Título do Projeto: Muzueri
uonene kalunguê
(O falador grande não tem razão): apoio às ações de mídia
cultural do Projeto Azuelar/ Ponto de Mídia Livre do Instituto
Nangetu .
Muzueri
uonene kalunguê (O falador grande não tem razão), e seu uso nos
dias de hoje, faz referência direta ao poder econômico dos donos
dos “grandes” meios de comunicação, da mesma maneira que
questiona a 'ciência' universitária naquela parte que despreza os
conhecimentos tradicionais. Com o apoio da PROEX/ UFPA o projeto Azuelar pretende intensificar as ações de mídia dos povos de terreiro.
Profa. Marilu Campelo (GEAM/UFPA) entrevista Mametu Kátia Hadad (Konsenzala de Kafungê) em programa de parceria do Projeto Azuelar com a RC Resistência FM. |
O
projeto foi apresentado pelo prof. Arthur Leandro, FAV/ ICA e
GEAM/IFCH da UFPA, o Táta Kinamboji do Mansu Nangetu – que também
é o coordenador do projeto Azuelar. A proposta foi premiada no
Edital Prêmio PROEX de Arte e Cultura/ PROEX-UFPA, e com o prêmio o
coordenador vai investir em equipamentos e em ajuda de custos aos
agentes de comunicação do Instituto Nangetu.
O
projeto é uma intervenção em forma de parceria técnica e
dialógica com o objetivo de potencializar o protagonismo dos povos
tradicionais de matrizes africanas na produção de mídia étnica e
de conteúdos midáticos sobre suas práticas culturais, e também
colocar a universidade como agente potencializador das ações do
projeto pré-existente e estabelecer intercâmbios culturais e
acadêmicos através da colaboração entre entes da universidade e
os Povos Tradicionais de Matrizes Africanas, mas sem interferir
naquilo que para todos os envolvidos é um dado precioso: o
protagonismo social do Projeto Azuelar.
Kinamboji
explica que foi em busca do diálogo que envolveu sua equipe na busca
de um sabu (provérbio) em kibundo para dar título ao projeto,
primeiro para provocar a universidade com um título em línguas
africana, e também como uma forma de difundir os valores
transmitidos geração-pós-geração desde os primeiros africanos
chegados ao Brasil no tempo colonial. Cunha Junior explica que
provérbios São formas filosóficas de refletir e ensinar e
aprender sobre as relações dos seres da natureza, do cosmo e da
existência humana. São filosofias pragmáticas da solução dos
problemas da vida na terra, profundamente ligados ao existir e compor
o equilíbrio de forças da continuidade saudável destas
existências. registrado os condicionantes da existência humana, da
formação social, das relações de poder e justiça, da
continuidade da vida. E ao utilizar de um sabu pra nomear o projeto
reafirma e transmite o cosmos afro-amazônico para a comunidade
univesitária.
Nesta
proposta a universidade torna-se mais uma parceira que contribui com
equipamentos, e com informações técnicas oriundas das diversas
áreas do conhecimento acadêmico, como as artes, a comunicação, as
ciências sociais, a educação, do que ser apenas uma biblioteca de
conhecimentos a ser consultada, é uma parceria que prima por
respeitar a experiência dessa tradição e a absorve como
conhecimento tão importante quanto o conhecimento áuniversitrio.
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