraense. Atitudes preconceituosas são histórias sem fim para quem segue religiões afrodescendente. Luiz Augusto Loureiro Cunha (Pai Tayandô/ Acaoã-Unimaz) recorda dos períodos difíceis das comunidades tradicionais de terreiro no Pará: 1908, quando mães e pais de santo eram proibidos de bater tambor; na década de 30 (1930), lembrada como a maior repressão contra os praticantes das religiões remanescentes da África; e o período da ditadura militar (1964 a 1985), quando foram registradas inúmeras prisões sob alegações diversas. "No dia 18 de março de 1908, a mãe de santo “Doca” foi presa porque batia tambor para Dom José. Ela chegou a ser levada para a delegacia, ficou na cela e depois foi liberada. Mesmo assim, ela voltou para o terreiro e continuou a bater tambor para os seus deuses", conta. Por causa desse gesto de coragem, o dia 18 de Março é lembrado pelos povos e comunidades tradicionais como o Dia Municipal e Estadual da Umbanda e dos Cultos Afros-brasileiros. Noche Navakoly (Mãe Doca) é o símbolo da resistência dos Povos de Tereiros de Belém. Mãe Doca era natural de Codó/MA, filha de santo do africano Manoel-Teu-Santo, seu Vodum é Nana e Toy Jotin, mas também recebia Seu Inambé. Ela foi presa várias vezes e ainda assim não desititu da luta pelo direito à consciencia relgiosa.
Para Mametu Nangetu a mídia fortalece o preconceito existente contra as religiões afro-brasileiras. "Não querem nos respeitar como povos e comunidades tradicionais de terreiro e a mídia reforça esta intolerância" e ao contrário do que se pensa, enfatiza a sacerdotisa, "nós não adoramos o satanás, mas os orixás, que são a natureza". Ela conta que o preconceito é tão grande, ao ponto de quando ela vai trabahar na coleta de ervas na estrada da Ceasa sofre discriminação. Os maiores autores são os vigilantes de prédios públicos, pessoas humildes carregadas de uma carga cultural preconceituosa. "Nunca me expulsaram do local, mas já disseram que eu estaria sendo convidada a me retirar das proximidades do prédio, onde coletava as ervas", relata.

Conhecimento é arma para defesa contra perseguição e promoção do respeito à diversidade religiosa.
A publicação dos resultados desse trabalho revela as características próprias de cada nação, seus locais, formas de cultos e deuses. O mapa aponta, por exemplo, que a nação Umbanda chegou ao Pará por volta da década de 30, trazida pela "Mãe" Maria Aguiar. A nação foi resultado do cruzamento de linhas (sincretismo interno) que acabaram formando uma religião com suas próprias características, agregando-se Pajés e Caruanas, Encantados e Deuses para resultar em uma Umbanda amazônida. Durante uma oficina de Cartografia, realizada em junho de 2010, Mãe Vanda desabafou lembrando que "a Umbanda resiste ao preconceito e reafirma a sua tradição através desse sincretismo"
"A Cartografia Social dos Afrorreligiosos em Belém é o que o governo negou aos afrorreligiosos, que representam uma parcela da população em cerca de 10% e, no entanto, não se estima no censo anual feito pelos centros de pesquisa populacional", afirma Táta Kinamboji, um dos executores do mapa que é sacerdote e professor universiteario, Ele conta, por exemplo, que por não haver educadores afro-religiosos nas instituições de ensino, seja público ou privado, o estigma de que os praticantes das religiões de origem africana continua sendo visto como adoradores de deuses satânicos. Na opinião dele, como educador, somente a partir do momento em que a religião for discutida sem preconceito nas escolas, o fato poderá mudar culturalmente, garantindo assim, o direito das pessoas se manifestarem sem medo de serem identificadas.
Táta Kinamboji ressalta que as comunidades tradicionais de terreiros tem produzido material que pode sim ser utilizado pelos professore para a difiusão de sconhecimentos sobre a cosmologia religiosa afro-amazônica, destaca os filmes de Luiz Arnaldo Campos, especialmene o "Chama Verequete" (dirigido em parceria com Rogeerio Parreira) e o "A descoberta da Amazônia pelos Turcos Encantados", que ganhou o DOCTV-PA de 2005, e a fascículo 3 da cartilha do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia, Movimentos Sociais e Conflitos nas cidades da Amazônia, e argumenta que se as escolas ainda não utilizam esses documentos como material didático é porque a Lei não consegue vencer o preconceito das pessoas que deveriam aplica-la.
Mas para Mametu Nangetu, o que importa saber é se os professores das escolas vão mesmo utilizar os documentos da religiosidade afro-amazônicas para difundir o conhecimento sobre os povos de terreiros, ou se o preconceito e a intolerância religiosa ainda vai tentar confinar estas publicações em prateleiras e arquivos escondidos nos fundos das bibliotecas...

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Comunidade do Mansu Nangetu realiza a Kizomba anual em celebração para Nzumbarandá.















Como é tradição no mês de novembro, no dia 17 o Mansu Nangetu celebrou a Nkisiani Nzumbarandá, divindade que é a razão da preservação das tradições do Mansu Nangetu.
Os filhos de Mametu Nangetu vieram de outras cidades e até de utros estados, e fizeram questão de estar presente em mais este momento de união e demonstração de fé.

O Kijingu de Mametu Vanjulê.



Com um discurso emocionado, Mametu Nangetu anunciou a entrega do Kijingu de Mametu Vanjulê, sua irmã, iniciada há 19 anos, que neste mês passou pelos rituais para se tornar mais uma sacerdotiza do Mansu Nangetu.
Os rituais aconteceram com a participação do Babá Edson Catendê e da Kota Katulunkese, seus pais pequenos.










Intolerância religiosa?! Disque 100!



Sofreu intolerância religiosa?

Disque 100 e faça a denúncia.

Divulgue! Não se omita.