segunda-feira, 26 de abril de 2010

Comunidades se unem para preservar meio ambiente em Ananindeua.

A Irmandade dos Rosário e o Instituto Nangetu, comunidades que se ligam em razão do afeto e mantém relações solidárias há cerca de vinte anos, iniciaram o projeto A magia de Jinsaba – sem folhas não tem ritual, ação conjunta para conter a degradação e preservar a área de mata e as nascentes de água ameaçadas pela expansão urbana sobre o igarapé do Pato Macho.
Área do Pato Macho no Bairro Dona Ana, em Ananindeua.

Aa ações vão acontecer no terreno de moradia da família Rosário, comunidade negra de origem bragantina que migrou para a capital a partir da década de 1980, e que, mesmo na agitação da zona metropolitana, preserva as tradições culturais dos Campos de Bragança, e a área também é o local de oferendas e fonte de coleta de ervas sagradas necessárias aos rituais do Mansu Nangetu.

 Ocupações desordenadas são alternativa de moradia.

O 'Pato Macho' é um lugar no bairro Dona Ana - Ananindeu -, que tem floresta, cacimbas de olho d'água e igarapé, mas que de três anos pra cá sofre com o intenso processo de ocupação desordenada por famílias de baixa renda em busca de alternativas de moradia. Em muito pouco tempo se multiplicou o número de habitantes do lugar, e mudou a característica da área.
Os impactos da ocupação desordenada foram sentidos imediatamente, e são medidos pelo acumulo de lixo na rua e no igarapé, pelo empobrecimento do solo que provoca muitas quedas de árvores na mata que sobrou. Sem falar no que não podemos ver, como a contaminação do meio ambiente por poluentes tóxicos para os mais variados seres vivos e, entre eles, os próprios habitantes do lugar.

O lixo vai parar no igarapé.

A professora Maria José Aviz do Rosário nos conta que “antes das ocupações, aqui tinham algumas chácaras, um clube, uma vacaria que fornecia leite para a vizinhança e poucas casas com famílias que cultivavam hortas - e a maior parte era de floresta mesmo. Agora somos como qualquer outra periferia da zona metropolitana, porém ainda podemos intervir para preservar algumas áreas de mata e os olhos d'água. Pois mesmo tendo reduzido a mata, ainda encontramos andiroba para extrair o óleo, e em menor quantidade a castanha sapucaia, frutos de cajui, de uxi, tucumã... E é comum a freqüência de macacos de cheiro, de jibóias (vistas nos galhos da vegetação da várzea), tucanos (principalmente nos cachos das abacabeiras), papagaios, periquitos, e passarinhos, como sabiás, sanhaçus, japiins, pipiras, pipiras do campo, bem-te-vis, curiós e muitos outros.”.

 Criação tradicional de aves é mantida pela Irmandade dos Rosário.

As atividades contam com o voluntariado dos Mestres das próprias comunidades, e de educadores, ambientalistas e urbanistas, e vai trabalhar com a educação ambiental com as crianças e jovens da comunidade da Irmandade dos Rosário em atividades educativas práticas e teóricas que possam instrumentar a juventude tanto para a produção intelectual crítica, quanto para o manejo que equacione a expansão da cidade, as necessidades de sobrevivência e a preservação da natureza.

 Sementes de andiroba usadas na extração do óleo.

Preservar as nascentes também é meta das comunidades.

O projeto vai promover rodas de conversas sobre a relação das culturas afro-amazônicas com a natureza e a necessidade de preservação das áreas de mata, de nascentes e de igarapés para a manutenção das tradições, e o acompanhamento de técnicos para identificação, seleção e manejo de sementes para construir um viveiro de mudas de árvores de grande porte para substituir aquelas que caem em função das alterações no ambiente e reflorestar a mata.

 Crianças da comunidade em colheita de taperebá.

Mudas artesanais de árvores frutíferas e nativas da mata.

Graviola, fruto cultivado pela Irmandade dos Rosário.

 Laranja da terra também tem grande produtividade.

e de árvores frutíferas, tanto as nativas quanto as adaptadas, para distribuir nas comunidades formadas pelas ocupações vizinhas - pois também vai contribuir com a recuperação de parte da cobertura vegetal do entorno, e ainda fornecer fonte de alimentos para a população.

Fonte: Projeto Azuelar/ Instituto Nangetu – Ponto de Mídia Livre
Texto: Arthur Leandro/ Táta Kinamboji.
Fotos: Arthur Leandro/ Táta Kinamboji e Marcos Leão.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Governo Federal em parceria com Governo Popular lançam mapeamento de comunidades de terreiros na Região Metropolitana de Belém.




Comunidades Tradicionais de Terreiros lotaram o Museu do Estado do Pará.


