segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A luta pela liberdade religiosa no estado do Pará tem nome, e o nome dessa luta por liberdade é “Mãe Doca”!

O dia 18 de março foi dedicado aos umbandistas e aos afro-religiosos através da Lei Municipal nº 8272, de 14 de outubro de 2003 (autoria do vereador Ildo Terra/PT) e da Lei Estadual nº 6.639, de 14 de abril de 2004 (autoria da deputada Araceli Lemos/ PSoL) e registra a luta de de dona Rosa Viveiros, Também conhecida como Nochê Navanakoly e como “Mãe Doca”

A homenagem é uma celebração à memória da luta de Nochê Navanakoly, que era maranhense de Codó e filha de santo do africano Manoel-Teu-Santo. Seu Vodun era Nanã e Toi Jotin. Foi Dona Rosa Viveiros, que em 1891 - apenas três anos após a abolição da escravatura - enfrentou o racismo e outros preconceitos da época e inaugurou seu Terreiro de Tambor de Mina na capital paraense. 

Mãe Doca foi presa várias vezes porque cultuava as divindades africanas e preservava as tradições de matriz afro-amazônica, e nem por isso desistiu de manter aberto o terreiro que dava lugar para a manutenção das tradições de sua origem negra africana.

A consciência negra foi o que motivou Mãe Doca a enfrentar os desmandos da polícia e o poder constituído em alicerces racistas e discriminatórios. E pelo reconhecimento do valor da luta de Mãe Doca por cidadania e o direto humano de consciência religiosa, é que as lideranças de povos tradicionais de matrizes africanas, lideranças que hoje continuam como herdeiros da mesma resistência que desde o final do século XIX se mantém na luta que enfrenta o racismo que demoniza as tradições afro-amazônicas, e por reconhecer a importância de manter viva  a memória de nossas lutas cotidianas, é que Mãe Doca se tornou o símbolo de resistência das religiões de matriz africana no Pará, e é em sua homenagem que celebramos o dia 18 de março como o dia da Umabanda e das religiões Afro-brasileiras.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Resenha: FARFALHANDO A CARTOGRAFIA DA COR NEGREIRA.

FARFALHANDO A CARTOGRAFIA DA COR NEGREIRA
Por Socorro Patelo
Resenha do livro Cartografia social dos afrorreligiosos em Belém do Pará.
-->
VALLE, Camila do (Org.) et all. 
Ed: Rio de Janeiro, Belém: Casa 8, IPHAN, 2012. 190p .



