quinta-feira, 1 de março de 2012

A comunidade do Mansu Nangetu e a paixão pela brincadeira do carnaval de Belém.

Neste ano de 2012 o Projeto Azuelar esteve na Aldeia Cabana de Cultura Popular David Miguel para registrar a presença do "povo de santo" nos cortejos carnavalescos de Belém, e esta é a primeira matéria que publicamos com esses registros, e a primeira publicação, lógico, vem mostrar como os membros do Mansu Nangetu atravessaram a avenida defendendo as cores das bandeiras de suas escolas de samba.

Deixa Falar
"A Deixa Falar é raça, é nação guerreira!
Vem nos mostrar que a marujada
É bragantina, é paraense, é brasileira!

Que rufem os tambores bragantinos:
A nossa escola vai dançar!
A marujada na aldeia é retratada
Traz a beleza da cultura popular.
Pro santo preto abençoar,"


O presidente da escola é o Tatetu Dianga Moxi (Esmael Tavares), e vários dos destaques também são membros da nossa comunidade de terreiro, inclusive a escola é a preferida de Mametu Nangetu.
Mametu como a Capitoa da Marujada, Foto de Táta Kamelemba (Felipe Oliveira)/ Projeto Azuelar.

Mametu Nangetu desfilou de 'Capitoa da Marujada' na "Deixa Falar", escola do bairro da Cidade Velha que apresentou o enredo "Marujada: é bragantina, é paraense, é brasileira".

Mametu na Aldeia Cabana de "Capitoa da Marujada da Deixa Falar. Foto de Táta Dianvula (Alex Leovan)/ Projeto Azuelar.


Mametu declara abertamente a sua paixão pela "Deixa Falar", diz que gosta das outras escolas mas que desfilar mesmo é na Deixa Falar.

Cleber de Nkosi com Mametu Nangetu na concentração do desfile da Deixa Falar, Foto de Táta Kamelemba (Felipe Oliveira). Projeto Azuelar.

Cleber se apresentando na Aldeia Cabana, foto Táta Dianvula (Alex Leovan)/ Projeto Azuelar.
 A família do Dianga Moxi também é ferrenha defensora do azul e branco da "Deixa Falar", e Cleber de Nkosi é o primero Mestre-Sala da Escola, e sua filha Samanta a Porta Bandeira do casal de Mestre-Sala e Porta Bandeira Mirim, enquanton sua tia Venina faz o papel de Mestre de Cerimônias da Comissão de Frente.

Samanta se prepara para no futuro assumir a posição de primeria Porta Bandeira da Escola da Cidade Velha. Foto Táta Kamelemba (Felipe Oliveira)/ Projeto Azuelar.
Venina é a mestre do cerimonial de apresentação da Comissão de Frente da Deixa Falar. Foto Táta Dianvula (Alex Leovan)/ Projeto Azuelar.

As fantasias de quesito e de destaques também foram confeccionadas por um membro do Mansu Nangetu, o Táta Kitauanje (Delleam Cardoso), que é Mestre Aderecista e trabalha parta diversas manifestaçnoes da cultura popular.



Piratas da Batucada
"Nossa história, costumes e lendas
Vivenciadas, por um elenco genial
Em sua origem o teatro era sagrado
E o ator um ser divinal
A orquestra do cortejo de deus Baco
É a raiz do nosso carnaval
(..)

Sou Piratas alegria do povo
Na Aldeia Cultural
O Grupo Experiência
Entra em cena de novo
No palco deste carnaval "


O Piratas homenageou o Grupo Experiência, grupo de teatro que revelou vários atores importantes como Cacá Carvalho, Dira Paes e Natal Silva. E foi a amizade com Natal que levou a Teca de Bamburucema a desfilar na ala dos amigos do Piratas.

Teca de Bamburucema (segunda da esquerda pra direita) saiu na Ala dos amigos do Pirata. Foto de Táta Kinamboji (Arthur Leandro)/ Projeto Azuelar.


