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Povos de terreiros em caminhada pelo centro de Belém. |
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A caminhada saiu do Ver-o-rio, onde deveria existir o Memorial dos Povos Negros. |
Os povos tradicionais de terreiros
afro-amazônicos da zona metropolitana de Belém deram um exemplo de
mobilização política para festejar o Dia (estadual e municipal) da
Umbanda e das Religiões Afro-brasileiras de Belém e do Estado do
Pará, e as várias comunidades sairam em caminhada pelas ruas do
centro da capital paraense chamando a atenção da população para a
necessidade eminente de defesa das garantias constitucionais de
direito ao credo e à liberdade religiosa.
A concentração foi no espaço
“Ver-o-rio”, no Umarizal, local onde deveria funcionar o Conselho
Municiapal de Negras e Negros de Belém e o Memorial dos Povos Negros
que prevê abrigar equipamentos culturais e espaços para práticas de
reiligiões afro-amazônicas.
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Mametu Nangetu (ao lado da pastora Cibele Kuss) saudou todas as nações afro-amazônicas e a diversidade de crenças. |
Ainda nos primeiros momentos, Mametu Nangetu fez questão de celebrar a presença de
lideranças de terreiros das sete nações que formam a diversidade
de religiões afro-amazônicas nesta capital, e foi seguida por
membros de várias outras crenças que compõem o Comitê Inter-religioso do
Estado do Pará que em várias falas ressaltaram a importância do
respeito à diversidade religiosa e denunciaram grupos
fundamentalistas que se infiltram nas equipes dos governos de
representantes do povo em cargo eletivo com intenções escusas de
promoção da intolerância usando a maquina estatal para a imposição de crenças, ou de
ganhos pessoais em esquemas de corrupção na administração
pública.
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Pai Fábio de Ogum, coordenador do INTECAB-PA. |
Pai Fábio de Ogum, coordenador
estadual do INTECAB-PA e um dos organizadores da caminhada, iniciou então o cortejo cultural que saiu do
Ver-o-rio contornando a área portuária em direção à Praça da
República, tudo com a animação ao som o Grupo Batuque e da bateira da Escola de
Samba 'Xodó da Nega' sob a batuta de Táta Edson Santana,
percussionista e sacerdote do Rundembo Axé ti Jaciluango.
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Edson Santana no comando da bateria do "Xodó da Nega" (Foto de Daniela Cordovil) |
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Gruopo Batuque e Bateria da Escola de Samba "Xodó da Nega" estavam sob a batuta de Edson Santana. |
Foi então que no meio da Av. Presidente Vargas o sociólogo Domingos
Conceição falou do inicio da construção do Memorial dos Povos
Negros, projeto apresentado pelo Movimento Social Negro à prefeitura
de Belém durante a gestão do prefeito Edmilson Rodrigues, e de como
esse projeto foi abortado pela atual gestão de Duciomar Costa. Em
seguida as Professoras Eleonor Palhano e Taíssa Tavernard de Luca
apresentaram as ações que beneficiam os Povos Tradicionais de
Terreiros dentro da UFPA e da UEPA, em especial Taíssa ressaltou que
a pesquisa na área de antropologia urbana nas duas universidades se
consolidaram pela pesquisa com as questões do “Povo de Santo”.
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Domingos Conceição, sociólogo e militante, falou do memorial dos Povos Negros. (Foto de Daniela Cordovil) |
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Taíssa Tavernard de Luca falou em nome do GERMA/UEPA (foto Daniela Cordovil) |
Por fim, Araceli Lemos, que é
ex-deputada e a autora do projeto que propôs instituir o 18 de março
como o dia da Umbanda e das Religiões Afro-Brasileiras e que depois
de aprovado se tornou a Lei Estadual nº 6.639 de 14 de abril de
2004, falou como enfrentou os grupos fundamentalistas dentro da
Assembléia Legislativa do Estado do Pará e disse que o fundamental
para a aprovação desta Lei foi a mobilização dos Povos
Tradicionais de Terreiros que se mantiveram em manifestações
públicas durante todo o período de debate a votação para a
aprovação da Lei.
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Babá Edson Catendê e Afoxé Ita Lemi Sinavuru finalizou o cortejo. |
Sob o comando do Bablorixá Edson
Catendê, foi o Afoxé Italemi Sinavuru (considerado a voz dos
afro-religiosos no carnaval paraense) quem fez a festa na chegada na área
da Praça da República, rememorando os sucessos que cantam a
afro-religiosidade em sambas dos nove desfiles do 'Bloco Afro do
Pará', e neste ato político em celebração à memória de Mãe
Doca o Ita Lemi Sinavuru não foi diferente e deu voz aos grupos
marginalizados pelo poder constituído, abrindo o microfone do carro
som do afoxé para a manifestação dos discursos de todas as
lideranças de terreiros presentes que quiseram se manifestar. Ele
dizia “Olorum não se baseia em diferenças, Olorum empoderou todas
as lideranças de terreiros independente de gênero, de raça, de
títulos universitários ou de classe social, e é por isso que o microfone e o carro som do Afoxé Italemi Sinavuru estão abertos à todas as
lideranças de terreiros – aqui é microfone aberto!”
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E com o Ita Lemi Sinavuru a manifestação não teve hora pra acabar. |
Mametu Muagile (Mãe Beth de
Bamburucema) foi a primeira a fazer uso da palavra conquistada, sendo
seguida pelas lideranças da diversidade afro-religiosa do Pará....
E com cantigas de terreiros e discursos políticos de afirmação de
identidades plurais, a manifestação prosseguiu pela tarde adentro
preenchendo a praça da República de religiosidades afro-amazônicas.
Foi assim que Mãe Doca se fez presente no coração de cada um de nós.
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