        De início pensei em encontrar mapas, pensando em cartografia como arte de compor mapas, no caso mapeamento social dos afrorreligiosos de Belém. Mas me deparei com um quadro social descritivo das diversas comunidades religiosas de origem africana, que, de uma forma anti literária, traduzem suas experiências místicas e o conflito entre o mundo de seus deuses e o mundo político dos brasileiros, onde estão inseridos.
Reunidos em terreiros – palavra portuguesa para área de terra – que em yoruba é egbe; ou casa (ilé, ou ilé axé, casa de axé), ou como dizem os pertencentes à nação Angola (manso, Abassá, inso ou cazuá Ngunzo-Ngunzo); ou o chamado barracão, onde eles colocam em xeque os discursos historicamente estabelecidos como lógicos, que se pretende fixar e explicar objetivamente.
Quando os povos africanos vieram para o Brasil, a intenção é que perdessem tudo: liberdade, família, língua, nação, tribo a que pertenciam e tudo o mais que poderia identifica-los como pessoas. A tragédia social que viveram teve a fé em suas divindades, como único sustentáculo e força de preservação de humanidade e valores civilizatórios. Foi a fé que manteve (e mantém) suas identidades, ainda que, com o decorrer do tempo tenha havido sincretismo, mudanças em suas práticas, através da mútua influência das várias nações, dos vários dialetos que falavam, assim como de outros povos oprimidos, como os povos indígenas.
A desconstrução de suas identidades levou-os à construção de uma identidade religiosa e cultural (africana) formada das diversas nações (Umbanda, Mina Jeje Nagô, Angola, Keto Jeje Savatu e a Pajelança). Eles se reconstroem nos terreiros, dando significados às suas próprias vidas, na cena de seus signos sagrados, sua música e sua dança (uma espécie de dança de roda de Angola, que em banto era semba, ou samba, na língua quicongo e na língua umbundu, significava "agitado"),assim como em seus adereços (colares, pulseiras, tiaras etc.).
Em cada detalhe, esses povos também se reconstroem em uma África brasileira e amazônida. A terra de origem tem o caráter mágico no papel de um elemento crítico e valorativo. O mágico é a dimensão da origem. Eles são africanos, ainda que tanto tempo tenha se passado. Sua origem não foi perdida com a tentativa de desconstrução social. No interior dos terreiros, eles detêm um conhecimento que não lhes pertencem e que é passado às gerações posteriores através da oralidade e da memória. É Ifá (o oráculo) quem profetiza e dá as orientações e desejos dos orixás (entre os Yorubas) ou Jinkisis (entre os de Angola), pois tudo tem um segredo divino. “Tudo tem fundamento e tudo tem um tempo.” Nada há de natural na natureza. Ela é ao mesmo tempo cultural, natural e divina.
Mas para a socierdade brasileira o caráter de suas comunidades foi lapidado nos preconceitos, na intolerância social, na repressão, na incompreensão e nas violências que sofreram e que ainda hoje sofrem como demonstram seus depoimentos. Ainda assim, preservam suas tradições. Mesmo que a complexidade de suas relações e diferenças ritualísticas manifestados nas várias nações e segmentos, eles se adequam às circunstâncias políticosociais, buscando cidadania, liberdade de expressão, liberdade religiosa, o direito de oferecer suas oferendas aos seus orixás, de confortar doentes em hospitais, de cultuar os ancestrais nos cemitérios.
O mapeamento tem por base a visualização dessas diversas nações e seu fortalecimento como religião, buscando minimizar os distanciamentos que impedem a aceitação de culturas diferentes, combatendo a discriminação religiosa, melhorando a relação entre suas próprias comunidades e ainda, buscando interação com população. Na visibilidade social e política, eles tem procurado sair do anonimato a que foram relegados para mostrar que, como toda religião verdadeira, também buscam a paz, a harmonia social, promovem trabalhos sociais, inclusive filantrópicos e merecem o respeito dos demais.
Os depoimentos contidos no livro são importantes como objeto de estudos, seja na área de direitos humanos, posto que seus personagens clamem serem justiçados e verdadeiramente legalizados; seja na área da política democrática, sinônimo de igualdade; seja nas dimensões culturais da antropologia, pesquisando-se a relação identidade e alteridade; seja porque contém rico material para o campo de pesquisa da psicologia social e os fenômenos de grupos – algozes e/ou vítimas – de racismo, fanatismo, linchamentos, perseguições, etc., podendo abranger estudos da sociologia, da ciência política, da pedagogia (vide Paulo Freire, Pedagogia do Oprimido) e da filosofia, que reflete sobre toda atividade humana, na busca de seu significado.
O grupo de afrorreligiosos é como “Macunaíma” de Mário de Andrade, que nasceu “preto retinto e filho do medo e da noite”. Na atualidade, o medo que os acuava está se expondo à sociedade, para que esta possa conhecer a riqueza desse grupo que manifesta sua visibilidade. Para compreendê-los é preciso imergir em sua cultura, desfazendo o ofuscamento social secular.
Com essa cartografia, eles esperam que Marx tenha razão, e que “tudo que é sólido se desmanche no ar”, fazendo ruir o sólido império do preconceito e da discriminação que os situa na exclusão social prejudicial aos seus direitos humanos mais fundamentais de igualdade e de liberdade.

São Paulo/SP, fevereiro de 2013.

Socorro Patello
Profa. de Filosofia aposentada/ UFPA

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Chamada para participar do projeto “Artistas de Terreiro”.

O Instituto Nangetu apoia a realização deste projeto e tem o maior interesse em inserir os artistas do Mansu Nangetu nas articulações entre artistas de terreiros e o Grupo de Estudos e Pesquisa Rodas de Axé.
 
Chamada para participar do projeto “Artistas de Terreiro
O Grupo de Estudos e Pesquisa “Rodas de Axé”, com apoio do Grupo de Estudos Afro-Amazônicos e da Casa Brasil África da UFPA, convida você, membro de Comunidades dos Povos Tradicionais de Terreiros da zona metropolitana de Belém e cidades vizinhas para participar do Projeto “Artistas de Terreiro”, e para produzir arte, sentidos e sentimentos afro-amazônicos que falem da cosmologia dos Orixás, Inkisses, Voduns, Cabocos, Espíritos e Encantados, e dos valores preservados pelas tradições afro-brasileiras na Amazônia.

