segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Manifestação política e cultural de combate ao racismo pelo viés da intolerância contra as tradições de terreiros de matriz africana.

Manifestação política e cultural de combate ao racismo pelo viés da intolerância contra as tradições de terreiros de matriz africana. 

O Instituto Nangetu faz parte do Coletivo Cabano Bolivariano de Solidariedade ao Povo venezuelano, que celebra as lutas sociais na América Latina nos dias cinco (05) de cada mês, e como é no mês de janeiro o dia nacional de combate à intolerância religiosa, a primeira celebração bolivariana de 2014 trará esse tema ao debate público, debate que será promovido com a parceria da Articulação Amazônica de Povos Tradicionais de Matriz Africana/ ARATRAMA.
Por esse motivo neste primeiro domingo do ano, dia 5 de janeiro de 2014, acontece na Praça Barão do Rio Branco no bairro da Campina (em frente ao Consulado Geral da Venezuela e em frente à OAB-PA), uma manifestação cultural de combate à ao racismo religioso e em defesa das tradições de terreiros de matriz africana na Amazônia. Será montado um sistema de transmissão sonora e visual com base numa programação pautada em experimentações poéticas, troca de conteúdo, conhecimento livre e vivência, que inclui rodas de conversa e apresentação ao vivo de música tradicional de terreiros de matriz africana.




É racismo religioso! 

"O Brasil tem um histórico de negação das tradições não cristãs. Essa negação não é exatamente da religião, mas do valor de todas as tradições de matriz africana. Na verdade, para nós, é racismo", afirma Silvany Euclenio, secretária de Políticas das Comunidades Tradicionais da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).
O mês de janeiro é mais um mês que, dentre outras lutas importantes, ficou marcado no Brasil pela luta contra o racismo religioso. 21 de janeiro é o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa por meio da Lei nº 11.635, de 27 de dezembro de 2007, sancionada pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva, o que foi um reconhecimento do próprio Estado da existência do problema.
A intolerância religiosa é um conjunto de ideologias e atitudes ofensivas a crenças e práticas religiosas ou a quem não segue uma religião. É um crime de ódio que fere a liberdade e a dignidade humana. O agressor costuma usar palavras agressivas ao se referir ao grupo religioso atacado e aos elementos, deuses e hábitos da religião. Há casos em que o agressor desmoraliza símbolos religiosos, destruindo imagens, roupas e objetos ritualísticos. Em situações extremas, a intolerância religiosa pode incluir violência física e se tornar uma perseguição.
A data presta homenagem à Iyalorixá baiana Gildásia dos Santos, que faleceu nesse dia em 2000, vítima de infarto. Ela era hipertensa e teve um ataque cardíaco após ver sua imagem utilizada sem autorização, em uma matéria do jornal evangélico “Folha Universal”, edição 39, sob o título “Macumbeiros Charlatães lesam o bolso e a vida dos clientes”. O texto não era menos ofensivo e agredia as tradições de matriz africana, das quais Gildásia era representante.
A igreja foi condenada pela justiça brasileira a indenizar os herdeiros da sacerdotisa. A morte de Gildásia dos Santos e Santos não foi uma fatalidade nem tampouco é uma tragédia isolada; é um exemplo das brutalidades cometidas por racismo contra adeptos de religiões como umbanda e do candomblé.

Em defesa do Estado laico e da Cultura da Paz! 

Do dicionário, "laico" quer dizer: do Latim laicu/// adj., leigo; secular; não religioso./// Ou seja, um estado laico seria um estado totalmente desprovido de influência religiosa. Um Estado laico defende a liberdade religiosa a todos os seus cidadãos e não permite a interferência de correntes religiosas em matérias sociopolíticas e culturais.

O Brasil é um estado laico? Podemos afirmar que as decisões do estado brasileiro não sofrem influências religiosas e que os brasileiros defendem a liberdade de crença? 

Em agosto de 2013 a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República - SDH/PR iniciou o processo de seleção de representantes da sociedade civil para compor o Comitê Nacional de Diversidade Religiosa. Mametu Nangetu foi escolhida entre os dez (10) titulares da sociedade civil organizada para um mandato de dois anos junto à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, ela é a única representante de organizações sociais de toda a região norte do Brasil escolhida para essa função.
A Portaria nº 92/2013-SDH/PR, de 25 de janeiro de 2013, instituiu o Comitê Nacional da Diversidade Religiosa, que tem como finalidade auxiliar a elaboração de políticas de afirmação do direito à liberdade religiosa, do respeito à diversidade religiosa e da opção de não ter religião, promover o direito ao livre exercício das diversas práticas religiosas, disseminando uma cultura da paz, da justiça e do respeito às diferentes crenças e convicções, além de promover o debate entre grupos de pessoas de diversas crenças, buscando aproximá-los por intermédio do princípio do respeito mútuo.
É com essa perspectiva de promover a cultura da paz que promovemos esse manifesto.


Apoio: Coordenação estadual da ARATRAMA; rede [aparelho]-: ; Terreiro de Mina Estrela Guia Aldeya di Tupynambá; Projeto: Diálogo em Cabana de Caboco. FACS/ UFPA (Coordenação: Prof. Ms. João Simões e Bolsista Luah Sampaio); Projeto: Muzueri uonene kalunguê (O falador grande não tem razão). FAV e GEAM/ UFPA (Coordenação Prof. Arthur Leandro)

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