O olhar silencioso dos presentes na roda de conversa sobre o filme "Quebrando o Tabu" durou um certo tempo...
Mametu Nangetu começou a falar da
importância das lideranças de terreiros se qualificarem para o
acompanhamento do tratamento para a recuperação de jovens
envolvidos com drogas, principalmente com as drogas quimicas e
sintéticas. Disse que esse era um problema de toda a sociedade, das
Igrejas, da Família, da Escola... e afirmou sua certeza de que todos
os presentes ali tinham uma história para contar sobre esse assunto.
Foi quando os relatos sobre a
proximidade com o uso de substâncias ilegais foram aparecendo, desde
relatos sobre o uso responsável de álcool e drogas até situações
de pessoas cujo contexto as levou ao uso compulsivo e incontrolável.
A relação das drogas com a marginalidade também foi discutida, foi
a presença de bocas nas vizinhanças das residências dos presentes
que fez os presentes concluir que o problema está presente em todos
os bairros da cidade.
A principal conclusão dessa conversa
sobre o filme veio a partir do histórico mundial do uso de drogas e
do entendimento de que não existe nenhuma sociedade que não tenha
consumido drogas.
A partir desses argumentos, chegamos a
constatação de que a intolerância com as drogas, criada pela
guerra iniciada na década de 1970 pelos Estádios Unidos da América
do Norte, e espalhada pelas ditaduras militares pela América Latina
como um discurso único, não é eficaz, e que tratar o uso de drogas
pela repressão armada e como uma questão de segurança só tem
levado a juventude negra de periferia para a cadeia e aumentado a
marginalidade entre a população excluída dos meios de produção.
E qual o papel dos terreiros nessa luta
social?
Para Mametu Nangetu as lideranças de
terreiros devem se preparar para a abordagem da questão pelo viés
do humano, do acolhimento e do acompanhamento afetivo...
Ela disse que acompanhou de perto dois
casos de membros do terreiro que assumiram o uso de entorpecentes, e
que ela recusou os conselhos de abandona-los para preservar a
comunidade, disse que viver em comunidade é saber lidar com os
problemas individuais em consonância com os interesses coletivos, e
que agiu provocando conversas que promovessem a compreensão desse
universo e a aceitação das limitações de cada um.
Para ela o isolamento dos usuários só
agrava a situação e não traz nenhum benefício, e tratar as
pessoas com humanidade e lhes mostrando a necessidade de preservar as
regras sociais é o primeiro passo para a recuperação dos usuários,
e o principal tratamento para a redução dos danos psicossociais
causados por uso irresponsável de entorpecentes.
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