sábado, 14 de agosto de 2010

Comunidades de Terreiros de Belém falam para a Fundação Ford.




Mametu Nangetu, e outros sacerdotes, acamopanha Babá Tayando em seu relato.
Um grupo de lideranças de Comunidades Tradicionais de Terreiros apresentou para diretores da Fundação Ford os resultados do fascículo 3 da Cartilha do projeto “Nova cartografia social da Amazônia”, publicação que trata dos espaços tradicionais de uso tradicional e os espaços políticos conquistados pelos Afro-religiosos na zona metropolitana de Belém. A cartilha é resultado de uma articulação do INTECAB-PA no período em que a entidade era coordenada por Mametu Nangetu e Babá Tayandô, e registra depoimentos das lideranças de terreiros da diversidade de matrizes presentes na Amazônia oriental.
Os diretores da Fundação vieram conhecer as populações atendidas pela cartografia e a reunião aconteceu na Associação Cultural Afro-brasileira de Oxaguiã – ACAOÃ na noite de 12 de agosto, e teve a presença de 55 representantes dos movimentos sociais participantes do projeto, Babá Tayandô chamou todas as lideranças de terreiros presentes na reunião para lhe acompanhar ao falar aos diretores da fundação sobre a importância da cartilha para a visibilidade das comunidades de terreiro na cidade de Belém, disse que hoje dois mapeamentos de comunidades estão em andamento nos municípios de Ananindeua, Belém, Marituba e Santa Bárbara - que formam a zona metropolitana -, e que nesses levantamentos já se havia identificado mais de mil terreiros, números que contestam a invisibilidade social da nossa população.



Cerca de 55 representantes de movimentos sociais participam do projeto de cartografia.

Táta Kinamboji acrescentou que o processo de identificação de lugares de cultos públicos e os de coleta de folhas, e, principalmente, a publicação dessas informações na cartilha, criou um documento importante que tem sido usado pelas organizações sociais afro-religiosas para negociar ações de preservação desses locais com o poder público municipal, na negociação de ações de preservação de saberes do patrimônio imaterial afro-amazônico, e até em casos judiciais, e que os produtos da cartografia contribuíram muito com a afirmação das Comunidades de Terreiro na discussão política da cidade.
Por fim, Táta Kinamboji elogiou a atuação e as estratégias adotadas pela coordenação de Mametu Nangetu e Babá Tayandô na condução de políticas para comunidades de terreiros, e lamentou os mesmos não estarem mais na coordenação do INTECAB-PA, dizendo que produtos como a cartilha da cartografia fortalecem as comunidades de terreiro.
Também teceu elogios para a equipe do projeto de cartografia pela metodologia adotada, metodologia que, segundo ele, respeitou a polifonia das falas das comunidades de terreiro afro-amazônicas e que, enfim, ele pode dizer que este projeto é o único que conhece em que a universidade foi realmente uma parceira dos movimentos sociais.

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