Bole-Bole.
"Eu tenho um coração que Bole-Bole
Que bole, bole, bole, sem parar
Eu tenho a emoção que me socorre
Se eu sorrir ou se eu chorar

Abre o pano de boca
É muito louca, essa paixão
Artistas geniais, os delírios teatrais
Na avenida da ilusão"


A família de Táta Kitauanjefez bonito para homenagear os 50 anos da Escola de Teatro e Dança da UFPA ETEDUFPA pelo Bole-Bole do Guamá, no Enredo "escola de Teatro, Dança e Carnaval". Ele mesmo também foi o responsável pelas fantasias da Comissão de Frente, Porta Estandarte, Mestre-Sala e Porta-Bandeira e dos destaques da escola.

Táta Kitauanje é Mestre em Adereços e fez as fantasias de várias Escolas de Samba, em especial as do Bole-Bole, escola onde sua família também desfila.



E o envolvimento de sua família vai além da brincadeira de brincante, sua esposa, Andréa de Dandalunda é grande destaque da Bole-Bole, e seus filhos formam o casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira mirim e o Porta-Estandarte Mirim da escola.

Deleandro e Ludmila se apresenatando com Casal mirim da Bandeira do Bole-Bole.

Andréa de Dadalunda e seu filho mais novo - o Porta-Estandarte Mirim da escola/ Foto Táta Kamelemba (felipe Oliveira)/ Projeto Azuelar.
Andréa desfilou como destaque principal da ultima alegoria da escola. Foto Renata Lira/ Projeto Azuelar.

Embaixada de Samba do Império Pedreirense.

"O samba que vem dos terreiros
invade as ruas com seu alto astral
É a saga de um povo guerreiro
abrindo os caminhos pra brincar o carnaval

(Kawò)
Kawò, kaabiesilè, Xangô!
Axé da nossa bandeira
são sessenta anos de amor 
no quilombo da Pedreira"

Táta Kinamboji (Arthur Leandro) é sócio benemérito da Embaixada e não abre mão de sua presença na azul, vermelho e branco da Pedreira, e este ano desfilou com fantasia de Xangô no carro abre-alas de sua escola. Ele diz que "nunca desfilei tão vestido, eu gosto de fantasias leves e digo que bastam duas lantejoulas e um sopro de purpurina para eu me sentir fantasiado, mas quando o Jean Negrão me falou que eu vinha de Xangô eu achei que devia caprichar para fazer bonito na figura do meu Orixá..."

Táta Kinamboji desfilou de Xangô na Embaixada. Foto de Renata Lira/ Projeto Azuelar.
O enredo "Nas terras do Império, o quilombo do samba" foi uma dupla homenagem, tanto ao centenário do bairro quilombola da Pedreira quanto aos sessenta anos de fundação da Embaixada, e nesse enredo a força do bairro foi atribuída à religiosidade afro-amazônica e à forte presença dos 'batuques' na Pedreira, e foram as lideranças de Terreiros os homenageados no abre-alas da escola.

Táta Kinamboji, junto dom diversas lideranças de terreiros da Pedreira, desfilam na Aldeia Cabana no abre-alas da Embaixada. Foto de Táta Kamelemba (felipe Oliveira)/ Projeto Azuelar.
 Kinamboji também conta que foi ele mesmo que costurou a maior parte de sua fantasia, mas que teve a ajuda fundamental da Mestra de Cultura Popular Alzira do Rosário e do Aderecista Müller (Müller de Zaze) Cardoso.

Müller de Zaze, preparou os adereços da fantasia de Táta Kinamboji. Foto de Táta Kinamboji (Arthur Leandro)/ Projeto Azuelar.
E assim, com a paixão por enredos e por escolas diferentes, e até mesmo trabalhando na organização do desfile - como este ano foi o caso de Táta Iya Tundele (Honorato Consenza) - a família Nangetu faz o carnaval acontecer na Aldeia Cabana.

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