domingo, 29 de julho de 2012
Para lembrar os tempos da Atlantida!
A sessão com o filme "Nem Sansão, nem Dalia", de Carlos Manga, provocou a memória de quem viveu a época de ouro da Atlântida. Ninguém esperou o filme acabar pro debate acontecer, em meio a gargalhadas e comentários sobre cada cena do filme, Mametu Nangetu e Mametu Kutemoji narraram também as memórias do que era ir pro cinema na época que haviam cinema nos bairros...
Foto de Táta Kamelemba/ Projeto Azuelar - Instituto Nangetu/ Ponto de Mídia Livre.
Cineclube Nangetu participou de sessão experimental com professores em Tucuruí.
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Sessão lotada para ver cinema brasileiro em Tucuruí. |
A sessão foi uma experiência proposta pelo cineclubista
Arthur Leandro (Táta Kinamboji) e aconteceu na Escola Municipal de Ensino
Fundamental Maestro João Leite, em Tucurui. Arthur explicou que foi uma sessão
experimental promovida pela turma de formação de professores em Artes Visuais do Pólo da
UFPA em Tucuruí, em parceria com a Federação Paraense de Cineclubes/ PARACINE, com
a diretoria norte do Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros - CNC; com a
rede [aparelho]-: e com o Cineclube Nangetu - que foi quem forneceu os filmes
para a mostra.
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"A onda - festa na pororoca" abriu a sessão com animação paraense. |
Antes da sessão a comunidade universitária exibiu os vídeos
de depoimentos de professores da UFPA sobre a GREVE nas IFES, e aproveitou a
mobilização para o evento cultural para informar a população e buscar apoio para a luta do ANDES-SN por
melhores condições de trabalho docente, carreira digna aos professores
universitários e mais investimentos para as universidades na Amazônia.
A programação de filmes foi pensada por um conselho editorial
formado por professores e cineclubistas, e contou com filmes destinados a 3 faixas
etárias diferentes\; filmes para crianças até 10 anos, filmes para jovens até
17 anos e filmes para adultos. A linha editorial da mostra primou pela
DIVERSIDADE, a diversidade cultural, social, racial e sexual, na tentativa de
estabelecer debates sobre respeito e convivência humana respeitosa numa
sociedade multicultural como a sociedade brasileira.
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A professora Sheila Moura falou da proposta em nome dos organizadores. |
A apresentação do evento coube ao prof. Jessé, coordenador do
Programa de Formação de Professores no campus da UFPA em Tucuruí, que falou da
proposta como um evento de extensão da UFPA que tem como objetivo mobilizar os professores
da rede pública de ensino para a implantação de cineclubes nas escolas da
região. A resposta para a proposta foi a presença de professores dos municípios
de Tucuruí, Breu Branco, Novo Repartimento, Mocajuba, Baião e Altamira, todos
interessados em desenvolver atividades em, suas escolas para que se tornem cineclubes
e contribuam com a formação, produção e difusão do cinema brasileiro em cada um
dos municípios ali presentes, aém da comunidade atendida pela escola Maestro
João Leite que compareceu com mais de 100 pessoas que vieram participar da
sessão.
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"Gilda e Gilberto" provocou reflexões sobre afeto e amizade entre as diferenças. |
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"O moleque" trouxe debate sobre amizade e relações étnico-raciais no Brasil. |
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"Dona Carmela" despertou comentários sobre envelhecimento e respeito aos idosos. |
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"Ernesto no país do futebol" provocou o debate do esporte como fator de promoção da paz e convivência pacífica. |
Os filmes exibidos foram: 1. O onda – festa na pororoca; 2.Minhocas;
3.O veado e a onça; 4.Calango; 5.Gilda e Gilberto; 6.Taina-Kan – a grande
estrela 7.Dona Carmela; 8.O moleque; 9.São João do carneirinho; 10.Uma jangada
chamada Bruna 11.Ernesto no país do futebol 12.Eu não quero voltar sozinho
13.Quanto vale ou é por quilo.
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"Eu não quero voltar sozinho" |
A sessão foi longa, afinal foram 3 sessões numa única noite,
e apesar do cansaço também foi gratificante parta todos os que promoveram o evento,
principalmente pelo interesse dos professores em montarem projetos cineclubistas e
o interesse de gestores municipais em financiar o
cineclubismo para escolas públicas.
