Mametu Nangetu abriu a roda de conversa dizendo que conheceu lideranças de quebradeiras de babaçu no projeto Nova Cartografia Social da Amazônia, e que é muito gratificante exibir filmes sobre as comunidades tradicionais de povos amazônidas.
Celi Abdoral, militante da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos - SDDH -, lembrou de expressões populares de sua infância, como "vai catar coquinhos" ou "tu estás fedendo à nego", para falar do contexto das babaçueiras e dizer que não dá pra separar as questões de racismo e outras questões afro-brasileiras da questão de gênero e questões de classe. Disse que na cadeia produtiva aquelas mulheres negras que catam o babaçu são as que ganham menos e estão na base da pirâmida social. Falou do Tempo no filme, um tempo completamente diferente da correria dos fast foods e twitter, e concluiu que o filme nos faz transceder ao tempo delas.
O tempo do filme também fez parte da fala de Milton Kanashiro, amante de cinema e pesquisador da EMBRAPA que relacionou o tempo da narrativa com o trabalho de outros artistas e chamou a atenção para a plasticidade das imagens.
Já Táta Kinamboji disse que o que mais chamou a sua atenção foi a sonoridade e o uso de ruidos do cotidiano que poéticamente são transformados em música, "o que à princípio era um ruído e aí vai se transformando em música e vai virando uma outra experiência estética". Ele também se reportou às metáforas e da associação das imagens do coco (e do leite) do babaçu ao seio das mulheres, ao que os artistas Romário Alves e Luah Sampaio acrescentaram a 'metáfora do corpo' da mãe árvore- o corpo da árvore do babaçu como o corpo das quebradeiras, as folhas com os cabelos e que tudo alío tinha relação, relação da vida delas com a vida da árvore.
O artista Lucas Gouvea falou da multiplicidade do corpo, do "o que dá pra se fazer com o mesmo", e falou do filme "A revolução dos cocos", uma estória que se passa na Austrália, e disse que os dois filmes se assemelham muito nessa coisa de extrair o máximo de poesia de coisas simples.
Milton e Celi se referiram, então à questão da "solidão". Falaram da solidão expressa no filme como a solidão do feminino - uma solidão curtida e marcada, e que apesar da falta de diálogos no filme, a fala delas está sempre presente.
"Elas são muito faladeiras, e são muito aguerridas na defesa dos babaçuais livres, e esse documentário mostra uma outra forma de ver essa mulher quebradeira de coco", falou uma das pesquisadoras do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia que trabalhou na cartogtrafia das quebradeiras de babaçu, disse também que conhecia um outro documentário, o "Razão e afeto", e que neste de Evaldo Mocarzel o silêncio fala tudo - o silêncio relatando as lutas pelos babaçuais.
Celi tomou a palavra novamente para falar da apropriação que o mercado faz do discurso das lutas das comunidfades tradicionais, falou da realidade de outras mulheires catadeiras - as catadeiras de andiroba, e das dicotomias do discurso que a Natura faz através da série Natura Ekos,
Por fim, a equipe do Cineclube Nangetu convidou os presentes à voltarem na sessão do dia 20 de abril, que no mesmo horário fará a estréia do filme "À margem do Lixo", também do cineasta Evaldo Mocarzel.
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