Para o enfermeiro Ivam Carlotinho Junior, é importante que a população conheça os sintomas para se fazer o diagnóstico ainda no início da doença - o que ajuda bastante no tratamento. Além do reconhecimento dos sintomas, os especialistas da SESMA ainda orientaram os presentes para os procedimentos corretos nos casos da confirmação da doença. Sonia Obadia, Coordenadora Estadual de Pneumologia da SESPA, informou que o Pará ocuopa o terceiro lugar em incidência de tuberculose entre os estados brasileiros com uma taxa de ocorrência de 47,8 para cada 100 mil habitantes.e que:"Esse valor nos coloca na classificação nacional como área endêmica, ou seja, temos casos de Tuberculose durante todo o ano e independente de qualquer fator externo", e que esse é o principal motivo do alerta da necessidade de controle da doença que foi lançado para a população.
Para mais informações ou para agendar rodas de conversas em sua comunidade, ligue:
(91) 4006 - 4299, ou mande email para comitetbpara@gmail.com
Filmes da campanha foram exibidos |
Membros da comunidade do terreiro e da vizinhança participaram da conversa |
Sônia Obadia falou sobre a tuberculose no Pará |
Profissionais do Programa de Combate a Tuberculose responderam as perguntas dos presentes |
Ivam Carlotinho Junior ensinou a identificar os sintomas |
A comunidade estava atenta a cada detalhe das informações |
Conheça mais sobre a tuberculose
Saiba quais são os principais sintomas da tuberculose e quais órgãos são mais acometidos.
Antes de falar nos sintomas da tuberculose, é preciso esclarecer alguns pontos a cerca da doença que são muito pouco divulgados pelos meios de comunicação.
A tuberculose é uma doença infecciosa causada por uma bactéria chamada de Mycobacterium tuberculosis, também conhecido como bacilo de Koch em homenagem a Robert Koch, médico alemão que identificou a bactéria.
A doença é muito famosa pelo seu acometimento pulmonar, mas poucos sabem que vários outros órgãos do corpo também podem ser infectados pela tuberculose, como pele, rins, linfonodos, ossos etc...
Desde o surgimento da pandemia de HIV/SIDA (AIDS) na década de 80 que a infecção por tuberculose voltou a ser uma grande preocupação. Pacientes imunossuprimidos são muito susceptíveis ao bacilo de Koch.
O Brasil é o 16º país com maior incidência de tuberculose no mundo, porém ao contrário do que muitas vezes é divulgado, esta incidência tem caído substancialmente nos últimos anos. Em 1999 a incidência era de 51 casos para cada 100.000 habitante. Em 2007 já havia caído para 38 por 100.000. Rio de Janeiro e Amazonas são os estados com o maior número de casos (incríveis 73 por 100.000). Portugal é um dos países da Europa com maior taxa, aproximadamente 32 casos por 100.000. Só como comparação, a Alemanha tem 6 casos por 100.000 habitantes.
Atualmente 1/3 da população mundial está infectado pelo bacilo de Koch. O fato é que apenas 10% das pessoas que entram em contato com a bactéria desenvolvem tuberculose.
Esta resistência se dá pelo nosso sistema imune que é bastante competente em impedir a progressão da tuberculose. O problema é que a bactéria muitas vezes não é completamente eliminada pelo sistema imune e fica adormecida no nosso organismo, sem causar sintomas, à espera de uma queda nas nossas defesas para voltar a se multiplicar. Por este motivo, a epidemia de SIDA (AIDS) trouxe de volta também a epidemia de tuberculose.
A população prisional é também uma das mais susceptíveis a infecção, devido a contínua exposição em ambientes fechados.
Outros grupos de risco incluem:
- Idosos
- Diabéticos
- População de rua
- Alcoólatras
- Renais crônicos
- Doentes com neoplasias ou sob quimioterapia
- Transplantados
Sintomas da tuberculose
A tuberculose pulmonar é a manifestação mais comum da doença. A transmissão é feita pelo ar, através de aerossóis expelidos pela tosse, espirro ou pela própria fala. Estima-se que uma pessoas infectada, se não tratada, pode contaminar outras 15 no espaço de um ano. De acordo com as estatísticas, destas quinze, apenas uma ou duas desenvolverão sintomas. Atenção: apenas os casos sintomáticos são capazes de transmitir a doença.
O quadro típico de tuberculose pulmonar é de febre com suores e calafrios noturnos, dor no peito, tosse com expectoração, por vezes com raias de sangue, perda de apetite, prostração e emagrecimento que chegam a 10 ou 15 kg em algumas semanas. (leia: POR QUE TEMOS FEBRE?)
