quarta-feira, 1 de maio de 2013

Pará reúne Forum Setorial de Culturas Afro-brasileiras.


Trinta e dois agentes de sete diferentes manifestações artísticas e culturais e de comunidades tradicionais afro-amazônicas estiveram presente na plenária do Fórum Estadual Setorial de Culturas Afro-brasileiras do Pará. A reunião aconteceu na manhã do sábado, dia 27 de abril, no Mansu Nangetu.
Mametu Nangetu agradeceu a presença de todos e orientou a todos que fiessemos uma roda de conversa no quintal, assumindo a circularidade ea horizontalidade nas decisões, e iniciou a conversa dizendo que, em resumo, todas as pautas propostas para aquela manhã tratavam de um único ponto: encaminhar estratégias de ocupação dos espaços políticos de diálogo da sociedade civil com a gestão pública.
O primeiro assunto foi a iminente eleição para o Conselho Municipal de Política Cultural/ CNPC, de Belém. Táta Kinamboji dirigiu os trabalhos e pediu ajuda do yawò Edgard Vasconcelos, que participou do seminário de implantação do SMC junto com ele, e juntos apresentaram um resumo do que diz a Lei Valmir Bispo dos Santos, que institui o Sistema Municipal de Cultura, depois Kinamboji fez a análise das possibilidades da composição e os assentos de conselheiros em que os agentes das culturas afro-brasileiras tem condições de serem eleitos.
Enquanto estratégia, os presentes se comprometeram em mobilizar seus parceiros para tentativa de ocupação de outras duas setoriais: Patrimônio Imaterial e Comunidades Tradicionais, e também as cadeiras dos conselheiros distritais. Mas o decfreto que regulamenta a Lei Valmir diz que para ocupar os assentos de conselheiros, os agentes de culturas necessitam de organizações sociais que as indiquem. Foi o momento em que Edna Marajoara expôs seus argumentos baseados em tratados internacionais assinados pelo Brasil, cujo texto obriga os paises a respeitar as formas de organizações dos povos e comunidades tradicionais, e que portanto, se o MDS mapeou os terreiros de Belém, podemos usar esse mapeamento para qualificar cada terreiro como uma organização tradicional independente de ter ou não um CNPJ que lhe dê personalidade jurídica.
A conclusão foi da necessidade de termos interlocutores que compreendam e defendam o contexto da produção cultural dos povos tradicionais e dos agentes de culturas afro-brasileiras, nas comissões de diálogo com a FUMBEL para a implantação do SMC em Belém, assim como na comissão que vai organizar a eleição do CMPC/ Belém, e os presentes decidiram indicar a coordenação que elegemos para o Fórum como a comissão que nos representam nessas instâncias.
A plenária passou a conversar sobre a coordenação do Fórum Estadual, a decidiu por três coordenadores titulares com seus respectivos suplentes, e foi consenso a escolha dos seis representantes do Pará no Colegiado Nacional Setorial de Culturas Afro-brasileiras para coordenar o Fórum estadual, ficando Táta Kinamboji (Arthur Leandro), Babá Omioryan (Emanuell Souza) e Táta Dianvula (Alex Leovan) como titulares e Mametu Nangetu (Oneide Monteiro Rodrigues), Mametu Muagile (Elizabeth Leite Pantoja) e Ekedy Janete dos Santos Oliveira como suplentes. Mas foi um consenso demorado, pois vozes feministas se levantaram pedindo o recorte de gênero na composição dos titulares da coordenação, argumentos que só se acalmaram quando Mametu Nangetu interveio pra dizer que os mais jovens se comportavam com mais audácia quando a necessidade era o enfrentamento, e que neste momento era esse o perfil ideal para a representação que vai coordenar os trabalhos do fórum e dialogar com o poder público estadual e municipal – para ela não era uma questão de gênero, e sim etária.
Como último assunto para a roda de conversa, Táta Kinamboji apresentou seu relato de participação na reunião do pleno do CNPC, avaliando a dificuldade tanto da sociedade civil, quanto dos gestores, em compreender a questão racial no Brasil, inclusive em compreender o contexto dos povos e das comunidades tradicionais. Disse que no regimento aprovado para a III CNC não havia nenhuma garantia de participação dos agentes culturais afro-brasileiros e que o que ainda existia era a possibilidade de incluirmos estas cotas nos regimentos de estados e municípios, e que esta era nossa tarefa pras conferencias no Pará.
Com o fim dos assuntos em pauta, Mametu Nangetu convidou todos a almoçar uma saborosa feijoada e a participar da programação da Rádio Comunitária Resistência FM, que em parceria com o Projeto Azuelar, estava fazendo a cobertura da reunião em tempo real.
RC Resistência FM, entrevista de mametu Kátia Hadad com Marilu Campelo. Foto de Lucivaldo Sena, gentilmente cedida para o Projeto Azuelar.

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