A sétima edição do ENGA – Encontro Nacional de Grupos de
Agroecologia aconteceu entre os dias 28 de setembro a 01 de outubro de 2015. O
evento se realizou em conjunto com o IX Congresso Brasileiro de Agroecologia,
no Hangar Centro de Convenções da Amazônia, em Belém – PA.
Santana, expondo a resistência no quilombo do Abacatal. |
Povos e comunidades tradicionais foram convidados para as
rodas de conversas, e para levar as questões dos povos tradicionais de matriz
africana ao debate promovido pelos grupos de agroecologia, o Mansu Nangetu, em parceria
com a Rede Amazônica de Tradições de Matriz Africana – REATA, e com a Associação
Afro religiosa e Cultural Ilê Iyaba Omi – ACIYOMI; promoveu uma intervenção
midiática unindo dois projetos de comunicação social comunitária e étnica: a
rádio-janela Azuelar, do Instituto Nangetu, e a Rádio Portão da ACIYOMI.
Feminismo negro e as lutas dos povos tradicionais na Amazônia. |
A intervenção foi a veiculação de um programa de rádio com
uma hora de informação produzida pelos projetos dos terreiros, levando aos
participantes do encontro depoimentos e entrevistas de autoridades de terreiros
de matriz africana de várias regiões brasileiras com conteúdos relacionados aos
temos das rodas de conversas que completavam a programação.
Na segunda-feira, dia 28 de setembro, o tema foi “Territórios
e Territorialidade, não esbandalhe meu tapiri!”, e a necessidade de políticas
públicas de preservação de igarapés e matas urbanas como garantia da
continuidade das práticas tradicionais nas grandes cidades, além da crítica à
propriedade privada no sistema capitalista, que impede o acesso ao patrimônio
ambiental. Já na terça-feira, dia 29, o tema foi “Gênero e Feminismo: te
orienta ‘macho’!”, debatendo o protagonismo afro-feminino nas lutas dos povos
tradicionais na Amazônia. E finalmente, na quarta-feira, dia 30 de setembro, o
avanço da política fundamentalista da bancada “BBB” (Boi, Bala e Bíblia)
norteou a conversa sobre o tema “Intolerância Religiosa: tu é doido é?!”.
Combater o racismo religioso para a sobrevivência do pensamento afro-centrado. |
Nos três dias de debates, os participantes das rodas de
conversa evidenciaram o racismo institucional, aquele que é praticado por
agentes do estado e que nega direitos de cidadãos aos povos e comunidades
tradicionais, em especial na análise do comportamento da bancada BBB no congresso
eleito em 2014, com o “b” de ‘boi’ que representa o agronegócio a avançar sobre
terras quilombolas e indígenas para a criação de pastos e monoculturas agrícolas,
a bancada do “b” da ‘bala’ a promover a indústria do medo que promove o genocídio
da juventude negra nas cidades, e a bancada do “b” da ‘Bíblia’ a promover a demonização
do sagrado de origem na África negra e, com esse procedimento, a promover o
etnocidio pela negação e tentativa de apagamento da compreensão de mundo que
gera o pensamento afro-centrado.
Apesar da análise de conjuntura resultar num quadro
desolador, os debatedores afirmaram que os mais de quinhentos anos de resistência
à violência colonizadora já demonstraram a capacidade de sobrevivência do povo
negro na adversidade em que vivem no Brasil, e que apesar do ambiente hostil,
nossas tradições não serão extintas.
Participaram das conversas: Mametu Nangetu e Táta Kinamboji (Mansu Nangetu), Maria Malcher
(CEDENPA e Comitê da Marcha de Mulheres Negras), Raimundo e Santana (Quilombo
do Abacatal em Ananindeua), Isabel (Erveira do Ver-o-Peso), e representantes de comunidades ribeirinhas de
Maracanã/PA. Edição do programa de Rádio: Vitor Gonçalves, Samily Maria
Moreira da Silva e Silva e Sibely Nunes Nascimento.
Bolsistas de projetos de extensão da UFPA formaram a equipe técnica da intervenção midática. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário