Cena de "O país de São Saruê" |
O País de São Saruê
Direção de Vladimir Carvalho
Cineclube Nanegetu em parceria com a APJCC.
1° de julho, 19h.
Tv, Pirajá, 1194/ Marco.
Informações: 91-32267599
O País de São Saruê é um documentário sobre a vida de lavradores, garimpeiros e outros moradores do nordeste brasileiro, filmado em preto-e-branco e realizado no fim da década de 1960. É possível que a primeira reação do espectador frente a essa descrição seja: “Não, muito obrigado, prefiro ver um filme mais interessante”. Infelizmente, esse preconceito do próprio brasileiro contra filmes de seu país existe, ainda mais com filmes antigos. Sendo documentário, então, nem se fala.
Vladimir Carvalho |
Na verdade, O País de São Saruê é mais que um documentário. É um verdadeiro ensaio audiovisual sobre a vida sertaneja na região paraibana do Rio do Peixe, situada no “polígono da seca”. Carvalho começa o filme com uma narrativa poética, mostrando a labuta dos moradores e a interação deles com a dura paisagem que os cerca. As imagens são acompanhadas pela narração de um poema de Jomar Moraes Souto, que, para escrevê-lo, se inspirou nas próprias imagens captadas por Carvalho e sua equipe ao longo dos quatro anos de produção. Num segundo momento, o diretor entra na denúncia contra a exploração dos trabalhadores pelos donos de terra (motivo que levou a censura a proibir o filme em 1971 – só foi lançado oficialmente em 1979, quando acabou premiado pelo júri do Festival de Brasília). A voz daquele povo toma as rédeas e conduz o filme a partir daí, em entrevistas com personagens como o ex-lavrador que conseguiu se tornar um bem-sucedido empresário, o voluntário da paz americano dividido entre duas situações políticas conturbadas (a do nordeste brasileiro e a de seu país, em guerra no Vietnã) e o senhor idoso que lamenta a decadência do garimpo na região.
Mesmo com a imagem ainda riscada e com sujeiras, o filme mantém sua beleza estética graças à bela composição dos quadros, aliada à ágil montagem e à praticamente incessante trilha sonora, que varia de cantigas sertanejas aos hits da Jovem Guarda “Quero que Vá Tudo Para o Inferno”, de Roberto Carlos, e “Era um Garoto”, na voz de Brancato Júnior.
Em O País de São Saruê (o título faz uma irônica referência a um cordel que fala de uma “terra prometida”), Carvalho não retrata seus personagens como vítimas, mas como homens e mulheres corajosos que vivem nas mais precárias condições e enfrentam as dificuldades que lhes são impostas. É um filme-denúncia, um tratado, um registro histórico, que valoriza o esforço daqueles que eram (e ainda são) prejudicados pela miséria. (Renato Silveira)
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A sessão do dia 1° de julho acontece em Parceria com a APJCC - Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema e contará com Miguel Haoni na condução da roda de conversa.
Cineclube Nangetu, coordenação: Kota Mazakalanje.
Tv. Pirajá, 1194 – Marco da légua, Belém/PA. 91- 32267599.
Início de cada sessão- 19h. Ao final haverá roda de conversa com a comunidade do Mansu Nangetu.
O Cineclube Nangetu é premiado no Edital Cine Pará Mais Cultura, e conta com a parceria do Governo Federal, Ministério da Cultura, Governo do Pará, Secretaria de Estado da Cultura, PARACINE, rede [aparelho]-: e Idade Mídia.
O Instituto Nangetu é Ponto de Mídia Livre/ 2009.
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