segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Rituais de Purificação para o Ano Novo com Banhos e Defumações.




Comece o novo ano com bons fluídos e energizado!
Participe da cerimônia de purificação pessoal para o ano novo com banhos energizantes feitos de ervas amazônicas e defumações especiais no Mansu Nangetu.
Agende sua purificação a partir do dia 26 de dezembro de 2011.
Local: Terreiro Mansu Nangetú Mansubando Kuenkuê Neta
Endereço: Travessa Pirajá, 1194 (entre 25 de setembro e Duque) Bairro Marco
Contatos: (91) 3226-7599  Mãe Nangetú

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Intolerância Religiosa - Tentativa de impedimento à ritual afro-religioso.

Táta Kasuleka (Mansu Nangetu) mandou para o blog esta foto da viatura da empresa particular de segurança tentando impedir a coleta de folhas na mata da CEASA.
A foto é antiga (entre dezembro de 2007 e janeiro de 2008), mas a prática de constranger os religiosos permanece até os dias de hoje.

Táta Kasuleka coleta folhas sob a vigilância de viatura de empresa particular de segurança na Mata da CEASA. Foto: Táta Kinamboji/ Projeto Azuelar - feito de celular, tecnologia do possível.



À virada do Tempo! Que Kitembu mostre ao mundo aquilo que somos...


quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

À virada de Tempo! Boas Festas: Que a sabedoria de Tempo abençoe à todos...

Mametu Nangetu e Mametu Muagilê negociaram com a SEJUDH-PA a regularização de Terreiros como Templos Afro-religiosos.

Mametu Nangetu (esquerda) com o Secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos, José Acreano Brasil Junior (centro), e Mametu Muagilê (direita) reuniram no gabinete do secretário na SEJUDH. (foto de celular, tecnologia do possível/ Projeto Azuelar).




Nesta terça-feira (20) pela manhã o Secretário de Estado da Justiça e Direitos Humanos, Dr. José Acreno Brasil Jr., recebeu Mametu Nangetu e Mametu Muagilê, representantes do Candomblé de Angola (sociedade civil organizada) no Conselho Estadual de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, em uma reunião cuja pauta foi políticas públicas afirmativas para os povos tradicionais de terreiros do Estado do Pará.
As duas conselheiras  levaram a questão da legalização juridica dos Terreiros como Templos Afro-religiosos como a necessidade mais urgente a ser atendida, e apresentaram ao secretário as ações do FORUMPUAR - Fórum Paraense de Umbandistas e Afro-Religiosos - infoprmando que as organizações dos terreiros já haviam buscado parceria com o Grupo de Estudos Afro-Amazônicos GEAAM/UFPA e com a Comissão de Igualdade Racial da OAB-PA, para iniciar um processo de legalização jurídica dos terreiros, e comunicaram ao secretário que que já haviam iniciado uma conversa nesse sentido com o governo anteiror e que 18 terreiros haviam apresentado a documentação nencessária para que a Comissão de Igualdade Racial da OAB-PA iniciasse o processo que já tramita na Ação Social Integrada do Palácio do Governo - ASIPAG.
Durante a reunião, foi acordado que a Sejudh promoverá a regularização jurídica de seis terreiros Afro-religiosos e de Umbanda.  “Com esse trabalho (legalização), poderemos fortalecer essas comunidades para que estas possam captar recursos. Outra articulação da Sejudh será destinada a promover um seminário para destacar a importância da não discriminação desses povos, e valorizar a colaboração que essas comunidades tem na questão social. Afinal, estas atuam no acolhimento de pessoas que estão mais vulneráveis, como: crianças, adolescentes, homossexuais, mulheres vítimas de violência”, explica.

A Secretaria pretende articular ainda a legalização de mais 20 terreiros. Esse processo de legalização já representa uma grande conquista para essas comunidades, já que representantes como Mametu Nangetu afirmam sofrer com o preconceito dos segmentos fundamentalistas cristãos. “Nós passamos por discriminações pelo desconhecimento da sociedade diante da nossa cutura. O nosso povo tem direitos também”, ressalta ela.
O desconhecimento sobre os Povos Tradicionais de Terreiros foi apontado como dado que dificulta a elaboração de políticas públicas para os afro-religiosos, Mametu Muagilê ressaltou que tanto o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome quanto o Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia haviam realizado mapemento recente nos terreiros, e que pelas informações obtidas na zona metropolitana de Belém é possível estimar que os Povos de Terreiros representam entre 7,5 e 10% da população da capital paraense, e Mametu Nangetu acrescentou que esses dados só serão precisos quando o IBGE tratar da nossa população com seriedade e fizer as perguntas sobre o nosso povo no formuleario padrão dos próximos censos.

Texto: Táta Kinamboji/ Projeto Azuelar - Insituto Nangetu/ Ponto de Mídia Livre.
Fontes: Mametu Nangetu e Ascom Sejudh

Comissão Nacional de Povos de Terreiro: territórios de matrizes africanas. em Brasília/Sep...

Bom dia irmãos,
No encontro territórios de matrizes africanas. em Brasília/Sepir , nos dias 14 e15 de dezembro, tive a certeza de que estamos avançando. Merece destaque para esta iniciativa o empenho de Silvany e Nilo. Esperamos que nossas ações sejam implantadas. Teremos a oportunidade de termos atividades que resultem em acompanhamento das metas que foram tiradas do encontro.
É difícil delimitar nosso Território:
O Universo e os Orixás são todos os lugares. Fazemos parte deste imenso organismo territorial. Desta forma, nosso território está diretamente ligado ao nosso lugar de culto, ou seja toda natureza e cultura.
Um exemplo a ser seguido é Mãe Lucia de Oxum, da Paraíba, que nos ensina, com sua graciosidade, como reagir à intolerância com uma ação simples. Ela carrega em sua bolsa uma imagem de Oxum, para que seja posta em lugares públicos que teimam em promover a intolerância religiosa,quando põe símbolos cristãos em repartições publicas, ela relembra como fizemos para chegar até aqui, com muita ginga.

Pra ver a postagem inteira, acesse o link http://povosdeterreiro.blogspot.com/2011/12/territorios-de-matrizes-africanas-em.html?showComment=1324478999851#c5911573125970134628
Comissão Nacional de Povos de Terreiro: territórios de matrizes africanas. em Brasília/Sep...: Bom dia irmãos, No encontro territórios de matrizes africanas. em Brasília/Sepir , nos dias 14 e15 de dezembro, tive a certeza de que es...

domingo, 18 de dezembro de 2011

Em nome do ensino sem preconceitos, Povos Tradicionais de Terreiros produzem cartografia para ser utilizado nas escolas.

Domingo passado, dia 11/12/2011, na sede do IPHAN em Belém, aconteceu o pré-lançamento do mapa da “Cartografia Social dos Afro-religiosos em Belém do Pará, religiões afro-brasileiras e ameríndias da Amazônia: afirmando identidades na diversidade", um mapa com a localização de terreiros e informações importantes para a compreensão das prátcias das religiões afro-amazônicas presentes na zona metropolitana de Belém.
A equipe de pesquisadores foi composta pelas lideranças de terreiros de Belém e Ananindeua.

Com a pesquisa pronta, o pré-lançamento do mapa, e a notícia de que o livro está à caminho da gráfica, o desafio agora é romper o preconceito dos professores e do corpo técnico e administrativo da rede de ensino para convence-los a utilizar os produtos resultantes dessa pesquisa na aplicação da Lei 10.639/03 nas escolas do estado do Pará.
Táta Kinamboji ressalta que as comunidades tradicionais de terreiros tem produzido material que pode sim ser utilizado pelos professore para a difiusão de sconhecimentos sobre a cosmologia religiosa afro-amazônica, destaca os filmes de Luiz Arnaldo Campos, especialmene o "Chama Verequete" (dirigido em parceria com Rogeerio Parreira) e o "A descoberta da Amazônia pelos Turcos Encantados", que ganhou o DOCTV-PA de 2005, e a fascículo 3 da cartlha do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia, Movimentos Sociais e Conflitos nas cidades da Amazônia (clique aqui para baixar a cartilha), e argumenta que se as escolas ainda não utilizam esses documentos como material didático é porque a Lei não consegue vencer o preconceito das pessoas que deveriam aplica-la.
Povos de terreiros se reunem para construir conhecimento sobre a religiosidade afro-amazônica.
O livro e o mapa da pesquisa “Cartografia Social dos Afro-religiosos em Belém do Pará, religiões afro-brasileiras e ameríndias da Amazônia: afirmando identidades na diversidade" serão lançados em 18 de março de 2012, e com isso os Povos Tradicionais de Terreiros demonstram sua união na produção de conhecimentos e de material para ser utilizado pelas escolas na aplicação da Lei,

E mais uma vez fica a pergunta, os professores vão mesmo utilizar esse material  nas escolas?


Segue abaixo o texto de matéria sobre o preconceito contra as práticas religiosas afro-amazônicas nas escolas de Belém que foi publicado no Amazônia Jornal de domingo, dia 18/12/2011 - ver publicação original aqui.


MAPA QUER FIM DE PRECONCEITO
Cartografia elaborada por pesquisadores identifica locais de realização dos cultos afrobrasileiros




(EDNA NUNES )


O mapa vai dar visibilidade às religiões afrobrasileiras cultuadas em Belém e Ananindeua e denominadas com várias nações: Angola, Jeje Savalu, Ketu, Mina Jeje Nagô, Umbanda e Pajelança. O trabalho foi coordenado pela professora de gradualção da Universidade Rural do Rio de Janeiro, Camila do Valle, especialista em diversidade étnica. A publicação revela as características próprias de cada nação, seus locais, formas de cultos e deuses.
O mapa aponta, por exemplo, que a nação Umbanda chegou ao Pará por volta da década de 30, trazida pela "Mãe" Maria Aguiar. A nação foi resultado do cruzamento de linhas (sincretismo interno) que acabaram formando uma religião com suas próprias características, agregando-se Pajés e Caruanas, Encantados e Deuses para resultar em uma Umbanda amazônida. Durante uma oficina de Cartografia, realizada em junho de 2010, Mãe Vanda desabafou lembrando que "a Umbanda resiste ao preconceito e reafirma a sua tradição através desse sincretismo".
Mãe Vanda e Mãe Kátia organizam as informações da Umbanda (reunião no palacete Bolonha em 29/04/2010 - foto de Táta Kinamboji/ Projeto Azuelar - Instituto Nangetu/ Ponto de Mídia Livre)..

Os povos e comunidades tradicionais de terreiros de várias nações de origem afro-brasileira que atuam na Região Metropolitana de Belém (RMB) travam uma luta histórica contra o preconceito. Este ano, eles ganharam um aliado especial: a "Cartografia Social dos Afrorreligiosos em Belém do Pará - religiões afro-brasileiras e ameríndias da Amazônia: afirmando identidades na diversidade", que vai ajudar no entendimento e importância dos cultos. O documento foi construído com o financiamento do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pré-lançada no dia 11 deste mês. A expectativa é que o mapa contribua para redução da intolerância religiosa.


A pesquisa promoveu a auto-cartografia dos povos e comunidades tradicionais, o conhecimento foi produzido pelos próprios povos e comunidades tradicionais - Na foto o Pai Armando de Bessen acrescenta inflrmações da Nação Ketu, com a supervisão de Mãe Nerê e Pai Walmir (reunião no palacete Bolonha em 29/04/2010 - foto de Táta Kinamboji/ Projeto Azuelar - Instituto Nangetu/ Ponto de Mídia Livre).




"A Cartografia Social dos Afrorreligiosos em Belém é o que o governo negou aos afrorreligiosos, que representam uma parcela da população em cerca de 10% e, no entanto, não se estima no censo anual feito pelos centros de pesquisa populacional", afirma um dos executores do mapa, o professor universitário e fotógrafo Arthur Leandro ou "Tatá Kinamboji", como é conhecido socialmente entre os religiosos afrobrasileiros. 
Além da localização dos terreiros no mapa da cidade, depoimentos de histórias pessoais e memória de lutas fazem parte da cartografia (roda de conversa com os angoleiros em 29/12/2010 - foto de Táta Kinamboji/Projeto Azuelar - Instituto Nangetu/Ponto de Mídia Livre).
Ele conta, por exemplo, que por não haver educadores nas instituições de ensino, seja público ou privado, o estigma de que os praticantes das religiões de origem africana continua sendo visto como adoradores de deuses satânicos. Na opinião dele, como educador, somente a partir do momento em que a religião for discutida sem preconceito nas escolas, o fato poderá mudar culturalmente, garantindo assim, o direito das pessoas se manifestarem sem medo de ser identificada.
Comunidade do Terreiro de Noche Navakoly (Rosa Viveiros, conhecida como Mãe Doca) - Terreiro de Nagô Cacheu fundado em 18 de março de 1891 na Tv. Humaitá próximo à Duque de Caxias, o terreiro enfrentou a polícia e todos os tipos de preconceito em nome do direito ao culto religioso (reprodução de foto de 1917).
História mostra evolução das práticas

