sábado, 12 de maio de 2012

Saúde - Nós temos um papel fundamental na prevenção e recuperação de usuários de drogas


O olhar silencioso dos presentes na roda de conversa sobre o filme "Quebrando o Tabu" durou um certo tempo...

Mametu Nangetu começou a falar da importância das lideranças de terreiros se qualificarem para o acompanhamento do tratamento para a recuperação de jovens envolvidos com drogas, principalmente com as drogas quimicas e sintéticas. Disse que esse era um problema de toda a sociedade, das Igrejas, da Família, da Escola... e afirmou sua certeza de que todos os presentes ali tinham uma história para contar sobre esse assunto.
Foi quando os relatos sobre a proximidade com o uso de substâncias ilegais foram aparecendo, desde relatos sobre o uso responsável de álcool e drogas até situações de pessoas cujo contexto as levou ao uso compulsivo e incontrolável. A relação das drogas com a marginalidade também foi discutida, foi a presença de bocas nas vizinhanças das residências dos presentes que fez os presentes concluir que o problema está presente em todos os bairros da cidade.
A principal conclusão dessa conversa sobre o filme veio a partir do histórico mundial do uso de drogas e do entendimento de que não existe nenhuma sociedade que não tenha consumido drogas.
A partir desses argumentos, chegamos a constatação de que a intolerância com as drogas, criada pela guerra iniciada na década de 1970 pelos Estádios Unidos da América do Norte, e espalhada pelas ditaduras militares pela América Latina como um discurso único, não é eficaz, e que tratar o uso de drogas pela repressão armada e como uma questão de segurança só tem levado a juventude negra de periferia para a cadeia e aumentado a marginalidade entre a população excluída dos meios de produção.
E qual o papel dos terreiros nessa luta social?
Para Mametu Nangetu as lideranças de terreiros devem se preparar para a abordagem da questão pelo viés do humano, do acolhimento e do acompanhamento afetivo...
Ela disse que acompanhou de perto dois casos de membros do terreiro que assumiram o uso de entorpecentes, e que ela recusou os conselhos de abandona-los para preservar a comunidade, disse que viver em comunidade é saber lidar com os problemas individuais em consonância com os interesses coletivos, e que agiu provocando conversas que promovessem a compreensão desse universo e a aceitação das limitações de cada um.
Para ela o isolamento dos usuários só agrava a situação e não traz nenhum benefício, e tratar as pessoas com humanidade e lhes mostrando a necessidade de preservar as regras sociais é o primeiro passo para a recuperação dos usuários, e o principal tratamento para a redução dos danos psicossociais causados por uso irresponsável de entorpecentes.




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