Decoração do andor com a Imagem de N. Sra. da Conceição, no Terreiro de Mãe Marina, na Sacramenta |
Veja o vídeo da TV Liberal clicando aqui.
Pelo direito à liberdade religiosa, a quem pertence o Festival de Iemanjá?
Pelo direito à liberdade religiosa, a quem pertence o Festival de Iemanjá?
Uma polêmica se instalou em Belém
nestes primeiros dias de dezembro de 2012, desde os últimos dias de
novembro que o jornalista Amaury Silveira (repórter da Rede Brasil
Amazônia de Comunicação – TV RBA, Rádio Clube do Pará e Diário
do Pará) anunciava o cancelamento da realização do 41º
Festival de Iemanjá. Os motivos do cancelamento, dizia Amaury, era a
alegação do Coronel Itacy Domingues – apresentado pelo jornalista
como “o organizador” do festival -, que não teria conseguido
recursos financeiros para a organização do evento. Amaury
Silveira também especulou sobre a realização de um 'encontrão'
com evangélicos que, segundo ele, estariam preparando uma
concentração no estacionamento da Praia Grande do Outeiro, ao mesmo tempo em que afirmava o cancelamento do festival,
Enquanto
isso nem Itacy Domingues, e nem tampouco os demais dirigentes da
Associação dos Amigos de Iemanjá, se manifestavam sobre o assunto,
e até então não se tinha sequer uma notícia dos preparativos da
festividade que, desde 1986, acontecia na Praia Grande do Outeiro na
Ilha de Caratateua.
Iracema Oliveira, relações públicas da Associação dos Amigos de Iemanjá, prestigiou a saída do cortejo no bairro da Sacranenta. |
A
ameaça de quebra de uma festividade considerada como uma tradição
dos Terreiros de Umbanda de Belém e que se realiza há mais de 40
anos, provocou revolta entre os membros das comunidades de terreiros
que desde 1971 participam do festival, e dessa manifestação de
desagravo começou uma intensa mobilização para manter viva a
tradição e realizar o Festival de Iemanjá independente da decisão
da direção dessa Associação que foi criada com objetivo
específico da realização dessa festividade.
As comunidades tradicionais de matrizes africanas mantiveram a tradição e saíram em cortejo pelas ruas de Belém. |
Para
entender a questão precisamos saber um pouco da história do
festival e de suas personagens.
.
A
origem do festival.
Não
vamos dizer que a nossa idéia de realização do “Primeiro
Festival de iemanjá”, no próximo 7, em Icoaraci, tenha percorrido
caminhos muito fáceis para sua concretização. Dependeu de tempo,
tivemos que lançar mão do princípio de unidades que já existe
entre os terreiros, contamos com a colaboração espontânea da
maioria, tivemos de enfrentar uma série de obstáculos que graças a
Deus, estão sendo transpostos, devagarinho. Tudo isso estava
previsto, até o começo de um desânimo ao perceber que, alguns não
entenderam plenamente o nosso objetivo e, por não entenderem
tentaram - sem conseguir - fazer a derrubada geral dos planos que
continuam sendo seguidos na maior lisura possível. Coluna
IVO SILVA NO EMBALO (Jornal “A
Província do Pará, 5/6 de dezembro de 1971, segundo caderno, pg
03).
Na
dissertação de mestrado “Uma rosa à Iemanjá” (Antropologia/
UFPA, 1999), o pesquisador João Simões entrevistou as lideranças
de terreiros que iniciaram o festival, o que podemos entender de sua
análise antropológica é que são vários os fundadores e várias
as motivações. Quase todas as personagens são falecidas, mas
deixaram o registro da origem do festival nessa pesquisa
universitária, personalidades como João Guapindaia, que afirmou ter
sido procurado pelo radialista Ivo Silva e que foi designado a
autoridade religiosa responsável pelo primeiro festival, função
que assumiu com a ajuda de “Pai Manoel da Jóia”, e Pai
Euclides, que veio de São Luís especialmente para o primeiro
festival.