 Atitudes preconceituosas são histórias sem fim para quem segue religiões afrodescendente. Luiz Augusto Loureiro Cunha (Pai Tayandô Acaoã-Unimaz) recorda dos períodos difíceis das comunidades tradicionais de terreiro no Pará: 1908, quando mães e pais de santo eram proibidos de bater tambor; na década de 30 (1930), lembrada como a maior repressão contra os praticantes das religiões remanescentes da África; e o período da ditadura militar (1964 a 1985), quando foram registradas inúmeras prisões sob alegações diversas. 

"No dia 18 de março de 1908, a mãe de santo Doca foi presa porque batia tambor para Dom José. Ela chegou a ser levada para a delegacia, ficou na cela e depois foi liberada. Mesmo assim, ela voltou para o terreiro e continuou a bater tambor para os seus deuses", conta. Por causa desse gesto de coragem, o dia 18 de Março é lembrado pelos povos e comunidades tradicionais como o Dia Municipal e Estadual da Umbanda e dos Cultos Afros-brasileiros. 
Noche Navakoly (Mãe Doca) é o símbolo da resistência dos Povos de Tereiros de Belém. Mãe Doca era natural de Codó/MA, filha de santo do africano Manoel-Teu-Santo, seu Vodum é Nana e Toy Jotin, mas também recebia Seu Inambé. Ela foi presa várias vezes e ainda assim não desititu da luta pelo direito à consciencia relgiosa (reprodução de foto de 1917).

Apesar de toda a intolerância, Pai Luiz deixa claro que é uma ação que não leva os povos e comunidades tradicionais de terreiro a cultivar a violência contra os que seguem religiões diferentes das deles, porém, isso não quer dizer que não buscarão "armas" para se defenderem e, por este motivo, a cartografia é um instrumento para fazer com que todos - adolescentes, adultos e idosos de religiões afrobrasileiras - se baseiam de informações capazes de fazer valer o seu papel como cidadão brasileiro. O conselho que ele dá, além da aquisição de conhecimento, é estar em constante diálogo com outras religiões, tanto as cristãs como as não cristãs.
Mãe de santo é discriminada quando vai catar ervas na Ceasa
Dona Oneide Monteiro Rodrigues, que atende pelo nome social Memetu Nangetu (que significa mãe da raiz molhada), informa que o preconceito pode estar associado à desinformação. Além disso, segundo ela, a mídia fortalece o preconceito existente contra as religiões afro-brasileiras. "Não querem nos respeitar como povos e comunidades tradicionais de terreiro e a mídia reforça esta intolerância", lamenta. Ao contrário do que se pensa, enfatiza a sacerdotisa, como assim é identificada por seus seguidores, "nós não adoramos o satanás, mas os orixás, que são a natureza".
Táta Kasuleka (Mansu Nangetu)  em coleta de folhas na mata urbana de um ramal da estrada da CEASA.
 Mametu Nagetu conta que o preconceito é tão grande, ao ponto de quando ela vai trabaçhar na coleta de ervas na estrada da Ceasa sofre discriminação. Os maiores autores são os vigilantes de prédios públicos, pessoas humildes e carregada de uma carga cultural preconceituosa. "Nunca me expulsaram do local, mas já disseram que eu estaria sendo convidada a me retirar das proximidades do prédio, onde coletava as ervas", relata. 
  Conhecimento é arma para defesa contra perseguição na escola


A luta para combater o preconceito começa desde cedo e a partir do conhecimento. Um adolescente, 13 anos, que preferiu o anonimato, é iniciante (Ogan) da nação Angola, e estudante de uma escola evangélica em Belém. Ele conta que não chegou, até o momento, a sofrer discriminação por sua identidade religiosa, porém, lembra que chegou a presenciar uma amiga sendo discriminada porque trajava roupas e adereços brancos. "No começo escondia minha religião porque entrei novinho e na escola dizia que era católico. Mas, agora, aprendi a me defender também. Para isso, me preparo conhecendo as leis para eu saber como fazer esta defesa", diz o menino, já demonstrando confiança nas palavras.
Ele conta que durante uma das aulas, a professora de Ensino Religioso fez uma explanação sobre todas as religiões, entretanto, quando chegou às religiões afrobrasileiras, citou superficialmente e ele reagiu com questionamento. Na opinião dele, o desconhecimento do professor e a carga preconceituosa levou ele a um comportamento que não corresponde a de um educador. "Mas, a minha insatisfação me levou a uma outra professora de Educação Religiosa da minha escola, que contou a sua origem nas religiões afro-religiosas. Apesar de ser evangélica, ela é esclarecida, mas porque a mãe dela era mãe de santo. Então, a forma de ensinar dela não é de uma pessoa leiga, mas de que conhece e respeita as diferentes religiões", ressalta.


sábado, 17 de dezembro de 2011

Biblioteca Popular do Instituto Nangetu recebe doação de livros do Mapa da Intolerância Religiosa.

Táta Kinamboji recebeu de Pai Neto de Azile os livros para a biblioteca do instituto Nangetu.




Táta Kinamboji recebeu cinco exemplares do Mapa da Intolerância Religiosa - violação de direitos de culto no Brasil, de Marcio Alexandre M. Gualberto, O livro é a sistematização de episódios criminosos dessa natureza ocorridos no país nos últimos 10 anos. Apesar de ser um direito assegurado pela Constituição Federal, a liberdade de culto é um dos direitos fundamentais mais desrespeitado em nosso país. 
O documento inédito organiza os casos de desacato à liberdade de culto cometidos contra religiosos da matriz africana, muçulmanos, judeus, católicos, entre outros grupos religiosos. Mesmo relatando casos contra esses grupos, o autor afirma que o praticante das religiões de matriz africana continua sendo a vítima preferencial.
Pai Neto de Azile fala pelo FERMA na solenidade de abertura.


