quarta-feira, 28 de outubro de 2015

“Box da diversidade” leva experiência de educação ambiental do Mansu Nangetu para o Brasil inteiro.


O curta"O Sagrado e o Ecológico no Candomblé de Angola" vai circular o Brasil inteiro em cineclubes e escolas, o filme educativo é uma produção coletiva realizada em 2012 pela comunidade do Mansu Nangetu (Projeto Azuelar) em parceria com pesquisadores da Especialização em Saberes Africanos e Afro-brasileiros na Amazônia, ofertado pelo Grupo de Estudos Afro-amazônico (NEAB) da Universidade Federal do Pará, e mostra práticas ecológicas de terreiro como exemplo de educação ambiental para crianças e jovens.

Na noite do sábado, dia 3 de outubro, na fonte do Tereré, um quilombo urbano no município de Vera Cruz, que fica na Ilha de Itaparica, Bahia, aconteceu a “Roda de leituras transversais” para o lançamento dos filmes com as temáticas da ‘infância e juventude’ e  da ‘biodiversidade e meio ambiente’ que compõem o “Box da diversidade” – um projeto de caráter cultural e educativo que reúne uma coletânea de filmes brasileiros para ser distribuída gratuitamente para escolas públicas, cineclubes e organizações sociais. O projeto é desenvolvido pelo Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros/ CNC, e começa a ser distribuído ainda este ano.
A sessão de lançamento que contou com a exibição do filme aconteceu ao ar livre, com a comunidade do quilombo urbano, produtores audiovisuais e cineclubistas confortavelmente instalados no gramado da área de convivência da comunidade e em cadeiras espalhadas pelo ‘terreiro’ na fonte do Tereré e debate com Táta Kinamboji, Márcia Nascimento e Antonio Balbino.

Táta Kinamboji iniciou o debate falando sobre as diretrizes do Projeto Azuelar e do Cineclube Nangetu, contou a sucessão de acasos que estão nos primórdios da formação do cineclube e que a experiência cineclubista do Mansu se expandiu para uma rede de cineclubes de terreiros que primeiro ocupou a zona metropolitana de Belém do Pará, para depois se espalhar para vários terreiros da Amazônia brasileira. Kinamboji disse que o cineclube trabalha com o tripé de difusão, formação e produção audiovisual com caráter étnico e racial e de valorização das tradições de matriz africana na Amazônia, e que a comunidade produz vários documentários com o que chama de ‘tecnologia do possível’, ele diz que a proposta veio dos pesquisadores que queriam a produção de material didático para ser usado em sala de aula, e que não tinha um roteiro previamente elaborado, e que o filme é o resultado do acompanhamento das ações cotidianas da comunidade .
Ele explicou que a preservação do sagrado afro-brasileiro está intimamente ligado à preservação do patrimônio ambiental, criticou os muros das propriedades privadas que dificultam o acesso aos bens naturais, e também criticou o modelo de urbanização de cidades que extinguem as áreas verdes e transformam igarapés em esgotos à céu aberto. Contou que a comunidade tenta fazer a sua parte em pequenas ações, como a confecção de vasilhas biodegradáveis para utilização em oferendas que foi mostrada no filme.

Box da Diversidade (contendo 60 filmes) para a distribuição aos cineclubes, pontos de cultura, pontos de leitura, bibliotecas públicas e comunitárias e escolas públicas. O Box possui os seguintes eixos temáticos: sexualidade e gênero; comunidades tradicionais e étnico racial; meio ambiente e biodiversidade; envelhecimento e memória; superação e acessibilidade; trânsito e pensamento nômade; infância e juventude; dessemelhanças e experimentações; diversidade regional; transversalidade geopolítica.

Pesquisa - Equipe do GEAAM/ UFPA: Alessandro Ricardo Campos, Anderson Johnny dos S. Nunes, Arthur Leandro, Kátia Simone Alves Araújo, Renato Trindade. Pesquisa - Equipe do Projeto Azuelar/ Instituto Nangetu: Mametu Nangetu, Mametu Deumbanda, Táta Kinamboji, Táta Kamelemba, Muzenza Vanjulê. Musicas: Táta Mutá "A casa dos olhos do Tempo" Táta Guiamazi/ Casa de Candomblé. Angola Redandá redanda.com.br/ . Edição: Arthur Leandro/ Táta Kinamboji, Projeto Azuelar/ Instituto Nangetu. Realização: Projeto Azuelar/ Instituto Nangetu;  CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SABERES AFRICANOS E AFRO BRASILEIROS NA AMAZÔNIA – IMPLANTAÇÃO DA LEI 10.639/03/ Grupo de Estudos Afro-amazônicos, Faculdade de Ciências Sociais/ IFCS/ UFPA, Faculdade de Artes Visuais/ ICA/ UFPA

Belém/PA, 2012

Fotos: Diogo Gomes.

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