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"Quanto vale ou é por quilo" colocou em debate racismo e relações de poder na sociedade brasileira. |
Esses rituais pareciam mais com os do espiritismo!
A sessão fez parte da programação do mês de julho do Cineclube
Nangetu, e trouxe para a Cineclube os membros da comunidade que ficaram em
Belém no período das férias escolares, eles vieram em busca de um outro tipo de
diversão, é o cinema como entretenimento e educação.
Durante a exibição do filme todos riam das situações
apresentadas no enredo do “O jeca e a égua milagrosa”, riam das frases de duplo
sentido e das situações de comédia de costumes. Entretanto ao iniciar a roda de
conversa Mametu Kutemoji disse logo: 'isso mais parece espiritismo do que
religiões afro-brasileiras”, disse que desconhecia o que chamavam de Umbanda em
São Paulo mas que tinha estranhado que todo o enredo do filme se baseava na
comunicação com espírito de pessoas falecidas ao invés de se basear no culto
aos Nkisis ou mesmo ao culto aos cabocos e encantarias.
A concordância com o observação de Mametu Kutemoji foi geral,
e para os presentes também ficou evidente que essa confusão é fruto do
desconhecimento da sociedade sobre as práticas religiosas afro-brasileiras,
porém nenhum dos presentes se sentiu ofendido com o enredo do filme.
Tata Kinamboji propôs a reflexão sobre a relação da religião
com a política, e lembrou que no filme
os dois candidatos à prefeitura municipal eram apresentados como “Pais de
santo”, e frisou as aspas em sua frase. Foi assim que a roda de conversa passou a analisar os
perigos do uso do misticismo e o fanatismo religioso na política, e vários exemplos
do fundamentalismo cristão foram citados nesse debate.
A mensagem que ficou como conclusão foi a necessidade de
termos cuidado quando no apoio e participação na gestão de candidatos, mesmo os
candidatos oriundos de terreiros, para que a nossa participação política na
sociedade se reflita em ações de valorização de identidade dos terreiros e em
ações de garantia de Direitos Humanos e Cidadania para toda a população. Para
isso também é necessário ampliar a participação dos Povos de Terreiro na política
participativa, investindo nas instâncias
de diálogo do poder público com a sociedade civil, ou seja: nos conselhos
constituídos.
Texto e fotos de Táta Kinamboji/ Projeto Azuelar - Instituto Nangetu/ Ponto de Mídia Livre.
sexta-feira, 20 de julho de 2012
Queremos a natureza viva! Conhecimentos tradicionais, reciclagem e meio ambiente em vídeo educativo.
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Comunidadde do Mansu Nangetu e pesquisadores do GEAAM/ UFPA em filmagem nas matas da CEASA em Belém. |
A proposta de parceria partiu dos pesquisadores Alessandro Ricardo Campos, Kátia Simone Araújo, Johny Numor e Renato Trindade, eles chegaram com a proposta de utilizar as práticas rituais e os conhecimentos tradicionais do terreiro para construir um vídeo que mostre os mecanismos cotidianos de educação para a preservação do meio ambiente desenvolvidos no Mansu Nangetu.
O vídeo tem a finalidade de se tornar um recurso didático para o ensino básico e será apresentado para avaliação de banca no Grupo de Estudos Afro-amazônico do IFCH/ UFPA, pois faz parte da monografia de conclusão de curso de especialização em “Saberes Africanos e Afro-brasileiros na Amazônia – Implantação da Lei 10.629/03”, monografia que é desenvolvida sob a orientação do Prof. Arthur Leandro - oTáta Kinamboji.
A proposta resultou em uma realização em parceria com o Projeto Azuelar, aproveitando os investimentos do Mansu Nangetu no audiovisual que colocou a equipe do projeto nessa produção em pé de igualdade com os pesquisadores - é um vídeo conjunto. As filmagens aconteceram de 19 de junho a 17 de julho, em locações no Mansu Nangetu e na área da mata da CEASA – que fica à 10 minutos do terreiro e ee tradicionalmente utilizada nos rituais da comunidade–, e retratam dois momentos que os pesquisadores consideraram importante de levar para os estudantes e professores de ensino fundamental e médio como exemplo de conhecimento afro-amazônico a ser trabalhado nas escola. São eles: a construção de recipientes com material reciclável e os cuidados com os espaços de mata e igarapés nas oferendas com material biodegradável realizadas para os Nkisis e Cabocos.
A Agenda 21 da Cultura já aponta que existem claras analogias políticas entre as questões culturais eecológicas, pois tanto a cultura como o meio ambiente são bens comuns da humanidade, e assim a preservação do meio ambiente também se relaciona com a diversidade cultural e a preservação dos conhecimentos tradicionais. A pesquisa do grupo aponta para a estreita relação entre o cotidiano do terreiro e a preservação do meio ambiente.
Da experiência para a consciência político-social.
Daí em diante Mametu Deumbanda
comandou a roda de conversa, disse em tom reflexivo que tinha de
reconhecer que na maioria das vezes a gente critica sem saber da
história 'do outro', e que nada garantia que as manchetes de
jornal, que tanto influenciam nos nossos medos de pessoas diferentes,
não escondessem histórias de solidariedade e resistência como essa
do filme. Para ela o momento mais emocionante foi quando ele arriscou
ser pego pela polícia para ajudar o povo do terreiro a recuperar o
assentamento de Ogum.
Kinamboji disse que o que destaca nessa
estória é como a experiência com golpes e pequenos furtos de um
grupo de jovens vai gradativamente se tornando consciência e luta
política, que na narrativa de Jorge Amado parece ser possível
identificar o momento em que cada um dos personagens se dá conta de
seu papel nas lutas sociais – situação que se torna evidente
quando o “professor” especula sobre o futuro das personagens -, e
que é essa a mensagem que ele gostaria que cada um da comunidade do
Mansu Nangetu tivesse como exemplo, que projetassem para o futuro o
seu papel político-social.
Texto e fotos de Táta Kinamboji/
Projeto Azuelar – Instituto Nangetu/ Ponto de Mídia Livre.
Mametu Nangetu pretigiou os ritos de Oxalá no Ilê Axé Babá Abuke.
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Mametu Nangetu com Pai Carlinhos de Oxum (à direita), Babá Edson Catendê, Babá Serginho de Ogum e o Ogã do Ilê Axé Iyá Omi Ofá Kare. |
Mametu Nangetu esteve no Candomblé de
Mãe Matilde de Oxalá no Ilê Axé Babá Abukê. O ritual esteve na
responsabilidade de pai Carlinhos de Oxum e a teve presença de lideranças
de terreiros da maior importância para Belém do Pará. Todos foram
prestigiar os rituais de Mãe Matilde, sacerdotisa que em sua
trajetória conquistou o afeto do povo de terreiro em Belém.
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Oxaguiã de Mãe Matilde dançando em sua festa. |
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O Ilê Axé babá Abukê lotou para a celebração religiosa em louvor de Oxalá. |
Nangetu, de Alcyr Morrison, e as produções audiovisuais do terreiro.
Fizemos uma sessão especial com um filme que é produro do Instituto Nangetu em parceria com o Instituto de Estudos Superiores da Amazônia - IESAM.
O filme é fruto de um projeto de extensão universitária do prof. Alcyr Morrison (Alcyr de Katende) que também é membro da comunidade do Mansu, e que através de depoimentos dos sacerdotes e amigos de Mametu vai construindo a narrativa de 25 anos de história deste terreiro de Candomblé Angola.
A maioria dos presentes tecia comentários sobre as mudanças que o tempo provocou nas pessoas e no lugar, e ao fim Mametu provocou a comunidade para a realização de um filme de ficcção.
Texto e fotos de Táta Kamelembá/ Projeto Azuelar - Instituto Nangetu/ Ponto de Mídia Livre.
segunda-feira, 16 de julho de 2012
A juventude do terreiro e a paixão pelos folguedos juninos.
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Quadrilha de "Santa Luzia" ganhou o concurso promovido pelo Governo do Pará em 2012. |
Tal qual o carnaval, o mês de junho também mobiliza a comunidade do Mansu Nangetu para os folguedos populares. São as festas dos santos juninos que fazem a juventude do terreiro passar quase três meses ensaiando coreografias para as apresentações. Muller de Nazaze diz que começaram a ensaiar no mês de março e que tanta dedicação é pra fazer bonito no mês de junho.