E que além do lançamento contou com a assinatura do termo de cooperação entre a SEDIHC e Secretaria da Igualdade Racial - SEIR/ Gov. do Maranhão; com uma roda de conversa com lideranças de povos tradicionais de terreiros que foram vítimas de intolerância religiosa, e atrações culturais.

Durante a roda de conversa,e  diante da semelhança entre os relatos ouvidos dos sacerdotes maranhenses com a experiência paraense de resistência e luta pelo direito ao culto religioso, Kinamboji pediu para se manifestar e cobrou atitude das autoridades presentes no evento.


Começou se apresentando como sacerdote afro-religioso de Belém do Grão-Parea, e disse que como São Luís é a primeira capital do Grão-Pará ele se sentia em casa e tortalmente à vontade para participar daquela roda. Dsse para as autoriddes maranhenses que é necessário que encontros como aquele resultassem em ações efetivas do poder público e que não é mais possível o estado aceitar que a religiosidade seja tratada como caso de polícia,
Continuou mostrando como a policia e a sociedade distorcem a Lei e criminalizem as práticas religiosas brasileiras que tem origem na África Negra, e como terminam também por criminalisar a resistência e a luta dos povos tradicionais de terreiros para a garantia dos seus direitos. Relatou casos de racismo institucional, aqueles praticados por funcionários públicos, em especial os que são protagonizados por funcionários da segurança pública, e citou a 'guerra santa' que os grupos pentecostais promovem contra a religiosidade afro-brasileira, refletindo sobre o papel do estado na construção da cultura da paz.
Por fim ressaltou a diferença de tratamento que o estado dispensa para as religiões cristãs, lembrando que de norte a sul do país no mês de  dezembro as insituições públicas se enfeitam para comemorar o nascimento de Jesus, e as prefeituras ttambém gastam verba pública para decorar as cidades para esta celebração religiosa, e entretanto em nenhum momento o poder público enfeita suas instituições e as cidades para uma celebração religisoa afro-brasileira, e concluiu dizendo que com tudo isso é dificil de acreditar na afirmação de que o Brasil é um estado laico, e que esta laicidade parecer ser falaciosa...
Programa cultural encerrou o evento.


sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Mametu Nangetu foi ao Rio de Janeiro para a abertura da exposição “Amazônia: Povos e Comunidades Tradicionais”.

Mametu Nangetu é parceira e pesquisadora na cartografia dos afro-rel;igiosos de Belém.

Em outubro passado Mametu Nangetu esteve no Rio de Janeiro junto com representantes de povos ribeirinhos, quilombolas, indígenas, povos da floresta e em especial com os piaçabeiros, seringueiros, castanheiros, artesãos do arumã, do tucum e do cipó ambé, as quebradeiras de coco babaçu, peconheiros, pescadores artesanais, carvoeiros, e muitos outros representantes dos movimentos sociais das cidades amazônicas para participar da exposição “Amazônia: Povos e Comunidades Tradicionais”, no Centro dos Visitantes do Jardim Botânico.

Povos Tradicionais de cidades e da floresta amazônica estiveram na abertura da exposição.

O Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia promove a auto-cartografia dos povos e comunidades tradicionais, uma cartografia mobilizada pela diversidade das expressões culturais, identidades coletivas e movimentos sociais, nesse projeto o conhecimento é produzido pelos próprios povos e comunidades tradicionais com a utilização de linguagem cartográfica formal, além de registrar depoimentos sobre suas histórias e lutas sociais. 
Mapas, depoimentos, ilustrações, fotos, vídeos, livros e fascículos do acervo do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia (PNCSA), desenvolvido pela Universidade do Estado do Amazonas – UEA, em parceria com outras universidades e pesquisadores independentes, que é coordenado pelo antropólogo Alberto Wagner Berno de Almeida. 
O trabalho de mapeamento social associa o uso de tecnologias modernas aos conhecimentos tradicionais, envolvendo no mesmo trabalho pesquisadores de universidades e povos e comunidades da Amazônia. 

Depoimento de Táta Kinamboji em exposição no Jardim Botânico


O Mapeamento dos Povos de Tradicionais de Terreiros da Zona Metropolitana de Belém iniciou há cerca de cinco anos, e o resultado de todo o trabalho tem primado pela decisão concensual dos participantes e o registro das informações que foram aceitas pelo grupo que dele participa, ressalvando algumas poucas divergências. 
Mametu Nangetu levou folhas e ervas amazônicas e ofertou um 'banho da felicidade” aos visitantes da exposição, ela ressalta a importância dessa pesquisa para a criação de documentos sobre a nossa história, e que por isso é importante criar situações que remetam às culturas dos terreiros dentro do ambiente de exposição.
Para ela tudo o que foi produzido pode ser usado como material didático que venha a contribuir com a difusão do conhecimento sobre as práticas das religiões afro-amazônicas nas escolas para a implantação da Lei 10.639/03, indicando a exposição como um caminho importante para que os professores conheçam os produtos da pesquisa.

Depoimento da liderança do Ilê Axé Yemanjá Omi Olodo, de Porto Alegre, sobre cineclubes nos terreiros.





Depoimento da liderança do Ilê Axé Yemanjá Omi Olodo, de Porto Alegre, sobre cineclubes nos terreiros, ela fala para Arthur Leandro, Diretor Norte do CNC (2010-12), e coordenador do Projeto Azuelar/ Cineclube Nangetu, e um dos coordenadores do GT de Comunidades Tradicionais da PARACINE que agita a Rede de Cineclubes nos Terreiros da zona Metropolitana de Belém.
Gravado em São Luís do Maranhão em 30 de novembro de 2011 - durante a I Oficina de Construção de Políticas Públicas para povos Tradicionais de Terreiros, promovida pelo Ministério da Cultura/ Secretaria da Cidadania Cultural.

Depoimento do cineasta Joel Zito de Araújo sobre cinema negro, circuação de filmes brasileiros e cineclubes nos terreiros.




Depoimento do cineasta Joel Zito de Araújo sobre cinema negro, circuação de filmes brasileiros e cineclubes nos terreiros, ele fala para Arthur Leandro, Diretor Norte do CNC (2010-12), e coordenador do Projeto Azuelar/ Cineclube Nangetu, e um dos coordenadores do GT de Comunidades Tradicionais da PARACINE que agita a Rede de Cineclubes nos Terreiros da zona Metropolitana de Belém. Gravado em São Luís do Maranhão em 30 de novembro de 2011 - durante a I Oficina de Construção de Políticas Públicas para povos Tradicionais de Terreiros, promovida pelo Ministério da Cultura/ Secretaria da Cidadania Cultural.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Foi a primeria vez que uma ministra dançou com a gente e sorriu com a gente! Avaliação da Oficina de Povos Tradicionais de Terreiros com o MinC.

