Cine
Nangetu – Dia 12 de abril, 2013
“Quanto
vale ou é por quilo?” de Sérgio Bianchi
Esta
sessão marca um novo ritmo na minha estrada cineclubista, que aliás
já soma 4 anos, ganho de presente a minha entrada na coordenação
do Cine Nangetu a convite de Mametu Nangetu e Arthur Leandro, passo
a dividir as tarefas com Luah Sampaio, como sou mesmo mulher de muita
sorte, a casa estava cheia e o filme é magnifico.
Quero
ressaltar, que na mesma data, Mametu Nangetu estava de aniversário,
ou seja, se ao início da sessão a casa já estava lotada, do meio
do filme pro fim foram chegando mais e mais pessoas que foram se
acomodando como podiam para acompanhar o filme.
O roteiro
de Quanto Vale ou é por quilo mostra como a escravidão
permanece até hoje e é imposta pela lógica da
mercadoria
capitalista. A estrutura dramatúrgica-documental é exposta
em dupla face: uma face centrada no conto Pai Contra Mãe,
de
Machado de Assis, que compõe um esqueleto
dramático que dá
suporte ao tema da escravidão brasileira e a segunda face da trama
mostra em dias atuais a continuidade do apartheid no
Brasil
de hoje, tudo entrecortado por legendas de textos extraídas do
Arquivo Nacional do século VIII Rio de Janeiro, locuções
explicativas, banners de propaganda para doações (como se
estivéssemos num programa de TV), e também há um recurso muito
interessante, que é o fato de uma mesma atriz interpretar duas
personagens, que a meu ver compõem a chave no filme, uma escrava
fujona do século XVIII e uma escrava-funcionária rebelde do século
XXI, ela tem sonhos, visões, delírios onde as figuras da atualidade
incorporam figuras escravizadas e isso nos faz despertar destas
visões junto com a personagem, oque considero o efeito mais
brilhante nessa obra, pois dá a tônica da memória afetiva
certamente adormecida em nós.
Apesar de
a casa estar lotada e de o filme ser bem aceito pelo público, o
debate se diluiu com a comemoração do aniversário, tenho somente
este ponto a criticar, mas como já conheço a prática do Cine
Nangetu há bastante tempo, e já participei de debates riquíssimos
naquela casa, compreendo perfeitamente que a dona da casa e seus
convidados estavam em festa, e, ora, cineclube é uma prática
festiva e comunitária por excelência, então, vamos continuando com
o ciclo “abolições e resistências” sabendo que teremos novas
oportunidades de manter esta conversa em dia.
Isabela do Lago
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