Iyá Lúcia Omidewá em intervenção no evento da SEPPIR. |
Agradecimento:
Somos um povo de essência espiritual isto goste ou não a
intelectualidade, passando pela escola onde suspeito que os modernos mestres
ainda deslegitimem nossa raiz, nossa religião.
Perante o pertencimento de se receber um título, não posso
em momento algum esquecer a real contribuição “civilizatória” que nossa
religião me deu. Fomos negados socialmente, politicamente desprezados,
religiosamente perseguidos. Porém me atrevo a dizer que nossa religião é que
nos mantém.
Penso que fomos enviados por nossos orixás com a missão de
“impregnar” de Axé este país. Fomos nós povo resistente que demos a este país
uma marca mais que simbólica à alma brasileira.
Para falar em tradição na nossa oralidade sei tanto quanto
vocês que nunca poderemos penetrar em qualquer história sem que me apoie nesta
tradição oral. Uma herança que herdamos ricamente e que pacientemente é
transmitida por nós mestres Griô de nossa boca a cada ouvido, de mestres a cada
novo aprendiz.
Nossa herança não foi perdida e nunca será, pois que somos a
memória viva de nossa áfrica e nosso Brasil, somos nós mestres Griô a geração
de depositários, uma memória viva que une o moderno com o contemporâneo, nossa
tradição é a escola da vida. Sim, podemos parecer pretensioso para aqueles como
nós que sabem que em nossa tradição oral o espiritual e material não estão
dissociados.
Enfim, meus sinceros agradecimentos posto que esta conquista
não seja minha, mas de meu povo, pois que somos ao mesmo tempo religião,
cultura, conhecimento, ecologia, história, estória e ainda alegria, sendo que
todo pormenor sempre vai nos permitir remontar a nossa “unidade” primordial
onde o mistério tal como ela o revela e do qual emana creio que seja esta a origem
“divina” da Palavra.
Axé
Iyá Lúcia Omidewá
Cada ser humano pode ser um incorporador eventual da
“divindade” em benefício dos outros.
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