Por ser também uma infecção pulmonar, o quadro pode lembrar o de uma pneumonia (leia: QUAIS SÃO OS SINTOMAS DE PNEUMONIA?). Porém, enquanto a pneumonia é uma doença mais aguda, que se desenvolve em horas/dias, a tuberculose é mais lenta, desenvolvendo-se em semanas. Alguns doentes só procuram atendimento médico 2 meses depois do início dos sintomas. Deve-se pensar sempre em tuberculose pulmonar naqueles pacientes com quadro de pneumonia arrastada que não melhoram com antibióticos comuns.
O diagnóstico da tuberculose pulmonar é feito através da história clínica, da radiografia de tórax e do exame de escarro (catarro), este último o exame que identifica a presença do bacilo de Koch.
RX tórax com tuberculose no ápice do pulmão direito.
Muitas vezes, associado a infecção pulmonar, existe acometimento também da pleura, uma membrana que reveste os nossos pulmões. A tuberculose pleural costuma se apresentar como derrame pleural, que é a presença de líquido/pus na cavidade entre a pleura e pulmão. Causa dor e dificuldade para respirar (leia: DERRAME PLEURAL - Tratamento, sintomas e causas).
A infecção pelo bacilo inicia-se pelos pulmões, mas pode se alastrar por todo o corpo. Nem todo mundo vai desenvolver a tuberculose ativa e alguns permanecerão com a bactéria adormecida no organismo, tendo tido ou não infecção pulmonar ativa. Essa bactéria pode ficar alojada durante anos em qualquer parte do corpo, como cérebro, meninge, rins, intestinos, coração, linfonodos, ossos etc.. apenas à espera de uma queda no sistema imune para voltar a multiplicar-se.
As infecções extra-pulmonares normalmente ocorrem anos depois da infecção pulmonar ou mesmo da contaminação assintomática. O quadro em geral é de febre persistente e emagrecimento importante sem identificação da causa.
Abaixo algumas fotos de tuberculose não pulmonar:
Tuberculose da coluna
Tuberculose na pele
E como saber se você é portador assintomático da bactéria da tuberculose?
Existe um teste chamado de PPD ou teste da tuberculina que é feito através da inoculação subcutânea de proteínas do bacilo de Koch morto. Após 48-72h é feita a avaliação do grau de reação do corpo ao material inoculado. O teste de PPD só fica positivo após 12 semanas da exposição a pessoas infectadas.
PPD
Em pessoas saudáveis, uma inflamação com o centro endurado maior que 15mm (1,5 cm) é considerado positivo.
Em diabéticos, renais crônicos ou em profissionais de saúde expostos frequentemente a pessoas infectadas, um resultado maior que 10mm (1 cm) também é considerado positivo. Em pessoas com SIDA (AIDS) ou outra causa de imunossupressão 5 mm (0,5cm) já é considerado positivo.
Doentes com o PPD positivo são candidatos ao tratamento contra tuberculose latente, objetivando impedir uma futura reativação do bacilo.
E como tratar os pacientes com tuberculose ativa?
Os doentes que apresentam sintomas de tuberculose são tratados com um esquema de 3 antibióticos por no mínimo 6 meses. O principal esquema é o chamado RIP - Rifampicina, Isoniazida e Pirazinamida. Esse coquetel é distribuído gratuitamente pelo governo brasileiro.
O tratamento das formas latentes descrito anteriormente é feito apenas com a Isoniazida, também por 6 meses.
O grande problema do controle da tuberculose é o abandono antes do final dos 6 meses. Como os sintomas melhoram em pouco tempo e os efeitos colaterais são comuns, muitos pacientes não completam o tempo total de tratamento, favorecendo o surgimento de cepas multi-resistentes do bacilo de Koch.
Os pacientes deixam de transmitir tuberculose após aproximadamente 15 dias de tratamento. Porém, podem voltar a ser bacilíferos (transmissores do bacilo) se não completarem o curso de 6 meses de antibióticos.
A tuberculose não tratada leva a sepse grave e morte ( leia: O QUE É SEPSE / SEPSIS E CHOQUE SÉPTICO?)
Existe vacina contra tuberculose ?
Existe uma vacina chamada de BCG, que faz parte do calendário nacional. É administrada quando criança e serve para prevenir as formas mais graves da doença, como a tuberculose disseminada e a meningite tuberculosa. A vacina apesar de diminuir a incidência da tuberculose pulmonar, não a evita por completo. Como é feita a partir de bactérias vivas, não deve ser administrada em imunossuprimidos
Nenhum comentário:
Postar um comentário