É
nessa pesquisa que Mãe Celina revela que naquela época ainda não
era “Mãe de Santo”, mas que por ser filha de santo e amiga de
Ivo, participou de toda a sua origem. Ela contou que o Festival foi
fruto de uma promessa do seu amigo e radialista Ivo Silva (Rádio
Marajoara), em agradecimento à uma graça alcançada - essa graça
foi a cura da cegueira de seu filho mais velho, e a cura é atribuída
à Iemanjá. Ela disse que Ivo a procurou para organizar a
festividade e que dela chegou aos demais Pais e Mães de Santo
fundadores. Mãe Lucimar acrescenta que depois Ivo foi pro Maranhão
em meados de 1974, e foi então que o também radialista Paulo
Ronaldo (Rádio Marajoara) passou a participar da organização do
festival.
Por
outro lado, Mãe Marina contou que já vazia seu ritual na praia do
Cruzeiro alguns anos antes do primeiro festival, que ela fazia o
ritual na praia para “Mamãe Oxum” e que um ano antes do primeiro
festival (1970) ela teve uma “revelação”. Ela disse que no
momento da oferenda pra Oxum, a sua “Ondina” (encantaria das
águas) revelou à um de seus filhos que, mesmo que ela quisesse
fazer o ritual sozinha, a partir daquele momento 'a estrela de
Iemanjá iria fazer o ritual brilhar' e que pra isso ela seria
obrigada a fazer em conjunto com outros terreiros. Para Mãe Marina,
Ivo Silva (um leigo que quase nada conhecia das religiões
afro-amazônicas) foi apenas um instrumento para a realização da
vontade de Mamãe Oxum e das Encantarias das águas.
Comunidades Tradicionais de Terreiro ocuparam a Praia do Cruzeiro e fizeram o 41º Festival de Iemanjá acontecer. |
Quando
a celebração para Iemanjá, Oxum e às Encantarias das águas
perdeu a importância para os diretores da AAI?
FESTIVAL
IEMANJÁ ARRASTOU MILHARES DE PESSOAS À PRAIA.
*
CONSTITUI-SE EM SUCESSO total o “Festival de Iemanjá”, na praia
do Cruzeiro em Icoaraci reunindo 40 terreiros de umbanda de Belém no
Pará (oficialmente inscritos). Os pais e mães de santos foram
conduzidos em companhia dos filhos de cada terreiros, em 23 ônibus
que foram colocados à disposição do colunista por MONTILA.
*
TODOS SE DIRIGIRAM preparados com vestimenta própria da data. A
caravana chegou em Icoaraci às 20 horas e 30 minutos
aproximadamente. Tôda a orla da Baía estava já literalmente tomada
por populares à maioria conduzindo a flôr(sic) (solicitada na
campanha) para “deusa das águas”. A invasão do público à
praia, o policiamento reduzido, diante do inexperado(sic) público
que compareceo(sic) foram os motivos principais e tornaram impossível
a execução do programa que estava preparado para a praia.
*
CADA TERREIRO teve de fazer como pode sua parte de homenagem a
“Iemanjá”. Alguns poderiam afastar-se da multidão que cercava e
apertava os terreiros e escolherem lugares mais distantes para
“firmar o ponto a deidade do mar”.
*
TUDO, apesar dos imprevistos correu com normalidade na praia que
recebeu iluminação especial oferida(sic) pelo fabricante de
Coca-Cola em Belem, o grande patrocinador do encontro umbandista para
festevar(sic) Iemanjá
*
A SECRETARIA DE OBRAS sob a orientação de seu titular sr. Morais da
AGÊNCIA de Icoaraci, ofereceu o melhor de seus esforços para que
tudo estivesse preparado a contento. Uma equipe, sob seu comando
trabalhou dia e noite para que a festa tivesse êxito assegurado”.
*
A VILA DE ICOARACI foi pequena para conter o fluxo de carros
particulares e taxis, além dos ônibus que levaram milhares de
pessoas para assistir ao “PRIMEIRO FESTIVAL IEMANJA” do norte do
Brasil”.
*
AS BARCA(sic) com as oferendas começaram a largar a praia a
exatamente à mei-noite(sic). Centenas de pessoas não resistiram e
se alnçaram(sic) as águas pedindo graças a Iemanjá alguns com
toda vestimenta do corpo”.
