domingo, 29 de julho de 2012

Esses rituais pareciam mais com os do espiritismo!

A sessão fez parte da programação do mês de julho do Cineclube Nangetu, e trouxe para a Cineclube os membros da comunidade que ficaram em Belém no período das férias escolares, eles vieram em busca de um outro tipo de diversão, é o cinema como entretenimento e educação.
Durante a exibição do filme todos riam das situações apresentadas no enredo do “O jeca e a égua milagrosa”, riam das frases de duplo sentido e das situações de comédia de costumes. Entretanto ao iniciar a roda de conversa Mametu Kutemoji disse logo: 'isso mais parece espiritismo do que religiões afro-brasileiras”, disse que desconhecia o que chamavam de Umbanda em São Paulo mas que tinha estranhado que todo o enredo do filme se baseava na comunicação com espírito de pessoas falecidas ao invés de se basear no culto aos Nkisis ou mesmo ao culto aos cabocos e encantarias.
A concordância com o observação de Mametu Kutemoji foi geral, e para os presentes também ficou evidente que essa confusão é fruto do desconhecimento da sociedade sobre as práticas religiosas afro-brasileiras, porém nenhum dos presentes se sentiu ofendido com o enredo do filme.
Tata Kinamboji propôs a reflexão sobre a relação da religião com a política, e lembrou que  no filme os dois candidatos à prefeitura municipal eram apresentados como “Pais de santo”, e frisou as aspas em sua frase. Foi assim que  a roda de conversa passou a analisar os perigos do uso do misticismo e o fanatismo religioso na política, e vários exemplos do fundamentalismo cristão foram citados nesse debate.
A mensagem que ficou como conclusão foi a necessidade de termos cuidado quando no apoio e participação na gestão de candidatos, mesmo os candidatos oriundos de terreiros, para que a nossa participação política na sociedade se reflita em ações de valorização de identidade dos terreiros e em ações de garantia de Direitos Humanos e Cidadania para toda a população. Para isso também é necessário ampliar a participação dos Povos de Terreiro na política participativa, investindo  nas instâncias de diálogo do poder público com a sociedade civil, ou seja: nos conselhos constituídos.

Texto e fotos de Táta Kinamboji/ Projeto Azuelar - Instituto Nangetu/ Ponto de Mídia Livre.

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