A sessão fez parte da programação do mês de julho do Cineclube
Nangetu, e trouxe para a Cineclube os membros da comunidade que ficaram em
Belém no período das férias escolares, eles vieram em busca de um outro tipo de
diversão, é o cinema como entretenimento e educação.
Durante a exibição do filme todos riam das situações
apresentadas no enredo do “O jeca e a égua milagrosa”, riam das frases de duplo
sentido e das situações de comédia de costumes. Entretanto ao iniciar a roda de
conversa Mametu Kutemoji disse logo: 'isso mais parece espiritismo do que
religiões afro-brasileiras”, disse que desconhecia o que chamavam de Umbanda em
São Paulo mas que tinha estranhado que todo o enredo do filme se baseava na
comunicação com espírito de pessoas falecidas ao invés de se basear no culto
aos Nkisis ou mesmo ao culto aos cabocos e encantarias.
A concordância com o observação de Mametu Kutemoji foi geral,
e para os presentes também ficou evidente que essa confusão é fruto do
desconhecimento da sociedade sobre as práticas religiosas afro-brasileiras,
porém nenhum dos presentes se sentiu ofendido com o enredo do filme.
Tata Kinamboji propôs a reflexão sobre a relação da religião
com a política, e lembrou que no filme
os dois candidatos à prefeitura municipal eram apresentados como “Pais de
santo”, e frisou as aspas em sua frase. Foi assim que a roda de conversa passou a analisar os
perigos do uso do misticismo e o fanatismo religioso na política, e vários exemplos
do fundamentalismo cristão foram citados nesse debate.
A mensagem que ficou como conclusão foi a necessidade de
termos cuidado quando no apoio e participação na gestão de candidatos, mesmo os
candidatos oriundos de terreiros, para que a nossa participação política na
sociedade se reflita em ações de valorização de identidade dos terreiros e em
ações de garantia de Direitos Humanos e Cidadania para toda a população. Para
isso também é necessário ampliar a participação dos Povos de Terreiro na política
participativa, investindo nas instâncias
de diálogo do poder público com a sociedade civil, ou seja: nos conselhos
constituídos.
Texto e fotos de Táta Kinamboji/ Projeto Azuelar - Instituto Nangetu/ Ponto de Mídia Livre.
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