O curta"O Sagrado e o Ecológico no Candomblé de Angola" vai circular o
Brasil inteiro em cineclubes e escolas, o filme educativo é uma produção
coletiva realizada em 2012 pela comunidade do Mansu Nangetu (Projeto Azuelar)
em parceria com pesquisadores da Especialização em Saberes Africanos e
Afro-brasileiros na Amazônia, ofertado pelo Grupo de Estudos Afro-amazônico
(NEAB) da Universidade Federal do Pará, e mostra práticas ecológicas de
terreiro como exemplo de educação ambiental para crianças e jovens.
Na noite do
sábado, dia 3 de outubro, na fonte do Tereré, um quilombo urbano no município
de Vera Cruz, que fica na Ilha de Itaparica, Bahia, aconteceu a “Roda de
leituras transversais” para o lançamento dos filmes com as temáticas da ‘infância
e juventude’ e da ‘biodiversidade e meio
ambiente’ que compõem o “Box da diversidade” – um projeto de caráter cultural e
educativo que reúne uma coletânea de filmes brasileiros para ser distribuída gratuitamente
para escolas públicas, cineclubes e organizações sociais. O projeto é
desenvolvido pelo Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros/ CNC, e começa a
ser distribuído ainda este ano.
A sessão de lançamento
que contou com a exibição do filme aconteceu ao ar livre, com a comunidade do
quilombo urbano, produtores audiovisuais e cineclubistas confortavelmente
instalados no gramado da área de convivência da comunidade e em cadeiras
espalhadas pelo ‘terreiro’ na fonte do Tereré e debate com Táta Kinamboji, Márcia
Nascimento e Antonio Balbino.
Táta
Kinamboji iniciou o debate falando sobre as diretrizes do Projeto Azuelar e do
Cineclube Nangetu, contou a sucessão de acasos que estão nos primórdios da formação
do cineclube e que a experiência cineclubista do Mansu se expandiu para uma
rede de cineclubes de terreiros que primeiro ocupou a zona metropolitana de
Belém do Pará, para depois se espalhar para vários terreiros da Amazônia
brasileira. Kinamboji disse que o cineclube trabalha com o tripé de difusão,
formação e produção audiovisual com caráter étnico e racial e de valorização
das tradições de matriz africana na Amazônia, e que a comunidade produz vários
documentários com o que chama de ‘tecnologia do possível’, ele diz que a
proposta veio dos pesquisadores que queriam a produção de material didático para
ser usado em sala de aula, e que não tinha um roteiro previamente elaborado, e
que o filme é o resultado do acompanhamento das ações cotidianas da comunidade .
Ele explicou
que a preservação do sagrado afro-brasileiro está intimamente ligado à
preservação do patrimônio ambiental, criticou os muros das propriedades
privadas que dificultam o acesso aos bens naturais, e também criticou o modelo
de urbanização de cidades que extinguem as áreas verdes e transformam igarapés
em esgotos à céu aberto. Contou que a comunidade tenta fazer a sua parte em
pequenas ações, como a confecção de vasilhas biodegradáveis para utilização em
oferendas que foi mostrada no filme.
Box da Diversidade (contendo 60 filmes) para a distribuição
aos cineclubes, pontos de cultura, pontos de leitura, bibliotecas públicas e
comunitárias e escolas públicas. O Box possui os seguintes eixos temáticos:
sexualidade e gênero; comunidades tradicionais e étnico racial; meio ambiente e
biodiversidade; envelhecimento e memória; superação e acessibilidade; trânsito
e pensamento nômade; infância e juventude; dessemelhanças e experimentações;
diversidade regional; transversalidade geopolítica.
Pesquisa -
Equipe do GEAAM/ UFPA: Alessandro Ricardo Campos, Anderson Johnny dos S. Nunes,
Arthur Leandro, Kátia Simone Alves Araújo, Renato Trindade. Pesquisa - Equipe
do Projeto Azuelar/ Instituto Nangetu: Mametu Nangetu, Mametu Deumbanda, Táta
Kinamboji, Táta Kamelemba, Muzenza Vanjulê. Musicas: Táta Mutá "A casa dos
olhos do Tempo" Táta Guiamazi/ Casa de Candomblé. Angola Redandá redanda.com.br/
. Edição: Arthur Leandro/ Táta Kinamboji, Projeto Azuelar/ Instituto Nangetu.
Realização: Projeto Azuelar/ Instituto Nangetu; CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SABERES AFRICANOS E
AFRO BRASILEIROS NA AMAZÔNIA – IMPLANTAÇÃO DA LEI 10.639/03/ Grupo de Estudos
Afro-amazônicos, Faculdade de Ciências Sociais/ IFCS/ UFPA, Faculdade de Artes
Visuais/ ICA/ UFPA
Belém/PA, 2012
Fotos: Diogo Gomes.
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