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Juventude jurunense mantém viva as tradições juninas na quadrilha "Santa Luzia". |
Para dançar no mês de junho, a comunidade do Mansu Nangetu se divide em duas qadrilas, a “Arrastão junino” da Cidade Velha, que é comandada por Venina Santos e tem Brenda Yasmim como Miss Caipira, e a “Santa Luzia” do Jurunas, onde dançam Táta Kamelemba, Müller de Nzaze, e Andréia de Dandalunda.
Táta Kamelembá conta que desde criança dançava em quadrilha, diz que era a sua mãe que lhe levava para dançar no bairro do Jurunas, “foi aos 9 anos que comecei a dançar quadrilha para as festividades dos santos juninos, se chamava “Pimpolhos na roça”, uma quadrilha só de crianças que se apresentava apenas naquele bairro. Depois passei a integrar o”Grupo Junino Quadrilha Santa Luzia”, grupo que permaneço até hoje e além de dançar, também faço a produção do grupo e executo o projeto de figurino e adereços”.
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Müller de Nzaze, Mônica e Táta Kamelembá na quadrilha de Santa Luzia. |
Para fazer a 'festa acontecer' eles contam que os vizinhos ajudam na mobilização de cada bairro para juntar dinheiro pros grupos se apresentarem. São os vizinhos que ajudam em rifas e bingos, que emprestam aparelhos de som para as festas de arrecadação do dinheiro que é usado para montar os figurinos. As roupas dos figurinos são guardadas e ajudam também na arrecadação para o compor o figurino do ano seguinte, pois ao fim da 'quadra junina' elas são alugadas ou vendidas para outros grupos.
As quadrilhas dançam em um extenso calendário de concursos promovidos por prefeituras municipais, clubes, Igrejas e Agremiações Carnavalescas. O concurso da Prefeitura Municipal de Belém acontece na Praça Waldemar Henrique, o do Governo do Estado na Praça do Povo (CENTUR), mas ainda tem o concurso intermunicipal de Ananindeua e este ano as quadrilhas ainda foram disputar o título do concurso intermunicipal em Tracuateua, na zona bragantina. E nos concursos promovidos pelo Rancho não Posso me Amofiná e do terreiro do Pai Reginaldo Lopes, além de apresentações em diversas festas juninas espalhadas pela zona metropolitana de Belém.
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Quadrilha "Arrastão junino", da Cidade Velha, dançou para Santo Onofre no Mansu Nangetu. |
E para a alegria e orgulho do Mansu Nangetu, a quadrilha “Arrastão junino” ganhou o concurso promovido pelo Terreiro de Pai Reginaldo Lopes, e a “Santa Luzia” arrebatou o título no concurso promovido pelo Governo do Estado do Pará.
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"Arrastão junino" em sua apresentação no Mansu Nangetu. |
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Quadrilha "Arrastão junino" fez a alegria da população no bairro do Marco no dia de Santo Onofre. |
Texto de Táta Kinamboji/ Projeto Azuelar - Instituto Nangetu/ Ponto de Mídia Livre.
Fotos de Táta Kinamboji/ Luah Sampaio (UFPA - Projeto Diálogos em Cabana de Caboco)/ e acervo das quadrilhas "Santa Luzia" e "Arrastão junino"
domingo, 15 de julho de 2012
Comédias da Atlantida encerram programação de férias no Cineclube Nangetu.
Durante o mês de julho o Cineclube Nangetu exibe filmes especialmente
para o entretenimento no período de férias escolares, o princípio da
programação de férias é a diretriz "CINEMA NÃO É SÓ DIVERSÃO"...
Nem Sansão nem Dalila (1954), é um filme brasileiro estrelado por Oscarito, dirigido por Carlos Manga.
Sinopse: Por intermédio de uma máquina do tempo apresentada numa conferência científica, um humilde barbeiro é transportado para uma "época antes de Cristo" na qual se torna o poderoso Sansão às voltas com as manobras de poder dos políticos locais que procuram, por meio da sedutora Dalila, arrancar-lhe as forças.
Tv. Pirajá, 1194 - Marco da légua.