Critérios:
Ser de comunidade de terreiro iniciado ou não, e trazer uma declaração de pertencimento de comunidade de terreiro (de preferência assinada pelo/pai ou pela mãe de santo)
Apresentar um Pequeno Porta-folio (de 3 a 5 imagens/ textos/ Clipping ou Catálogos sobre a sua produção artística)
Assinar a carta de aceite declarando que conhece e aceita participar do projeto "Artistas de terreiro"

Programação:
15/02/2013 – Reunião de Preparação: Apresentação do Projeto e Seminário: Arte e estética na brasilidade afro-amazônica
04/03 a 06/03 - Montagem da exposição na Galeria Teodoro Braga
07/03/2013 – Abertura da Exposição na Galeria Theodoro Braga
14, 21 e 22/03 – “Rodas de conversa na galeria”
01/04 a 02/04 - Desmontagem

Telefone: (91) 3201-8365
Local: Laboratório de Antropologia Arthur Napoleão Figueiredo – UFPA

1ª atividade 
 
laboratório de discussão e produção 

em artes visuais
no dia 15 de fevereiro das 9 as 17h no Laboratório de Antropologia da UFPA, Campus José da Silveira no Guamá , Belém/PA.
Apresentação do Projeto “Nós de Aruanda – Artistas de terreiro”, de exposição na Galeria Theodoro Braga das produções artísticas e produções culturais de pessoas que estejam ligadas às comunidades de terreiro.
A proposta é fazer um laboratório de discussão e produção em artes visuais e articulação de artistas de terreiro, que serão expostas em galeria de arte no mês de março/2013, para promover e divulgar o simbolismo imagético produzido dentro dos terreiros. Vamos fazer uma exposição poética afro-brasileira com enfoque na cosmologia religiosa em comemoração pela passagem do dia 18 de março e em homenagem à Mãe Doca. No passado homens e mulheres, como Mãe Doca, que no início do século XX, lutaram para poder realizar seus cultos e manter viva a memória de orixás, inkisses, voduns, espíritos, encantados e entidades. E foi Mãe Doca, que em Belém, realizou o primeiro toque e por isso foi presa, e por não ter abdicado da sua fé, tornou-se símbolo do dia de hoje, 18 de março, que celebra os cultos e religiões afro-brasileiras existentes no Pará. (obs: o laboratório acontecerá de manhã e de tarde e teremos almoço ao preço de 3 reais no restaurante universitário)

Exposição 
“Nós de Aruanda – artistas de terreiro” 
Resumo: Exposição coletiva com curadoria coletiva na Galeria Theodoro Braga do CENTUR. Publicação de catálogo virtual disponível para download pela internet. Articulação entre pesquisadores de religiões Afro-amazônicas com artistas pertencentes à comunidades de povos tradicionais de terreiros.
Aruanda”é uma palavra que permanece no imaginário afro-brasileiro como uma espécie de Paraíso. A palavra habita cantigas de brincadeiras de roda, em jogos de capoeira, em rezas e cantos religiosos, em manifestações de cultura popular e outras situações em que os povos negros têm importância na construção da cosmologia do lugar e seu povo.
Nós de Aruanda – artistas de terreiro” brinca com os sentidos que essa expressão pode ter: de quem, ou de quais nós, nós estamos falando? Talvez o que queiramos seja nos debruçar sobre esses enlaces emaranhados desses nós que, ao fim, significa a busca por conhecer esse rico universo numa perspectiva diferenciada: a pesquisa e o estudo como ferramentas para conhecer,descobrir, divulgar e defender a riqueza das culturas e religiões de matriz africana e suas correlações com as muitas Áfricas que inventamos no Brasil.
Convidamos a todos para juntos tocarem os tambores de Aruanda, de Ilu Ayê, dos Quilombos, das Comunidades Tradicionais de Terreiros, das Capoeiras, do Jongo, do Lundu, do Carimbo e do Caxambu.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Me deu até vontade de desfilar!