Mametu Nangetu recebe a Ministra Ana de Holanda junto com outras lideranças de terreiros.

Trabalhar na comissão organizadora da I Oficina de Construção de Políticas Públicas para Povos Tradicionais de Terreiros foi muito gratificante. Eu tenho que olhar pra trás, e agora depois da oficina realizada e vendo tudo o que fizemos, desde as reuniões durante a Conferência de Cultura em Brasília, só posso dizer que estou muito contente com tudo.
Não posso esquecer de valorizar o trabalho da equipe do ministério, principalmente a atenção dispensada pela Jô Brandão, acho que muita coisa não aconteceria se não fosse por ela estar lá dentro da Secretaria da Cidadania Cultural, ela é de terreiro e entende o que a gente fala.
Realmente a Oficina não foi o que eu pensava quando começamos a negociar essa reunião no ano passado, muita coisa que queríamos era impossível de fazer na estrutura do MinC, e reclamações sempre vão ter, reclamar faz parte do nosso papel de lideranças da sociedade civil. Mas não é por que nós reconhecemos que teve algumas falhas que nós não vamos reconhecer tudo o de bom que a oficina proporcionou.
O Gilberto Gil e o Juca Ferreira foram bons ministros, foram eles que começaram a olhar para a diversidade cultural e a dar atenção para as culturas populares e para os povos de terreiros, foi com o Sérgio Mamberti, o Gil e o Juca, mas foi com a Ana de Holanda a primeira vez que uma ministra reuniu com a gente, foi a primeira vez que uma ministra dançou com a gente e sorriu com a gente. E quando ela chegou e se fez presente na oficina foi o auge de tudo, o auge foi fazer com que o governo nos ouvisse – ela é a porta-voz da presidenta -, e por isso eu acredito que ela vai ter um olhar para as culturas populares e para as culturas de terreiros.
E no momento da fé, quando estávamos pedindo aos nossos deuses pela saúde do Lula, pela nossa união e pela nossa paz no Brasil, ela estava de mãos dadas com a gente. E a gente viu que ela não prometeu, mas eu vi no olhar dela a cumplicidade de quem quer fazer a diferença e trabalhar por todos nós. 
Por isso eu acredito que as políticas vão começar no ano que vem e que em 2012 a gente já tenha editais específicos e outras ações que venham a valorizar as culturas dos terreiros.
É a nossa caminhada, é a nossa conquista!

Belém/PA, 6 de dezembro de 2011

Mametu Nangetu uá Nzambi.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

E as escolas, vão mesmo usar o mapa para nos conhecer?

Essa foi a pergunta que mais se fazia nos bastidores do pré-lançamento do Mapa da Cartografia Social dos Afro-religiosos de Belém, que aconteceu no dia 11 de dezembro no auditório do IPHAN em Belém. 


Foi a pesquisadora Camila do Vale, professora da UFRRJ, quem apresentou o projeto que identificou mais de 3 mil terreiros nas cidades de Belém, Ananindeua, Marituba, Benevides, Santa Bárbara e Santa Isabel. Ela falou do levantamento detalhado dos espaços sagrados - templos, casas, terreiros, tendas, searas, e outras denominações, além da identificaçnao dos locais de coleta de folhas nas matas e de compra de ervas, locais onde a realização de ritos religiosos são tensas e que identificou até as situações de conflitos e intolerância religiosa. Ela apresentou a “Cartografia Social dos Afro-religiosos em Belém do Pará, religiões afro-brasileiras e ameríndias da Amazônia: afirmando identidades na diversidade" como um documento que dá visibilidade às comunidades tradicionais de terreiros das nações presentes na capital paraense, e que poderá ser uma referência para a construção de políticas públicas específicas para a afirmação dos povos tradicionais de terreiros.  
O auditório estava lotado de Lideranças de Terreiros, que contrariaram a expectativa pessimista que considerava que seria difícil reunir um grupo representativo num domingo de plebiscito no Estado do Pará. Pois o que aconteceu foi exatamente o contrário da previsão pessimista, e o que vimos foi a presença maciça de Mães, Pais, filhos, simpatizantes e pesquisadores prestigiando o Pré-lançamento do Mapa dos Terreiros da zona metropolitana de Belém. 
A previsão é que o livro e o Mapa sejam lançados no dia 18 de março – dia dedicado às religiões afro-brasileiras em Belém e no Pará -, pois é o dia que se celebra a memória da luta de Mãe Doca pela realização dos rituais de Tambor de Mina em Belém no século passado. Camila ainda disse que pesquisa aquilo que ela não sabe, e que se soubesse não precisaria pesquisar, e com essa reflexão salientou a participação de lideranças de cada uma das nações representadas no mapa: Angola, Jeje Savalu, Ketu, Mina Jeje Nagô, Umbanda e Pajelança, atribuindo à essas lideranças o papel fundamental de decisão sobre as informações reunidas e os resultados da pesquisa. 


Mametu Nangetu foi a primeira das lideranças de terreiros que coordenou a pesquisa a falar, e disse que o trabalho com a Nação Angola foi gratificante porque lhe deu a oportunidade de visitar os terreiros e conhecer mais profundamente as condições de vida de seu povo. Lembrou a distinção com que foi recebida em cada casa de culto e reafirmou a importância de sabermos quem nós somos e onde estamos, e terminou fazendo referência à necessidade de afirmação da identidade afro-religiosa para a visibilidade dos terreiros e para o combate à intolerância religiosa. 

Mãe Nalva d'Oxum, Mãe Vanda de Rompe Mato e Babá Tayando deram seqüência aos discursos das lideranças de terreiros coordenadores da pesquisa, reafirmando a importância dos resultados do projeto para a difusão de conhecimento sobre as práticas religiosas de matrizes africanas na Amazônia. O evento também abrigou o lançamento do livro "Interdisciplinando a Cultura na Escola com o Jongo", de autoria de Lúcio Sanfilippo, que trouxe uma outra experiência de pesquisa do patrimônio imaterial afro-brasileiro e sua aplicação prática nas escolas, em sintonia com a Lei 10.639/2003. 