A Secretaria da Presidência para Promoção de Políticas da Igualdade Racial ( SEPPIR) , o Ministério do Desenvolvimento Social ( MDS), por meio da Secretaria Nacional para Segurança Alimentar e Nutricional em parceria com lideranças afro-religiosas locais e Governo do Estado, que compõem o Conselho Estadual Gestor de Segurança Alimentar lançam em Belém um mapeamento de comunidades tradicionais de terreiros.
Esse mapemaento tem como objetivo fornecer um conjunto de informações precisas sobre essas comunidades , estimadas em mais de 3.200 na Região Metropolitana, para que os governos, e outras iniciativas públicas posssam beneficiar esse público com ações de assistência social básica e cidadania. Essa iniciativa também visa divulgar para toda sociedade informações sobre a atuação das comunidades afro-religiosas, formadoras da cultura brasileira , a fim de garantir as mais diversas formas de religiosidade e políticas públicas.
" É uma iniciativa histórica, implementada para essas comunidades, no sentido do Governo reconhecer e garantir políticas específicas para as comunidades de terreiros, como os direitos à soberania alimentar como todos os povos da nação brasileira", diz o Sub-secretário da Seppir, Alexandro Reis.
"Nesta fase inicial, vamos contemplar 4 cidades, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife e Belém , como grandes pólos estratégicos para esse mapemaento, e como projetos de atuação-piloto de programas de Segurança Alimentar, beneficiando comunidades tradicionais que vamos saber onde estão, quem são e poder atacar com mais precisão com políticas sociais no país", afirma Crispim Moreira ( MDS), Secretário Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional.
O evento foi realizado no Museu do Estado do Pará, e cerca de 600 pessoas de comunidades tradicionais de Belém,Mosqueiro, Ananindeua participaram do encontro.
"E o Conselho Gestor do Pará teve um papel estratégico para escolha de Belém nessa etapa do mapeamento, já que vamos poder avaliar com mais dados nossas demandas" ,afirma Mãe Nalva, membro do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e do Conselho Gestor no Pará.
O Governo do Estado apóia a iniciativa e participa do Conselho estadual de Segurança Alimentar, " e vemos esse programa como uma necessidade ímpar para nossa região, já que aqui habitam milhares de comunidades de terreiros, e que precisamos dar respostas a longo prazo, assim como saber respeitar a diversidade religiosa , tem sido uma bandeira deste governo", fala Valmir Bispo, Superintendente da Fundação Curro Velho, que representou neste evento a Exma Governadora , Ana Jùlia Carepa.

O mapeamento vai ser realizado por uma ong ( Filmes de Quintal), que foi escolhida em licitação pública, e deve concluir os trabalhos até dezembro de 2010.
Frente afro-religiosa para cidadania - PA.
Imprensa: Keyla Negrão
Fotos: Marcos Barbosa




terça-feira, 20 de abril de 2010

SECULT-PA premia Cineclube Nangetu

Entre as trinta e cinco organizações sociais que foram contempladas pela Secretaria de Cultura do Pará através do Edital Cine Pará Mais Cultura, está o Terreiro que se
tornou referência de Cinema e vídeo, e a premiação no Edital
garante a consolidação do Mansu Nangetu como o espaço de exibição
e produção audiovisual que atende Comunidades Tradicionais de
Terreiros.



O cineclube exibiu clássicos do cinema brasileiro, como "O amuleto de Ogum".

O Cineclube Nangetu faz parte do Projeto Azuelar, palavra que significa “fazer barulho”, e foi através do “Azuelar” que o Instituto se tornou Ponto de Mídia
Livre, em meados do ano passado. O Projeto Azuelar funciona há
cinco anos e promove a comunicação social experimental e
comunitária para as religiões afro-amazônicas.

Elizandra Rodrigues - a Kota Mazakalanje -, estudante de 18 anos que coordena o cineclube, diz que os filmes são escolhidos “prioritariamente pela temática
afro-brasileira”, e explica que “com isso valorizamos a
afro-brasilidade assim como a comunidade afro-religiosa”. São
documentários sobre as relações com a África, sobre
personalidades afro-brasileiras, sobre a visão preconceituosa que a
cristandade tem da afro-religiosidade, sobre a cultura produzida nos
terreiros, até documentários sobre a cosmologia afro-amazônica e
sobre o cotidiano do Mansu Nangetu.




Filmes paraenses também estão na Programação, como o "Chama Verequete", de Luiz Arnaldo.



Ela acrescenta que também tem filmes que tratam da construção da imagem do negro e da religiosidade afro-brasileira na nossa sociedade, abordagens da condição
socio-econômica, moradia, violência e resistência política e
cultural. E continua dizendo que “também trazemos temas de
cidadania, como a discussao da condição feminina, temas de meio
ambiente e outros”. Ao fim de cada exibição o cineclube promove
uma roda de conversas para discutir os assuntos tratados nos filmes.



Exibição do filme "Atlantico Negro", relação Brasil África em foco.



Com a premiação no Edital estadual do Cine Mais Cultura, o Instituto Nangetu receberá kit com telão (4mx3m), aparelho de DVD player, projetor digital, mesa de som de
quatro canais, quatro caixas de som, amplificador, dois microfones
sem fio, dentre outros equipamentos necessários para garantir a
qualidade das exibições para melhor atender o público, e 104 DVDs
de obras brasileiras do acervo pertencente ao catálogo da
Programadora Brasil.