* ONTEM
a festa continuou em todos os terreiros de umbanda. era o inicio de
Nossa Senhora da Conceição (Mamãe Oxum). Os terreiros
participantes voltaram sem poder conter a alegria de ter participado
da grande festa, o maior movimento umbandista.”Coluna
IVO SILVA NO EMBALO (Jornal “A
Província do Pará, 10 de dezembro de 1971, segundo caderno, pg 03)
Com
o passar dos anos, e das décadas, e por ser, ano após ano, um fato
amplamente noticiado pela imprensa paraense, o Festival de Iemanjá
se tornou o ritual afro-amazônico de maior repercussão e
visibilidade social em Belém do Pará.
Essa
grandiosidade que a festividade alcançou está presente nos
discursos desde a sua origem, parece que já nasceu com essa
pré-destinação, e essa intenção nós podemos encontrar tanto no
“mito fundador” através da 'revelação' da Encantaria de Mãe
Marina, quanto no espaço alcançado na imprensa na divulgação (em
agradecimento à graça alcançada) pelo jornalista Ivo Silva.
Em
1986 os organizadores do Festival criaram a A.A.I. - Associação dos
Amigos de Iemanjá, uma organização social que tem como objetivo a
organização do festival, e nessa organização tanto as lideranças
de terreiros quanto jornalistas e autoridades constituídas sempre
estiveram presentes, como se fosse um diálogo multicultural que tinha um
interesse comum: a celebração religiosa na praia e em homenagem à
Iemanjá, Oxum e às Encantarias das águas.
No
início havia a crença e o interesse de criar a visibilidade e o
impacto social ao culto `a Iemanjá – mesmo daqueles que não
faziam parte das religiões afro-amazônicas -, e pra isso se
juntaram nessa associação: 1. autoridades religiosas; 2.
autoridades civis; e 3. jornalistas, e cada um desses grupos sociais
atuavam em nome do interesse comum na afirmação das celebrações
para Iemanjá.
Cada comunidade levou suas oferendas para a entrega coletiva à nos primeiros minutos do dia 8 de dezembro. |
Mas,
e nos dias de hoje? Podemos ainda afirmar que há interesse comum?
Um
dado importante para analisar a situação atual é a informação de
que no núcleo administrativo da atual diretoria da AAI não há uma
única autoridade religiosa, a associação é presidida pelo Coronel
Itacy Domingues (policial da reserva) e o vice é Amaury Silveira
(jornalista), e, segundo Mametu Kátia Hadad, há quase 10 anos que
essa diretoria retirou a AAI da organização do festival para
divulgar a organização criada pelo Cel. Itacy, a URCABEP, como
promotora do festival.
A
percepção da modificação da organização social promotora do
evento pode tranqüilamente levar a outras especulações, dentre
elas o possível descaso da atual diretoria com a memória do
festival e de seus fundadores. A especulação que mais se ouvia na
noite de 7 de dezembro na praia do Cruzeiro, em Icoaraci, era de que
o coronel queria cancelar a festa apenas para se vingar porque não
foi eleito vereador no pleito de 2012, e que ele achava que com o
resultado da eleição ele havia sido traído pelos umabandistas.
Temos,
numa das postagens do Amaury Silveira no Facebook, uma pista para a
relação entre a derrota nas eleições e o cancelamento da
realização do festival, Amaury afirmou na rede social que
“No próximo dia 7, deveria
ocorrer organizadamente, como ocorria desde 1971, o FESTIVAL DE
IEMANJÁ, na Praia Grande do Outeiro.
Este ano, como venho postando
aqui no Face, desde o final de Outubro, não teremos o evento. O
organizador, Cel Itaci, alega a falta de recursos, pois gastou todo o
seu dinheiro, na campanha política passada, quando foi candidato a
vereador (e não ganhou).
Como ele bancava a maioria
das despesas do seu bolso, e a Prefeitura em fim de Governo,
fechou os cofres. assim como o Governo não viabilizou verbas, ele
anunciou que não iria organizar a festa este ano.”
Se
no início o festival era fruto do esforço coletivo, agora o Itacy é
apresentado como “o organizador”, como se ele sozinho fosse o
único responsável por todo o festival.