E com a divulgação do trabalho sobre o jongo e sua utilização nas escolas, soou o eco da pergunta que circulava silenciosa entre os presentes: os professores das escolas vão mesmo utilizar os documentos da religiosidade afro-amazônicas para difundir o conhecimento sobre os povos de terreiros, ou o preconceito e a intolerância religiosa ainda vai tentar confinar este mapa em prateleiras e arquivos escondidos nos fundos das bibliotecas.... 
E se o preconceito existe pelo desconhecimento, quanto mais publicações e acesso à elas, melhor! E em breve poderemos ver esses documentos também disponíveis para download na internet.

Texto e fotos de Táta Kinamboji/ Projeto Azuelar - Instituto Nangetu/ Ponto de Mídia Livre.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Convite Kizoomba riá N´Zumbarandá.

Mansu Nangetu
Mansubando Kekê Neta

Convite


Convidamos você e sua família para participar do Xirê rià Angola “Kizoomba riá N´Zumbarandá” (Festa de N´Zumbarandá), na ocasião será apresentado o novo Taata do Mansu Nangetu, filho de Lembá (Carlos Felipe); Nguecè Kamuxi Muvu ni Muzenza Sitalum´banda (obrigação de 1 ano da Muzenza Sitalum´banda (Kate Wasques) e a entrega do Kinjingu ao Tat´etu Diangamuxí (Esmael Tavares).

Dia: 17 de dezembro de 2011 (Sábado)
Hora: 19h
Local: Terreiro Mansu Nangetu Mansubando Kekê Neta
           (Travessa Pirajá, 1194, Bairro do Marco - Belém-PA)

Ps.: Em respeito ao Nkinse Lembá, solicita-se o uso de trajes da cor branca.
 Agradecemos sua presença!

Mam´etu Nangetu uá N´Zaambi

O cinema e tudo mais o que a gente faz...

Renata Lira puxou o aparelho de celular do seu bolso e disse: “nós fizemos este filme com isto!” E assim começou a roda de conversa na sessão com os filmes feitos por povos tradicionais.
Renata Lira, diretora do Xandu, falando do filme.

Ela falou da parceria com Táta Kinamboji e do Projeto Azuelar, lembrou da oficina ofertada dentro do terreiro em 2009 e dos conceitos de “tecnologia do possível”,  e disse que o mais importante nesse processo de construção do 'Xandu' foi a compreensão que ela pode se utilizar da linguagem do cinema com os recursos técnicos disponíveis, inclusive com o seu celular.
O filme 'Xandu',

Mametu Nangetu parabenizou a realização do filme e louvou os frutos vindos da parceria do Insituto Nangetu com a Irmandade dos Rosário, falou da importância desse filme para as futuras gerações e para os jovens urbanos que parecem ter perdido o interesse pelo aprendizado dos conhecimentos dos povos da floresta, conhecimento que é a característica da identidade amazônida. Renata ainda acrescentou que teve a mesma sensação quando viu o filme pronto, disse que ela mesma aprendeu muito com o convívio com a 'Prima Xandu' e com o processo da extração do óleo da andiroba.

A cosmologia afro-brasileira veio à tona quando Táta Dianvula estabeleceu pontos de convergências entre o “Xandu” e o “A boca do mundo”, falou que mesmo que os filmes tenham sido feitos em cidades, assuntos e univeros distintos, eles trazem semelhanças muito fortes nos modos de vida e nas relações que as personagens estabelecem com as coisas do mundo, e concluiu que a proximidade pode estar relacionada à ancestralidade comum aos realizadores dos dois filmes. 
Cenas de 'A boca do mundo'

Aí a conversa caminhou para as situações apresentadas no “A boca do mundo” e a identificasção de Exu com a rua e com o comércio.
A sessão especial do cineclube desta segunda-feira, 5 de dezembro, foi mais que uma sessão de cinema, foi uma celebração às ações e conquistas da comunidade do Mansu Nangetu.
Canas do filme 'A boca do mundo'

A sessão marcou o encerramento das atividades cineclubistas neste ano de 2011, e um pouco antes de seu início foi feita uma avaliação da atuação do Instituto Nangetu para a defesa da cidadania e direitos humanos, para a igualdade racial, para a saúde e para a cultura de terreiros.
A apresentação deu destaque para a projeção das fotos da participação de Mametu Nangetu e Táta Kinamboji na I Oficina Nacional de Construção de Políticas Públicas para Povos de Terreiros, que aconteceu em São Luís do Maranhão de 27 a 30 de novembro, e durante a projeção também era informado a percepção dos dois sobre os acontecimentos durante o evento promovido pelo Ministério da Cultura.
Fotos das ações recentes foram projetadas e comentadas.

Antes dos filmes programados para a sessão, foram exibidos os depoimentos do cineasta Joel Zito de Araújo e de lideranças de terreiros sobre a importância do cinema negro e do cineclubismo no Brasil, depoimentos recolhidos em São Luís com discursos que também apontam para a potência dos cineclubes nos terreiros, e foram palavras de incentivo muito bem recebidas pela comunidade do Mansu, palavras que alimentaram a auto-estima da equipe do cineclube.
Joel Zito de Araújo fala dos cineclubes nos terreiros.

A conclusão de toda a conversa é que estamos no caminho certo e que temos que fazer cada vez mais disso mesmo que temos feito, mostrar para o mundo aquilo que se pode mostrar dos nossos costumes e modos de vida.



I Seminario Patrimonio Imaterial e Cartografia Social, e apresentação do mapa dos afro-religiosos de Belém/PA


Comunidade recebe cestas de alimentos.

Mais uma vez Mametu Nangetu reuniu a comunidade afro-religiosa para mais uma etapa da distribuição das cestas de alimentos recém chegadas ao Mansu.
A distribuição de cestas faz parte do Programa Fome Zero, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, e atende as comunidades de terreiros através da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e da Subsecretaria de Políticas para Comunidades Tradicionais.
O INTECAB-PA é o responsável pela organização da distribuição dos alimentos pelas diversas comunidades tradicionais de terreiros, que ao fim fazem com que os alimentos cheguem ao seus destinatários em todo o Estado do Pará.
O projeto social que o Mansu Nangetu desenvolve atende famílias da comunidade do terreiro que estão em situação de vulnerabilidade social. 

sábado, 3 de dezembro de 2011

Avaliação da I Oficina Nacional de Construção de Políticas Públicas para Povos Tradicionais de Terreiros em São Luís/MA.


