domingo, 7 de agosto de 2016

Organizações sociais de defesa dos direitos humanos denunciam mais uma morte no campo.


Entidades de direitos Humanos denunciaram através de nota pública o assassinato do presidente da Associação Terra Nossa, RONAIR JOSÉ DE LIMA, ocorrido no dia 04 de agosto de 2016. Segundo a Nota, o crime aconteceu no interior do Complexo Divino Pai Eterno, zona rural de São Félix do Xingu, sul do Pará. Ronair já havia recebido diversas ameaças de morte por parte de fazendeiros da região desde que assumiu a presidência da associação.



Além da morte de Ronair, na área já foram assassinados outros cinco trabalhadores rurais, de acordo com dados da CPT-Marabá: Rogério de Jesus Ferreira (2010), membro da Associação Novo Oeste e ocupante do Complexo Divino Pai Eterno; Jocelino Braga da Silva (2010), membro da Associação Novo Oeste e ocupante do Complexo Divino Pai Eterno; Francisco Leite Feitosa (2011), membro da Associação Novo Oeste e ocupante do Complexo Divino Pai Eterno; Félix Leite dos Santos (julho de 2014), vice-presidente da Associação Novo Oeste e ocupante do Complexo Divino Pai Eterno; Osvaldo Rodrigues Costa (2015), foi assassinado na recente ação de pistoleiros deflagrada na área de ocupação da Fazenda Divino Pai Eterno, ocorrida no dia 06/novembro/2015.
Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), já foram encaminhadas pedidos de providências, em relação à morte do trabalhador rural, à Ouvidoria Agrária Nacional, à procuradoria do INCRA, ao Ministério Público e demais órgãos competentes, além de denunciar a situação a outras organizações da sociedade civil, que atuam na proteção de direitos humanos.



Veja a NOTA originalmente publicada no JORNAL RESISTÊNCIA


Ronair José de Lima / Foto: Reprodução da Internet


NOTA PÚBLICA: RELATOS DE UMA TRAGÉDIA ANUNCIADA



Na manhã desta quinta-feira, 04 de agosto de 2016, RONAIR JOSÉ DE LIMA (41 anos), presidente da Associação Terra Nossa foi morto em uma emboscada ocorrida no interior do Complexo Divino Pai Eterno, zona rural de São Félix do Xingu. Mesmo ferido ele conseguiu evadir-se do local recebendo posteriormente o apoio de outro trabalhador rural, também residente no Acampamento. Após atendimento breve prestado pelo posto de saúde da Vila Sudoeste, a vítima foi encaminhada por aeronave para melhor atendimento na sede do Município. Em razão dos ferimentos que atingiram a região do tórax, Ronair faleceu por volta das 15:00hs, deixando viúva a esposa e dois filhos.

Conforme denunciado frequentemente pela Comissão Pastoral da Terra, esse não é o primeiro atentado praticado contra Ronair. Desde que assumiu o cargo de Presidente da Associação, a liderança foi constantemente ameaçada pelos fazendeiros que se dizem proprietários do Complexo e seus pistoleiros. Além das inúmeras ameaças, Ronair já havia sido vítima de tentativa de homicídio praticada contra sua pessoa, no dia 27 de fevereiro do corrente ano.

Durante os mais de 10 [dez] anos de ocupação, sem que haja uma solução definitiva para o conflito ali instalado, o Complexo Divino Pai Eterno tem sido palco dos mais diversos crimes praticados contra trabalhadores/as rurais e suas lideranças, dentre os quais relacionamos: Ameaças de morte, lesão corporal, tentativas de homicídio e homicídios consumados. No contexto deste conflito fundiário, os grileiros que se intitulam proprietários de terras - que na verdade são públicas federais – são considerados mandantes dos crimes de pistolagem ocorridos na área e continuam impunes reincidindo em ações cada vez mais violentas e escandalosas.

Esses são relatos de uma tragédia anunciada, onde mais uma vez os órgãos públicos com poderes para tanto, não agiram no intuito de evitá-la. O nome de RONAIR JOSÉ DE LIMA soma-se então, aos mais de 530 trabalhadores/as rurais assassinados em decorrência dos conflitos agrários ocorridos no sul e sudeste paraense.

Manifestamos, por fim, nossa absoluta revolta e indignação diante do grave estado de violência instalado no campo paraense, sobretudo em relação à precariedade das investigações policiais e o alto índice de impunidade verificado, exigindo que haja a devida punição aos mandantes e executores dos crimes ocorridos no Complexo Divino Pai Eterno.

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