Assim
como com a tentativa de cancelamento do festival, a desinformação
que o vice-presidente da AAI, Amaury Silveira, promoveu nas redes
sociais e em seu programa de rádio, podemos até especular que na
atual diretoria não há mais o mesmo compromisso com a valoração
positiva que demonstrava Ivo Silva, quando este afirmava que “tivemos
de enfrentar uma série de obstáculos que graças a Deus, estão
sendo transpostos, devagarinho.”. Importante salientar que nos
primeiros anos da década de 1970 a imprensa que fazia parte da
organização falava na primeira pessoa do plural e atribuia a outros
atores a mesma importância para a sua organização, essa
pluralidade expressa nos textos de Ivo se perdeu em algum lugar do
passado.
Terreiros das mais diversas nações ocuparam a praia com oferendas e homenagens. |
Ao
contrário da persistência coletiva do grupo que iniciou a tradição, nos
dias de hoje a postura da diretoria foi personalista e de absoluto
descaso com a organização do festival, e Amaury ainda divulgou nas
redes sociais que “IEMANJÁ: Nos últimos anos, diversos
evangélicos foram para a Praia Grande, no dia da festa de Iemanjá,
mas foram rechaçados. Tentavam ridicularizar o evento, distribuindo
folhetos etc. Dessa vez, sem organização, espero que nada ocorrte
de errado.” (dia 4 de dezembro de 2012 –
http://www.facebook.com/amaury.silveira.52),
investiu no terrorismo midiático e continuou com postagens
ameaçadoras ao dizer que “Evangélicos estariam programando
para o mesmo dia 7, na mesma hora e no estacionamento da Praia
Grande, um encontrão.” (via Twitter @amauryreporter às 2:15
PM - 1 Dez 12), e, disse mais, que “O estacionamento da Praia
Grande é de frente p/ onde o Festival ocorre. Pode ocorrer algum
desentendimento entre macumbeiros e evangélicos” (2:18 PM - 1
Dez 12), sugerindo que haveira conflitos físicos entre adeptos das
duas religiões. Concluímos que o vice-presidente da organização
que deveria promover o festival e o culto à Iemanjá, ao invés de
usar seu poder de comunicador em razão do respeito à devoção à
Iemanjá, tentou confundir os leigos, incitar a violência e criar o
temor nas comunidades de terreiros que, caso insistissem em
desobedecer a direção da AAI e insistir na realização do
festival, deveriam se prevenir para possíveis conflitos por
intolerância religiosa nas praias do Outeiro.
Os religiosos entoaram antos e danças em celebração às divindades das águas. |
Os
organizadores da festa quiseram ser, também, os donos das
divindades!
É
bem verdade que a população da zona metropolitana de Belém
confunde os rituais que cada terreiro promove à Iemanjá com a
realização do festival, afinal são 40 anos que essa festividade é
divulgada na imprensa enquanto as manifestações isoladas de cada
terreiro permanecem invisíveis para a imprensa local, e para o senso
comum a divulgação do cancelamento do festival, por conseguinte,
causou o entendimento do cancelamento de todos os rituais que os
terreiros tivessem programado para a celebração às divindades que
residem nas águas afro-amazônicas.
Se
autoridades religiosas não fazem mais parte da diretoria da AAI, os
interesses de seus diretores parecem ter se tornado apenas a promoção
pessoal. E se o coronel Itacy não foi eleito vereador, pra ele
parece que não faz diferença em realizar ou não realizar o
festival, afinal ele não faz parte das comunidades de matrizes
africanas e não recebeu a contra-partida que o mesmo esperava para
continuar a promover o festival.
Amaury
também parece ir no mesmo caminho, pois ao saber que haveria o
festival mesmo sem a organização da diretoria da AAI, ele disse
“Iemanjá: Soube que um grupo de umbandistas estariam se unindo
para irem até o Outeiro, mesmo com recursos precários.” ( via
Twitter às 2:19 PM - 1 Dez 12), e no dia 4 de dezembro acrescentou
pelo Facebook que
“IEMANJÁ:
Preocupa-me o fato de que alguns umbandistas queiram individualmente
irem para a praia, mesmo assim.
É
que se trata de um evento de água e como tal, tem que ter segurança,
principalmente os salva-vidas do Corpo de Bombeiros. Todos os anos,
eles são acionados pela direção da festa.
Este
ano, espero que o comandante entenda que de modo preventivo,
encaminhe homens para essa missão. Com certeza vai gente da umbanda,
lá, prestar sua oferenda.
Entendo
também que seja necessário a presença da PM, para garantir a
segurança, pois estão sendo anunciadas festas dançantes e grande
movimentação em bares.