Mesmo que o processo de seleção de participantes desta I Oficina Nacional de Construção de Políticas Públicas para Povos Tradicionais de Terreiros em São Luís/MA não tenha primado pela escolha de delegados em plenárias estaduais, o rigor de uma ética muito pessoal me faz documentar minha avaliação de participação no evento como uma espécie de prestação de contas para àqueles que esperam resultados práticos dessas instâncias de diálogo com a gestão da cultura na esfera federal.

Memória das lutas.

Tudo permanecerá
Do jeito que tem sido
Transcorrendo
Transformando
Tempo e espaço navegando
Todos os sentidos...
(Tempo Rei, Gilberto Gil)


Primeiro vale lembrar que esta oficina é a conclusão de um processo iniciado na II Conferência Nacional de Cultura – II CNC, que aconteceu em Brasília em março de 2010, e que ela aconteceu 20 meses (quase dois anos) depois do MinC acordar este evento com as lideranças de terreiros que estavam presentes naquela conferência.
E com esta constatação, a primeira pergunta que me faço, e que apenas os gestores do ministério podem responder, é: por quê de tanta demora para realizar este evento e dialogar com os povos de terreiro?
Primeiros contatos com os participantes no Praia Mar Hotel.

A segunda pergunta pertinente é sobre a escolha do processo de inscrição e seleção de participantes, que considero excludente e elitista. Poucos foram os que tiveram acesso à informação da realização do evento – foi divulgado apenas na internet - e poucos foram os que conseguiram chegar até a fase de seleção e que tiveram suas propostas de inscrição no evento avaliadas pela comissão.
Mas a resposta para esta pergunta eu ouvi de representantes do MinC durante a explicação da metodologia da Oficina, e a mensagem do ministério foi algo como: “é importante que as lideranças das dos Terreiros aprendam a apresentar propostas para o MinC, e para isso tem que entender o funcionamento e ter intimidade com o sistema disponível na internet”.
Ora, se começarmos falando da política de segregação (racial, social, cultural e religiosa), que é o marco de cinco séculos da história brasileira, e que essa segregação confinou os povos de terreiros nas periferias econômicas, na invisibilidade socio-cultural e, dentre milhares de outras coisas, na exclusão digital, como é que de uma hora para outra e sem nenhuma ação de (p)reparação e capacitação, o governo, através do ministério da cultura, se acha no direito de exigir (como critério de seleção) o aprendizado do funcionamento de um sistema do qual o próprio ministério tem a ciência que se trata de uma parcela da população brasileira que foi excluída desse aprendizado? E para utilizar a alegoria cristã para a transferência de responsabilidade por parte das autoridades, eu pergunto de novo: o MinC, como Pilatos, lavou as mãos em relação à exclusão digital dos Povos de Terreiro?
Em outras palavras a minha avaliação é que essa escolha do MinC pode resultar em outra segregação ainda pior.... E se a minha hipótese estiver correta, o que vai acontecer é que próximo ao ministério ficará a minoria de lideranças e membros de terreiros que tem facilidade de acesso à serviços públicos ou que podem pagar por serviços privados – inclusive de acesso à internet, ou de profissionais que façam por elas os procedimentos necessários -, enquanto a maioria dos terreiros e do nosso povo vai permanecer no contexto da exclusão cultural. E saibam que eu desejo muito ter formulado uma hipótese errada, espero estar equivocado, porém, considerando a possibilidade d'eu estar certo, é preciso perguntar também para as lideranças de terreiros (a sociedade civil): nós queremos essa separação?

Orientações sobre o credenciamento

Tempo é rei de Angola!


Não se iludam
Não me iludo
Tudo agora mesmo
Pode estar por um segundo.
(Tempo rei, Gilberto Gil)


É preciso registrar o exemplo positivo de acolhimento que tivemos por parte da equipe de produção do Maranhão, composta em sua maioria por membros de terreiros que conheciam a linguagem e as necessidades dos participantes do evento. Foram raros os casos que algum problema ficou sem solução.
Foi muito bom reencontrar (e conhecer outros) parceiros e parceiras de tantas lutas por conquistas de cidadania e manutenção das tradições, eventos como este deveriam ser mais freqüentes e precisamos de meios de tornar esses encontros regulares.
Visita à Casa das Minas.

Talvez o mais importante de todo o evento tenha sido o seu ineditismo... “Pela primeira vez na história deste país” vimos um ministério reunir lideranças da diversidade de povos de terreiros para discutir políticas públicas específicas e afirmativas, e isso é mais do que um detalhe, isso é um fato histórico! E proponho a todos que cantem e dancem esta nossa conquista como cantamos e dançamos as conquistas dos nossos ancestrais divinos. 
Início do cortejo cultural pelo centro histórico de São Luís.
 
Porém...

Ensinai-me
Oh Pai!
O que eu, ainda não sei
(Tempo Rei, Gilberto Gil)

Minha preocupação foi com a metodologia aplicada aos trabalhos do evento, pois o que realmente eu esperava era uma espécie de 'mesa de negociação' com o MinC – esperava algo objetivo, como a apresentação de uma proposta por parte da gestão que nos dissesse: o que nós temos é isso, e queremos discutir com vocês o 'como' e o 'onde' aplicar este 'isso' que nós temos à oferecer. Mas o que eu vi foi um formato de conferência em que a sociedade indicava diretrizes genéricas para os temas pré-estabelecidos. 
Celebração dos participantes durante a divisão de grupos de trabalho.

Sem garantias de execução do que foi proposto por nós, essas diretrizes seguiram para subsidiar os gestores e os técnicos do ministério para a formulação de ações concretas.

N'Aruanda só se pisa devagar...

Tempo Rei!
Oh Tempo Rei!
Oh Tempo Rei!
Transformai
As velhas formas do viver
(Tempo Rei, Gilberto Gil)

Nós entramos na oficina com a esperança de durante esses quatro dias podermos elaborar políticas públicas culturais que atendam as necessidades dos povos de terreiros para serem aplicadas a partir de 2012, e como a metodologia não foi um acordo de ações práticas, o resultado é que nós saímos da oficina com uma outra esperança: a esperança de que os técnicos e gestores do ministério entendam as falas das lideranças de terreiros para que finalmente os impostos que nós pagamos possam retornar em investimentos públicos para as nossas práticas culturais.