Nossa, eu não sabia que era assim, me deu até vontade de desfilar.... Com essa frase Luah Sampaio iniciou o debate após a sessão do filme "Barracão, um olhar carnavalesco", de Waldir Xavier. Mametu Nangetu aproveitou e convidou logo para Luah desfilar na Deixa Falar, escola de samba presidida pelo Tatetu Dianga Muxi, e depois começou a relatar as estórias de construçnao de carnaval. Contou dos relatos do próprio Dianga Muxi e do Marquinho da Boêmios da Vila Famosa de Icoaraci.
A conversa foi chegando no envolvimento dos filhos do Mansu Nangetu com as escolas de samba de Belém - a Deixa Falar, a Embaixada de Samba do Império Pedreirense, o Bole-Bole - , e nos preparativos para o desfile do próximo dia 9 de fevereiro. Táta Kinamboji falou que o Projeto Azuelar está se preparando para o carnaval e montando equipe de cobertura do desfile, e que pretende ampliar o registro da participação dos povos tradicionais de matrizes africanas em cada uma das escolas de samba do grupo especial.

A programação de filmes de carnaval do Cineclube Nangetu continua nesta quarta com o filme "Nossa escola de samba" de Manuel Horácio Gimenez; e quinta-feria com "Natal da Portela" de Paulo César Saraceni. Sempre as 18h.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

SEPPIR promoveu Oficina de Formação Sobre o Sistema de Convênios.

Dias 28 e 29 de janeiro de 2013 aconteceu a oficina de formação sobre o sistema de convêios do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, o SINCOV.   A  oficina foi promovida pela SEPPIR  nas dependências do Centro de Eventos e Treinamento da Confederação Nacional de Trabalhadores do Comércio/ CET-CNTC.
A SOLAR ministrou a formação e o fez em duas etapas, a primeira foi de elaboração, gestão e acompanhamento de projetos, e nessa fase o instrutor da apresentou a estrutura para elaboração de projetos, explicando o significado de cada um dos ítens e explicando como funciona a avaliação das propostas. Em seguida os participantes se dividiram em grupo e apresentaram um esboço de proposta a partir de um contexto social pré-definido.

A segunda etapa da formação foi um tutorial para cadastramento de projetos no SINCOV, e a instrutora apresentou slides com fac-simile das telas com as etapas de cadastramento on-line, explicando passo-a-passo como devemos proceder em cada um desses passos de cadastramento.

Táta Kinamboji e Mãe Nalva d'Oxum, que participaram da oficina, consideraram o processo de cadastramento no SINCOV muito complicado. Kinamboji comentou que o sistema poderia ser pensado para ser acessível, disse que a complexidade do sistema é o primeiro passo para a exclusão. A solução proposta por eles foi um acordo de reunir as organizações dos Povos Tradicionais de Matrizes Africanas da zona metropolitana de Belém em uma "força tarefa" para unir todos os membros de comunidades de terreiros capacitados para enfrentar o sistema, e tentar vencer a burocracia de cadastramento em projetos conjuntos que envolvam várias comunidades nas atividades propostas.


Serviço:
O SINCOV oferece um tutorial online, para conhecer clique aqui
A oficina foi ministrada por profissionais da SOLAR Consultoria.

Lideranças tradicionais de matrizes africanas programam os festejos para o 18 de março.

Uma reunião de lideranças de comunidades dos povos tradicionais de matrizes africanas elencou as atividades importantes para marcar a passagem do dia 18 de março em Belém e algumas cidades do estado do Pará, e com essa reunião se anuncia a possibilidade de uma programação que vai ocupar o mês de março inteiro para manter viva a memória de Mãe Doca.


18 de Março - Em memória de Mãe Doca é o "Dia Municipal (Belém) e Estadual (Pará) da Umbanda e das Religiões Afro-Brasileiras".

O dia 18 de março foi dedicado aos umbandistas e aos afro-religiosos através da Lei Municipal nº 8272, de 14 de outubro de 2003 (autoria de Ildo Terra) e da Lei Estadual nº 6.639, de 14 de abril de 2004 (autoria de Araceli Lemos) e registra a luta de de dona Rosa Viveiros, Também conhecida como Nochê Navanakoly e como Mãe Doca, que era filha de santo do africano Manoel-Teu-Santo e seu Vodun era Nanã e Toi Jotin.
É Dona Rosa Viveiros, que em 1891 - apenas três anos após a abolição da escravatura - enfrentou o racismo e outros preconceitos da época e inaugurou seu Terreiro de Tambor de Mina na capital paraense. Mãe Doca foi presa várias vezes porque cultuava as divindades e preservava a religiosidade afro-amazônica, e nem por isso desistiu de manter seu Templo Afro-religioso aberto. Mãe Doca se tornou o símbolo de resistência das religiões de matriz africana no Pará, e é em sua homenagem que o dia 18 de março se tornou o dia da Umabanda e das religiões Afro-brasileiras.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana é vitória na luta contra o racismo

