Renata Lira puxou o aparelho de celular do seu bolso e disse: “nós fizemos este filme com isto!” E assim começou a roda de conversa na sessão com os filmes feitos por povos tradicionais.
Renata Lira, diretora do Xandu, falando do filme. |
Ela falou da parceria com Táta Kinamboji e do Projeto Azuelar, lembrou da oficina ofertada dentro do terreiro em 2009 e dos conceitos de “tecnologia do possível”, e disse que o mais importante nesse processo de construção do 'Xandu' foi a compreensão que ela pode se utilizar da linguagem do cinema com os recursos técnicos disponíveis, inclusive com o seu celular.
O filme 'Xandu', |
Mametu Nangetu parabenizou a realização do filme e louvou os frutos vindos da parceria do Insituto Nangetu com a Irmandade dos Rosário, falou da importância desse filme para as futuras gerações e para os jovens urbanos que parecem ter perdido o interesse pelo aprendizado dos conhecimentos dos povos da floresta, conhecimento que é a característica da identidade amazônida. Renata ainda acrescentou que teve a mesma sensação quando viu o filme pronto, disse que ela mesma aprendeu muito com o convívio com a 'Prima Xandu' e com o processo da extração do óleo da andiroba.
A cosmologia afro-brasileira veio à tona quando Táta Dianvula estabeleceu pontos de convergências entre o “Xandu” e o “A boca do mundo”, falou que mesmo que os filmes tenham sido feitos em cidades, assuntos e univeros distintos, eles trazem semelhanças muito fortes nos modos de vida e nas relações que as personagens estabelecem com as coisas do mundo, e concluiu que a proximidade pode estar relacionada à ancestralidade comum aos realizadores dos dois filmes.
Cenas de 'A boca do mundo' |
Aí a conversa caminhou para as situações apresentadas no “A boca do mundo” e a identificasção de Exu com a rua e com o comércio.
A sessão especial do cineclube desta segunda-feira, 5 de dezembro, foi mais que uma sessão de cinema, foi uma celebração às ações e conquistas da comunidade do Mansu Nangetu.
Canas do filme 'A boca do mundo' |
A sessão marcou o encerramento das atividades cineclubistas neste ano de 2011, e um pouco antes de seu início foi feita uma avaliação da atuação do Instituto Nangetu para a defesa da cidadania e direitos humanos, para a igualdade racial, para a saúde e para a cultura de terreiros.
A apresentação deu destaque para a projeção das fotos da participação de Mametu Nangetu e Táta Kinamboji na I Oficina Nacional de Construção de Políticas Públicas para Povos de Terreiros, que aconteceu em São Luís do Maranhão de 27 a 30 de novembro, e durante a projeção também era informado a percepção dos dois sobre os acontecimentos durante o evento promovido pelo Ministério da Cultura.
Fotos das ações recentes foram projetadas e comentadas. |
Antes dos filmes programados para a sessão, foram exibidos os depoimentos do cineasta Joel Zito de Araújo e de lideranças de terreiros sobre a importância do cinema negro e do cineclubismo no Brasil, depoimentos recolhidos em São Luís com discursos que também apontam para a potência dos cineclubes nos terreiros, e foram palavras de incentivo muito bem recebidas pela comunidade do Mansu, palavras que alimentaram a auto-estima da equipe do cineclube.
Joel Zito de Araújo fala dos cineclubes nos terreiros. |
A conclusão de toda a conversa é que estamos no caminho certo e que temos que fazer cada vez mais disso mesmo que temos feito, mostrar para o mundo aquilo que se pode mostrar dos nossos costumes e modos de vida.
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