Belém do Grão-Pará.
CEP 66.095-631
Fones: (91)32267599; (91) 88067351 (Mametu Nangetu).
Nem Sansão nem Dalila (1954), é um filme brasileiro estrelado por Oscarito, dirigido por Carlos Manga.
Sinopse: Por intermédio de uma máquina do tempo apresentada numa conferência científica, um humilde barbeiro é transportado para uma "época antes de Cristo" na qual se torna o poderoso Sansão às voltas com as manobras de poder dos políticos locais que procuram, por meio da sedutora Dalila, arrancar-lhe as forças.
Quanto mais Manga melhor (2007)
Sinopse: Documentário em vídeo sobre
a direção de atores de Carlos Manga nos filmes da Atlântida
Cinematográfica desde a década de 50 até 70, com depoimentos do
próprio Manga, e de atores consagrados da época e de hoje.
Cineclube Nangetu.
Sexta, 27 de julho de 2012. 19h.
Tv. Pirajá, 1194 - Marco da légua.
Belém do Grão-Pará.
CEP 66.095-631
Fones: (91)32267599; (91) 88067351 (Mametu Nangetu).
Cineclube Nangetu recebeu visita da Programadora Brasil.
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Mametu Nangetu contando a experiência cineclubista para Leandro Batista e Carlos Alberto Mattos da Programadora Brasil. |
Foi uma sessão especial, especial
porque o Cineclube Nangetu recebeu neste dia uma equipe da
Programadora Brasil que veio a Belém vivenciar o uso dos filmes da
Programadora Brasil nas atividades de Cineclubes que destacam pela
atuação como exibidores dos filmes do catálogo da Programadora. E
essa visita para conviver conosco durante a preparação e realização
da sessão foi festejada por toda a comunidade.
Mametu Nangetu chamou os coordenadores
do cineclube e o conselho editorial e pediu que mobilizassem as
organizações parceiras para vir participar da sessão e ela mesma
mobilizou a comunidade do terreiro para que a comunidade participasse
desse momento.
A cozinha ficou na responsabilidade de
Mametu Deumbanda, que coordenou a equipe que preparou bolo do milho,
pipoca e cachorro quente para os convidados. Com tudo pronto para o
inicio dos filmes, baixou-se a tela para a sessão com casa lotada e
o cesto de pipoca passando de mão em mão...


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Tata Kinamboji e Táta Dianvula assistiram o filme da área para fumantes. |
Ao fim da exibição, se reorganizou o
espaço do terreiro numa grande roda para a conversa sobre
cineclubismo nos terreiros e os filmes da sessão. Foi Mametu Nangetu
quem iniciou o debate,e começou agradecendo a presença dos membros
da comunidade, das organizações parceiras e de todos os que vieram
na programação do cineclube, disse que esta era uma noite especial
em que o cineclube recebia a equipe da Programadora Brasil formada
pelo Leandro Batista e o Carlos Alberto Mattos, e que esperava que a
conversa fosse proveitosa para todos ali presentes.
Mametu continuou falando da experiência
cineclubista e da importância do cineclube para o Mansu Nangetu, e
disse que o cineclube havia se tornado uma eficiente ferramenta de
combate ao racismo pelo viés da intolerância religiosa,Pai Esmael
acrescentou que é o interesse da juventude de seu terreiro que
mantém a atividade cineclubista, e contou orgulhoso que seus netos
já fizeram até oficinas em audiovisual e que já estão fazendo
pequenos filmes em seu terreiro.
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Celi Abdora, (em primeiro plano) falou das redes e das parcerias do cineclube. |
Celi Abdoral avaliou a articulação
dos cineclubes dos terreiros e disse que essa rede se expandiu em
novas fronteiras e com outras instituições, citou a parceira com o
cineclube “Café com direitos humanos” (SDDH) e a discussão da
transexualidade nos terreiros que foi provocada pelo filme
Bombadeira, do Luís Carlos Alencar, em maio passado,... Disse que
algumas coisas eram importante de ressaltar nessa articulação
potencializada pelo Instituto Nangetu e encampada pela PARACINE e o
Conselho Nacional de Cineclubes - CNC, uma delas é que pela
localização dos terreiros em bairros periféricos a rede espalha o
acesso aos conteúdos culturais e cria situações muito próxima
daquilo que chamamos de democratização do audiovisual, pois atende
as camadas mais pobres da população e acontece em áreas
desprovidas de equipamentos culturais.Continuou contando da sessão
realizada nessa parceria com a SDDH no Cineclube da ARCAXA, e que a
divulgação da sessão para discutir Direitos Humanos nos jornais e
outros veículos de informação acabou por levar um grupo
significativo de advogados para um contexto desconhecido da maioria
dos praticantes da profissão – um terreiro e no “olho do
Guamá”...
