Ação poética de resistência negra de Weverton Ruan. Projeto Nós de Aruanda, Belém: Galeria Theodoro Braga, abril de 2016.
O Nkisi é que nos
socorre! Ocupando territórios de
saúde, memória, poética e resistência.
Guamá, 05 de abril de 2016.Nos encaminhamos para o pronto socorro do Guamá as 16:30, com defumações, banhos, folhas, vaso e esteira.
Descemos paramentados em frente ao pronto socorro, brevemente observamos onde colocaremos o banho, ficamos bem à frente da unidade, debaixo de sua placa desgastada e caída, muitos olhares de vários os lados, uma encruzilhada movimentada na frente do pronto socorro, não demora muito saem dois guardas municipais de dentro da unidade, perguntam o que acontecia. Não me prendo muito no que falam e continuo descarregando o material do carro, sei que ligam para alguém, esse pra quem ligam já fala com a Isabela, ela em auto e bom som diz que é uma intervenção política e afroreligiosa.
Preparo o banho, ponho no oberó e jogo na placa debotada do pronto socorro, saio jogando banho pela rampa, as pessoas se afastam, uma mãe grita para o menino sair dali, as pessoas vão se afastando na medida que vou jogando o banho, jogo na entrada, ali já tem uma ambulância e socorristas que entraram com a maca pra dentro do prédio, jogo o banho na entrada, na ambulância, eram visíveis muitas pessoas debilitadas ali, negras, senhoras, senhores, crianças. Jogo o banho pela parede nas placas da prefeitura.
Volto para a frente, o incensador já está aceso e saio defumando, as pessoas já estão afastadas da frente da unidade, sigo incensando.
Pergunto para um casal se querem se incensar, a mulher diz rindo que ele estava precisando, ele responde dizendo que está pegando neles, parecem aceitar de certa forma.
Pego o oberó novamente e pergunto quem quer lavar as mãos, pergunto aos que esperavam na fila, uma mulher resmunga sentada próximo a porta, outros recusam, uma outra mulher pelo sangue de jesus, não aceita. Levo para o outro lado da rua, o moto taxistas recusam, um para faz uma graça e pede pra lavar, enxagua bem as mãos, pergunta se é pra dinheiro, digo que é para saúde e ele bate no meu ombro, saio e ele ao sair me saúda novamente. Ofereço aos guardas, a uns que passam no carro.
Pego as palhas, vou em direção a grade, as pessoas que sentavam em baixo vão se afastando subo na mureta e tranço elas na grade.
Volto junto as folhas coloco no pote e o levo para a entrada da unidade, ficou ótimo, nos organizamos para sair, algumas despedidas, conversas com um jovem evangélico e depois saímos.
Weverton Ruan Rodrigues, de
Nkosi.
Artista, membro do Mansu
Nangetu.#NósDeAruanda2016
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