domingo, 12 de junho de 2011

Mulheres de terreiros se reúnem em encontro estadual.

O Fórum Paraense de Umbandistas e Afro-religiosos - FORUMPUAR, realizou o I Encontro Estadual de Mulheres de Axé (PA), que reuniu as lideranças femininas de comunidades tradicionais de terreiros para propor questões a serem levadas para o II Encontro Nacional de Mulheres de Axé que vai acontecer ainda no mês de junho na cidade de João Pessoa-PB. Além de promover a mobilização das mulheres de terreiros para as conferências que em breve serão convocadas, como a conferência de políticas para as mulheeres, a conferência de saúde, a conferência de segurança pública, dentre outras.
A reunião proporcionou dois momentos que foram considerados de muita importância. O primeiro foi o relato das práticas sociais desenvolvidas nos terreiros liderados por mulheres, quando foi possível avaliar os impactos de cada atividade para a formação e afirmação cidadã das comunidades de terreiros, para a melhoria das condições de vida de cada comunidade e para a visibilidade social das comunidades de terreiros. Esse foi o momento de cada liderança presnete fazer o relato de sua experiência e de avaliar as atividades.
O outro momento foi também um relato de experiência, pois, mais do que uma palestra, o que se ouviu da profa. Anaísa Vergolino-Henry foi um relato de sua vivência na pesquisa universitária desenvolvida desde a década de 1960 em comunidades de terreiros de Belém.
Anaísa mostrou imagens de Belém daquela época e contextualizou a cidade e as relações sociais que legitimavam essas comunidades mesmo em períodos de repressão policial e proibição de cultos religiosos em terreiros.
Falou da importância da manifestacão pública de intelectuais que em 1938 pediam ao poder público a liberdade aos cultos em terreiros, disse ser uma vasta lista de poetas, artistas, professores que incluia nomes como Dalcídio Jurandir e Bruno de Menezes, que defendiam as religiões afro-amazônicas como celeiro das manifestações artísticas e culturais, inclusive aquelas que eram divulgadas como identidade paraense.
Mas o ápice da sua explanação foi quando Anaísa lembrou o trabalho das lideranças femininas de comunidades de terreiro, enaltecendo tanto o aspecto da manutenção dos preceitos que garantem a existência das práticas religiosas, quanto a rede social que legitima a diversidade de terreiros de religiões afro-amazônicas.
Os poucos homens que também participaram do encontro saíram falando na necessidade de se fazer discussões de gênero masculino também, levantando questões como a necessidade de acompanhamento de saúde, trabalho e renda, juventude, lazer, segurança pública e outros temas que, em conversas informais, foram surgindo como necessários para uma discussão mais ampliada.
A reunião terminou com a sistematização de propostas para o encontro nacional, para o qual as organizações locais estão tentando enviar duas representantes paraenses, e com a formalização de uma organização de rede de mulheres de terreiros - uma espécie de conselho estadual de mulheres de Axé - que tem a função de manter o estado de mobilização social para a discussão das questões de gênero entre as populaçnoes de terreiro.























Fotos e texto: Arthur Leandro/ Táta Kinamboji - Instituto Nangetu - Projeto Azuelar/ Ponto de Mídia Livre 2009.

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