Entidades de
direitos Humanos denunciaram através de nota pública o assassinato
do presidente da Associação Terra Nossa, RONAIR JOSÉ DE LIMA,
ocorrido no dia 04 de agosto de 2016. Segundo a Nota, o crime
aconteceu no interior do Complexo Divino Pai Eterno, zona rural de
São Félix do Xingu, sul do Pará. Ronair já havia recebido
diversas ameaças de morte por parte de fazendeiros da região desde
que assumiu a presidência da associação.

Além da morte de
Ronair, na área já foram assassinados outros cinco trabalhadores
rurais, de acordo com dados da CPT-Marabá: Rogério de Jesus
Ferreira (2010), membro da Associação Novo Oeste e ocupante do
Complexo Divino Pai Eterno; Jocelino Braga da Silva (2010), membro da
Associação Novo Oeste e ocupante do Complexo Divino Pai Eterno;
Francisco Leite Feitosa (2011), membro da Associação Novo Oeste e
ocupante do Complexo Divino Pai Eterno; Félix Leite dos Santos
(julho de 2014), vice-presidente da Associação Novo Oeste e
ocupante do Complexo Divino Pai Eterno; Osvaldo Rodrigues Costa
(2015), foi assassinado na recente ação de pistoleiros deflagrada
na área de ocupação da Fazenda Divino Pai Eterno, ocorrida no dia
06/novembro/2015.
Segundo a Comissão
Pastoral da Terra (CPT), já foram encaminhadas pedidos de
providências, em relação à morte do trabalhador rural, à
Ouvidoria Agrária Nacional, à procuradoria do INCRA, ao Ministério
Público e demais órgãos competentes, além de denunciar a situação
a outras organizações da sociedade civil, que atuam na proteção
de direitos humanos.
Veja a NOTA originalmente publicada no JORNAL RESISTÊNCIA
![]() |
Ronair José de Lima / Foto: Reprodução da Internet
|
NOTA PÚBLICA: RELATOS DE UMA TRAGÉDIA ANUNCIADA
Na manhã desta
quinta-feira, 04 de agosto de 2016, RONAIR JOSÉ DE LIMA (41 anos),
presidente da Associação Terra Nossa foi morto em uma emboscada
ocorrida no interior do Complexo Divino Pai Eterno, zona rural de São
Félix do Xingu. Mesmo ferido ele conseguiu evadir-se do local
recebendo posteriormente o apoio de outro trabalhador rural, também
residente no Acampamento. Após atendimento breve prestado pelo posto
de saúde da Vila Sudoeste, a vítima foi encaminhada por aeronave
para melhor atendimento na sede do Município. Em razão dos
ferimentos que atingiram a região do tórax, Ronair faleceu por
volta das 15:00hs, deixando viúva a esposa e dois filhos.
Conforme denunciado
frequentemente pela Comissão Pastoral da Terra, esse não é o
primeiro atentado praticado contra Ronair. Desde que assumiu o cargo
de Presidente da Associação, a liderança foi constantemente
ameaçada pelos fazendeiros que se dizem proprietários do Complexo e
seus pistoleiros. Além das inúmeras ameaças, Ronair já havia sido
vítima de tentativa de homicídio praticada contra sua pessoa, no
dia 27 de fevereiro do corrente ano.
Durante os mais de
10 [dez] anos de ocupação, sem que haja uma solução definitiva
para o conflito ali instalado, o Complexo Divino Pai Eterno tem sido
palco dos mais diversos crimes praticados contra trabalhadores/as
rurais e suas lideranças, dentre os quais relacionamos: Ameaças de
morte, lesão corporal, tentativas de homicídio e homicídios
consumados. No contexto deste conflito fundiário, os grileiros que
se intitulam proprietários de terras - que na verdade são públicas
federais – são considerados mandantes dos crimes de pistolagem
ocorridos na área e continuam impunes reincidindo em ações cada
vez mais violentas e escandalosas.
Esses são relatos
de uma tragédia anunciada, onde mais uma vez os órgãos públicos
com poderes para tanto, não agiram no intuito de evitá-la. O nome
de RONAIR JOSÉ DE LIMA soma-se então, aos mais de 530
trabalhadores/as rurais assassinados em decorrência dos conflitos
agrários ocorridos no sul e sudeste paraense.
Manifestamos, por
fim, nossa absoluta revolta e indignação diante do grave estado de
violência instalado no campo paraense, sobretudo em relação à
precariedade das investigações policiais e o alto índice de
impunidade verificado, exigindo que haja a devida punição aos
mandantes e executores dos crimes ocorridos no Complexo Divino Pai
Eterno.
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