E aproveitando a 'deixa' da memória do
Bombadeira, Celi apontou questões de gênero e a representação dos
papeis sociais de gênero que foi expressa na “A saga do guerreiro
alumioso”.... Ela chamou a atenção para detalhes como, em
principio, mulher não senta à mesa para discussão política e que
a mulher estava o tempo todo no espaço doméstico: na cozinha. A
divisão sexual do trabalho, inclusive a divisão de gênero nos
trabalhos ritualísticos das religiões afro-brasileiras tomou conta
da conversa, e Celi comparou a situação retratada com a
participação da mulher nas lutas sociais na Amazônia, um lugar
onde as mulheres são lideranças políticas inclusive na luta pelo
direito à terra.
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Domingos Conceição durante a roda de conversa. |
Nesse momento Domingos Conceição
relacionou os conflitos de terra e o coronelato nordestino com a
grilagem de terra e a luta pelo direito à terra na Amazônia, mas
também trouxe a discussão sobre a religiosidade expressa no filme e
sem saber direito quais eram aqueles cultos, disse que percebia
traços da religiosidade afro-brasileira naqueles rituais.
Carlos Alberto Mattos disse que em
recente divulgação de pesquisa, o Pará foi considerado como um dos
estados mais católicos do Brasil. Mametu Nangetu retrucou
argumentando sobre a negação do IBGE em contabilizar a população
dos terreiros no censo de 2010, disse que coordenou a pesquisa de
dois mapeamentos de terreiros e que estima que somos 10% da população
brasileira. Táta Kinamboji colocou em dúvida os dados estatísticos,
apontou para o Táta Kitauanje e disse “esta aqui o diretor da
festa de São Benedito – Igreja do Jurunas – e ele é sacerdote
de terreiro”, em seguida apontou para Pai Esmael Tavares e disse
que era ele quem fazia a procissão de São Sebastião na Cidade
Velha, e que o finado João de Guapindaia, renomado lider de terreiro
do bairro da Pedreira, acompanhava o Círio “pregado” na berlinda
de N. Sra. de Nazaré. Contou, ainda, que quando foi fotografar na procissão
de N. Senhor dos Passos na sexta feira santa de 2010 teve a grata
surpresa de perceber que numa procissão pequena, com pouco mais de 300
pessoas, a maioria dos devotos naquela procissão era composta de
irmãos de terreiros, mas, enfim, as pesquisas que apontam o alto percentual da população católica não aceitam a dupla identidade,
e que, ao fim, os dados não refletem a realidade....
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Leandro Batista parabenizou a todos que fazem o cineclube acontecer. |
Leandro Batista pediu a palavra e
registrou que estava na sessão para conhecer o trabalho do
cineclube, trabalho que foi reconhecido pela Programadora Brasil como de um
cineclube que se destaca em suas atividades, assim esse trabalho
despertou o interesse da equipe da Programadora Brasil em conversar com os
coordenadores e freqüentadores do Cineclube Nangetu para melhorar a
relação entre as instituições e estreitar a relação entre a
fornecedora de filmes e seu público. Por fim, declarou seu
contentamento com o que presenciou e parabenizou a todos por fazerem
o cineclube acontecer.
Antes de finalizar os trabalhos, Mametu Nangetu anunciou que havia trazido algumas camisetas da Pré-jornada Nacional de cineclubes que aconteceu em Santa Maria no Rio Grande do Sul, e promoveu um sorteio entre os que ficaram até o final do debate.
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Gracinete Belarosa foi uma das sorteadas da noite. |
Texto e fotos de Táta Kinamboji/ Projeto Azuelar - Insitituto Nangetu/ Ponto de Mídia Livre.
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