sexta-feira, 19 de abril de 2013

Cineclube Nangetu – Dia 12 de abril, 2013. Relato de sessão.



Cine Nangetu – Dia 12 de abril, 2013
“Quanto vale ou é por quilo?” de Sérgio Bianchi

Esta sessão marca um novo ritmo na minha estrada cineclubista, que aliás já soma 4 anos, ganho de presente a minha entrada na coordenação do Cine Nangetu a convite de Mametu Nangetu e Arthur Leandro, passo a dividir as tarefas com Luah Sampaio, como sou mesmo mulher de muita sorte, a casa estava cheia e o filme é magnifico.
Quero ressaltar, que na mesma data, Mametu Nangetu estava de aniversário, ou seja, se ao início da sessão a casa já estava lotada, do meio do filme pro fim foram chegando mais e mais pessoas que foram se acomodando como podiam para acompanhar o filme.
O roteiro de Quanto Vale ou é por quilo mostra como a escravidão permanece até hoje e é imposta pela lógica da mercadoria capitalista. A estrutura dramatúrgica-documental é exposta em dupla face: uma face centrada no conto Pai Contra Mãe, de Machado de Assis, que compõe um esqueleto dramático que dá suporte ao tema da escravidão brasileira e a segunda face da trama mostra em dias atuais a continuidade do apartheid no Brasil de hoje, tudo entrecortado por legendas de textos extraídas do Arquivo Nacional do século VIII Rio de Janeiro, locuções explicativas, banners de propaganda para doações (como se estivéssemos num programa de TV), e também há um recurso muito interessante, que é o fato de uma mesma atriz interpretar duas personagens, que a meu ver compõem a chave no filme, uma escrava fujona do século XVIII e uma escrava-funcionária rebelde do século XXI, ela tem sonhos, visões, delírios onde as figuras da atualidade incorporam figuras escravizadas e isso nos faz despertar destas visões junto com a personagem, oque considero o efeito mais brilhante nessa obra, pois dá a tônica da memória afetiva certamente adormecida em nós.
Apesar de a casa estar lotada e de o filme ser bem aceito pelo público, o debate se diluiu com a comemoração do aniversário, tenho somente este ponto a criticar, mas como já conheço a prática do Cine Nangetu há bastante tempo, e já participei de debates riquíssimos naquela casa, compreendo perfeitamente que a dona da casa e seus convidados estavam em festa, e, ora, cineclube é uma prática festiva e comunitária por excelência, então, vamos continuando com o ciclo “abolições e resistências” sabendo que teremos novas oportunidades de manter esta conversa em dia.

Isabela do Lago

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