Soube
também, que evangélicos estariam planejando um Encontrão para o
estacionamento da praia. Isso pode causar entrevero com umbandistas.
Ontem
a noite foi até a praia e, no espaço onde o Festival é
apresentado, tem boa iluminação. Refletores que a Celpa deixou lá,
instalados e que dá perfeita iluminação para o local. Menos mal.
Se
tiver som. Uma imagem, mesmo pequena, um altar, Bombeiros e PM, dá
pra realizar o evento. Também o transporte para os terreiros.”
Amaury
quis demonstrar preocupação com a segurança dos umbandistas e do
público que frequentava o festival, público que já chegou a 60 mil
pessoas, mas parece mesmo é que os diretores do festival se acharam
também com poder de 'donos' da religiosidade afro-amazônica, e que
bastaria o presidente se utilizar dos programas de rádio de seu vice
para anunciar a decisão de cancelamento e a partir daí todo o
litoral da zona metropolitana de Belém estaria livre do culto à
Iemanjá e à Oxum.
O
recado dado pelo coronel e pelo jornalista parece bastante evidente,
é como se eles dissessem “sem nós vocês não vão conseguir
manter a tradição e a devoção aos deuses de vocês”.
Mametu Katia Hadad, filha de Mãe Nazaré Andrade (fundadora do festival) esteve na liderança da resistência do festival. |
Da
adversidade vivemos!
Com
os recados vindos da imprensa, imediatamente os terreiros criaram uma
rede solidária para garantir a realização do culto à Iemanjá nas
praias da orla de Belém, e a manutenção do festival que lhe dá
visibilidade social através do espaço na imprensa.
Cada
comunidade contribuiu com o que pode, inclusive com abertura de
canais de acesso a outras emissoras de rádio e televisão. Foi assim
que na terça-feira, dia 4 de dezembro, o Jornal “O Liberal” e o
Jornal “Amazônia” publicaram a manifestação de desagrvo de
Mametu Kátia Hadad aos diretores da AAI, e no mesmo dia o “Jornal
da Noite”, da TV Cultura do Pará, exibiu matéria com diversas
autoridades afro-religiosas afirmando que os rituais para Iemanjá
não tem donos, e que o festival se realizaria mesmo sem a
participação do Coronel Itacy.
A praia do Cruzeiro, em Icoaraci, ficou pequena com a quantidade de representações de terreiros e devotos de Iemanjá que compareceream para as homenagens. |
Quando
o conflitos entre os interesses pessoais do coronel Itacy e do
jornalista Amaury Silveira ameaçaram a manutenção dos ritos à
Iemanjá nas praias da orla de Belém, a informação foi recebida
como uma ameaça a toda a liturgia afro-amazônica, e, por analogia,
à liberdade de consciência religiosa, e o que testemunhamos na
semana que antecedeu a realização do festival foi o 'levante' de
insubordinação e insurreição dos terreiros. Um levante que teve a
liderança das herdeiras das fundadoras do festival, mas que também
teve a adesão de terreiros que nunca participaram desse festival e
que se integraram nessa resistência em nome da luta política de
afirmação de identidade religiosa de matrizes africanas na
Amazônia, e em nome do direito à liberdade de culto.
O
recado devolvido foi “se vocês acham que podem cancelar o culto (e
a devoção) às divindades afro-amazônicas, lhe mostramos que vocês
não nos fazem falta.”
Belém,
9 de dezembro de 2012
Táta
Kinamboji (Arthur Leandro)
Sacerdote
de Candomblé de Angola, Militante de Direitos Humanos e do Movimento Negro, Artista e Pesquisador.
A diretoria da AAI-Associação dos Amigos de Iemanjá é vitalícia e é composta por:
Presidente: Itacy Domingues
Presidente: Itacy Domingues
Vice-Presidente: Amaury Silveira
1º Secretário: Bento Pires
2ª Secretária: Mãe Nazaré Andrade (falecida)
Diretora Social: Iracema Oliveira
Relações Públicas: Pai Reginaldo
1º Tesoureira: Mãe Marinete (falecida)
2ª Secretária: Mãe Nazaré Andrade (falecida)
Diretora Social: Iracema Oliveira
Relações Públicas: Pai Reginaldo
1º Tesoureira: Mãe Marinete (falecida)
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