Depois de um ano de trabalho e articulação – o que envolveu a criação de comitê interministerial coordenado pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), por meio de sua Secretaria de Políticas para Comunidades Tradicionais (SECOMT) – foi lançado na noite de terça-feira, 29, o I Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana. A política é um instrumento de planejamento e implementação das ações prioritárias para as comunidades de matriz africana. O evento aconteceu no Salão Negro do Palácio da Justiça, em Brasília.
 

matriz5

Apresentado por Silvany Euclênio, secretária para Comunidades Tradicionais, o plano foi construído com base no Plano Plurianual (PPA 2012-2015) e reúne um conjunto de políticas públicas que buscam a garantia de direitos, a proteção do patrimônio cultural e da tradição africana no Brasil. Além do enfrentamento à extrema pobreza com ações emergenciais e de fomento à inclusão social produtiva e Desenvolvimento Sustentável.
A SEPPIR coordena o grupo de trabalho responsável pela execução, monitoramento e revisão do plano e que agrega os Ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Meio Ambiente, Saúde, Educação, Cultura, Planejamento, Orçamento e Gestão, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Fundação Cultural Palmares, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Emoção - Após a assinatura do Plano pela ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, os representantes de comunidades de matriz africana, com suas vestes tradicionais e coloridas, tocaram tambores e entoaram cânticos e saudações em diferentes idiomas africanos, emocionando o público.

Para a ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, o evento representou, mais do que um motivo de comemoração, o fechamento de uma etapa de um trabalho árduo e, a abertura de outra. “Concluir a atividade é uma conquista, mas vai nos abrir outros desafios. A partir de agora, temos que sair em busca da execução de todas as ações previstas”, disse.
 

matriz4
matriz2     matriz6 
matriz1     matriz3     matriz4 matriz4
matriz2
Mais de 300 pessoas participaram da solenidade, entre autoridades governamentais e de matriz africana, além de representantes de instituições não-governamentais, da sociedade civil e de órgãos de promoção da igualdade racial de todo o Brasil. Membros do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR) também participaram.
Mesa – Além da titular da SEPPIR, Luiza Bairros, participaram da mesa de abertura do evento, as ministras Eleonora Menicucci (Políticas para as Mulheres), Maria do Rosário (Direitos Humanos) e, representantes das três maiores tradições africanas presentes no Brasil, Ketu, Jejê e Angola, Ogã José de Ribamar Feitosa Daniel – Pai Ribamar, Ogã Edvaldo de Jesus Conceição – Ogã Buda e Makota Valdina, respectivamente.
Também fizeram parte da mesa Eloi Ferreira, presidente da Fundação Palmares, deputados federais Luiz Alberto, presidente da Frente Parlamentar Mista pela Igualdade Racial em Defesa dos Quilombolas e, Érika Kokay, presidente da Frente em Defesa das Tradições de Matriz Africana, Márcia Rollemberg, secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, Vânia Castiglioni, diretora-executiva de Administração e Finanças da Embrapa, Louise Henriques Ritzel, secrétaria-adjunta do Patrimônio da União.
Desdobramentos - Provocar o judiciário para que a imunidade tributária assegurada a templos religiosos pela Constituição Federal seja estendida também às casas de matriz africana. Essa foi a promessa feita por Deborah Duprat, vice-procuradora geral da República, em sua fala durante o lançamento do Plano.
De acordo com Débora, a laicidade do Estado não significa que ele seja contra a vivência das culturas de cada cidadão. “Mas se conferir um privilégio a uma, terá que fazer o mesmo com as demais. E essa imunidade não incide sobre os terreiros”, diz. A jurista assegurou que não vai levar muito tempo para que uma ação nesse sentido seja impetrada no Supremo Tribunal Federal. “Não depende só de mim, mas acredito que isso é uma coisa para se fazer muito rapidamente”, afirmou.

Fotos: Agência Brasil