Água mole
Pedra dura
Tanto bate
Que não restará
Nem pensamento...
(Tempo rei, Gilberto Gil)

Mas esse é o jogo político, e nós estamos disputando o campeonato...
Conclusão dos trabalhos do GT Cultura e comunicação.

Segue o documento do Grupo de Trabalho que discutiu 'Cultura e comunicação', que foi o grupo do qual participei. A formulação da proposta que foi resultado deste GT reflete a discussão que aconteceu durante as reuniões do grupo, porém eu sinto a necessidade de registrar que a falta de um assunto que foi extremamente debatido e pouco referenciado na proposta: a questão das concessões públicas de canais de rádio e televisão para grupos que promovem a intolerância religiosa.
Também quero registrar que defendi a política de cotas, e que me baseei nos dados do recente mapeamento de terreiros de Belém, Recife e Belo Horizonte para chegar a estimativa de que somos 10% da população, e que portanto considero justo destinar 10% de toda a política pública cultural brasileria para o protagonismo de povos tradicionais de terreiros.

Belém/PA, dezembro de 2012.

Táta Kinamboji uá Nzambi/ Arthur Leandro.



FORMULÁRIO PARA AS PROPOSTAS DE POLÍTICAS PÚBLICAS

EIXO Comunicação e Cultura
( ) PRIORITÁRIA

PROPOSTA

Qual a proposta?

Criação de editais que contemplem produção de conteúdo pelos povos de comunidades tradicionais de terreiro. Destacando que, concomitantemente a publicação dos editais, é fundamental que o Minc, em parceria com outros órgãos, possibilite o mapeamento geral das comunidades de terreiro espalhado por todo o país. A partir dessa quantificação real, podemos assegurar que esses editais serão compartilhados e socializados pela diversidade que forma os povos de comunidades tradicionais de terreiro.
Indicar ao Minc e à outros órgãos do governo que adotem cotas de 10% em todas as suas ações e editais, para atender os povos de comunidades tradicionais de terreiros. Inclusive, assegurar 10% no Fundo Nacional de Cultura e proporcionalidade nos fundos de âmbito estadual e municipal.


JUSTIFICATIVA
Por que a proposta é importante?

Foi identificado a ausência de produções que contemplem os povos de comunidades tradicionais de terreiro nas mais diversas expressões midiáticas e culturais. Ou ainda, quando acontece é de forma estereotipada, reforçando aspectos negativos. Dessa forma, é fundamental que os povos de comunidades tradicionais de terreiro expressem os seus saberes e suas ações nos mesmos espaços que comumente são degradados. Em especial, nas regiões que são identificadas como de difícil acesso, destaque para o Norte, Centro Oeste e Nordeste do país, que de acordo com o próprio Minc são os menos contemplados na fomentação de políticas publicas, portanto é importante a articulação do Minc junto ao Minicom para entrega de antenas de GESAC para as comunidades de terreiro, possibilitando que os conteúdos quando produzidos possam ser socializados.







OBJETIVOS
Quais os impactos e desdobramentos com a execução da proposta?

Produção de conteúdos que reafirme a auto - estima dos seus adeptos, promoção da igualdade, combate as mais diversas formas de discriminação e reforço positivo da diversidade que permeia a formação do povo brasileiro.
Fortalecimento das ações dos mestres de saberes, destacando as lideranças dos povos de comunidades tradicionais de terreiros, assegurando que esses saberes possam adentrar os mais diversos espaços de formação educacional e cultural, em especial as universidades.






PÚBLICO
Dentro da comunidade de terreiro, qual o recorte de público específico ao qual a proposta se destina?
( x ) Infância e juventude
( x ) Mulheres
( x) Mais velhos
( x ) Outros. Quais? Toda a sociedade precisa e deve ter conhecimento à respeito da diversidade cultural e religiosa do nosso país. È assegurado pela constituição os mesmos direitos para todos os cidadãos brasileiros, sendo assim, é importante que todos e todas tenham as mesmas condições de acesso.



ABRANGÊNCIA
A execução da proposta tem alcance municipal, estadual ou nacional?

Nacional, mas queremos que os órgãos competentes nas esferas estadual e municipal possam também publicar editais com as mesmas características.

RESULTADOS
Quais os resultados esperados com a proposta?

Protagonismo dos povos de comunidades tradicionais de terreiro nas produções de conteúdos culturais. Além disso, uma participação democrática, na qual todas as manifestações culturais tenham espaço para se expressarem.







METAS
É possível quantificar os desdobramentos?


Não é possível quantificar essas propostas. Mas uma ação de abrangência nacional terá possibilidade de atingir os mais diversos povos que permeiam as 27 unidades federativas. Os editais devem surgir com campanhas a favor da autodenominação (afirmação) dos integrantes das comunidades de terreiro.



ESTRATÉGIAS DE AÇÃO
Quais as etapas necessárias para a realização da proposta?
(Sugira os mecanismos públicos para fomento da proposta)

Capacitação das comunidades de povos tradicionais de terreiros para a participação nos editais e ainda para a própria elaboração dos conteúdos culturais, educacionais e midiáticos.
Elaboração, publicação e lançamento de editais direcionados nas linguagens: Audio visual, artes cênicas, música, artes visuais, fotografia, doc, mini doc, literatura, cultural popular, humanidades, produções acadêmicas, artesanato, memória oral, cultura digital, arte digital, mídias sociais, mídias livres, culinária, griots, indumentária, moda, estética.












PARCEIROS
Quais as parcerias necessárias para a execução desta proposta?


Ministério da Cultura, Órgãos de âmbito federal, estadual e municipal relacionados a Cultura, Prefeituras, universidades, empresas privadas e públicas que tenham responsabilidade social e que compreendam a importância de preservar e fomentar a diversidade da formação cultural brasileira.



INDICADORES
Quais os critérios para acompanhamento e avaliação da proposta?

Os critérios serão avaliados a partir da quantidade de editais publicados. Além disso, é fundamental a participação no Colegiado Setorial de Culturas Afros Brasileiras de integrantes das mais diversas expressões dos povos de comunidades tradicionais de terreiro.





COMPETÊNCIA



A quem compete a execução da proposta?
( x ) Prefeituras
( x ) Governos Estaduais
( x) Governo Federal