quarta-feira, 30 de outubro de 2013

A Sessão Solene da Comenda Mãe Doca será as 10h do dia 4 de novembro, e no mês da Consciência Negra!

A luta pela liberdade religiosa no estado do Pará tem nome, e o nome dessa luta por liberdade é Mãe Doca!
Este ano de  2013, apesar do atraso causado por diversos motivos, e até mesmo sugestões de cancelamentos, as autoridades e lideranças de povos tradicionais de terreiros de matriz africana comprometidas com a luta pela cidadania e respeito às tradições afro-amazônicas garantiram a Sessão Solene de entrega da comenda no dia 04 de novembro, em pleno mês da consciência negra.

Os nomes das autoridades de comunidades de povos tradicionais de terreiros de matriz africana que receberão a comenda no ano de 2013, serão divulgados na tarde de hoje, 30 de outubro.

O Decreto Legislativo nº 05/2009 (proposição da Deputada Bernadete Tem Caten/ PT) instituiu na Assembleia Legislativa do Estado do Pará a Comenda "Mãe Doca" de mérito afro-religiosos em homenagem aos Cultos Afro-Brasileiros.  
A homenagem é uma celebração à memória da luta de Mãe Doca, que era maranhense de Codó e filha de santo do africano Manoel-Teu-Santo. Seu Vodun era Nanã e Toi Jotin, e foi Dona Rosa Viveiros, que em 1891 - apenas três anos após a abolição da escravatura - enfrentou o racismo e inaugurou seu Terreiro de Tambor de Mina na capital paraense. 
Pelo reconhecimento do valor da luta de Mãe Doca por cidadania e o direto humano de consciência religiosa, é que as lideranças de povos tradicionais de matrizes africanas, lideranças que hoje continuam como herdeiros da mesma resistência que desde o final do século XIX se mantém no enfrentamento ao racismo que demoniza as tradições afro-amazônicas, e por reconhecer a importância de manter viva a memória de nossas lutas cotidianas, é que Mãe Doca se tornou o símbolo de resistência das religiões de matriz africana no Pará.


A luta pela cidadania do povo tradicional de terreiro de matriz africana é a mesma luta do povo negro, e o nosso foco é o combate ao racismo.
A organização da sessão solene iniciou ainda em fevereiro, e com esse objetivo reuniu sacerdotes de vários terreiros e tradições diferentes, e foram essas autoridades que debateram entre si as propostas de critérios de interesse das comunidades, chegando a conclusão que o que o povo de terreiro quer é o reconhecimento do poder legislativo estadual na atuação de sacerdotes em frentes de luta como:

  1. Preservação e manutenção de tradições, ou seja: reconhecer a perseverança dos sacerdotes e sacerdotisas mais velhos como uma importante forma de manutenção dos valores africanos na Amazônia;
  2. Enfrentamento e combate ao racismo, ou seja: reconhecer a importância de lideranças de povos tradicionais de terreiros na luta política por visibilidade e por garantia de direitos de cidadania.

As reuniões aconteceram principalmente nos terreiros, e muitas delas trataram também das comemoraçoes pela passagem do 18 de março, data marcada no calendário estadual e municipal de Belém, como referencial de resistência de Mãe Doca às práticas do racismo no século XIX, e desde então estes mesmos sacerdotes aproveitaram toda e qualquer possibilidade de encontro com mandatários de cargos no legislativo estadual para negociar a realização da terceira  sessão solene, e a garantia que em 2013 teríamos entrega da comenda que pro nosso povo é uma conquista.

O Instituto Nangetu antecipadamente parabeniza a Deputada Bernadete Ten Caten e às lideranças de terreiros que na próxima segunda-feria receberão este importante reconhecimento, e reconhece que esta sessão só foi possível pela mobilização e empenho de cada um de nós que investiu para que ela acontecesse.

Parabéns ao Povo de Terreiro do Estado do Pará!













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