sábado, 30 de abril de 2011

Histórias do cangaço no Cineclube Nangetu.

Violência, força feminina, luta armada e ensino de história brasileira estiveram em pauta na roda de conversa sobre os filmes "A musa do cangaço" e Corisco e Dadá". O debate foi enriquecido com a participação do professor e pesquisador João Simões, da pesquisadora Selma Brito e de intelectuiais como Luíz Makambira.



CINECLUBE NANGETU
Por João Simões.

Na última sexta-feira, dia 29, estive na Travessa Pirajá para assistir um filme muito interessante. A sessão estava prevista para iniciar às 19 horas, momento que várias pessoas da vizinhança, começaram a chegar.
Um público bastante diversificado, como se espera encontrar para um evento de exibição cinematográfica, como este. Homens e mulheres de várias faixas etárias, e diversos níveis de escolaridade. O Tema muito interessante, pois conta parte de nossa História que anda bem guardada, ou quem sabe escondida, como uma ação pouco importante, talvez folclórica.
O Cangaço no entanto nos lembra os inúmeros momentos de alguns brasileiros que optaram pela desobediência civil, e ataque ao Estado de Direito, pessoas cansadas de serem exploradas por um poder econômico injusto, e violento; que inclusive na pessoa dos coronéis desrespeitava as Leis e a pretensa Ordem do Estado Brasileiro.
O filme apresentava cenas que foram gravadas há muitas décadas atrás dos grupos de cangaceiros e seus principais líderes, como Corisco e Dada, e Lampião e Maria Bonita. Além disso, uma entrevista com a própria Dada, idosa, lembrando seus tempos de convivência no cangaço e suas lutas armadas no sertão do Nordeste. E por último apresentou-se um filme tratando da vida de Corisco e Dada, uma história romanceada.
Sentia-se ao final do filme um clima de NOSSA QUANTA VIOLÊNCIA!!!!! Tanto o povo do cangaço, quanto os policiais da época são apresentados nas posturas mais violentas que se possa esperar, quem sabe não lembre um pouco de Tropa de Elite, quando a falta de obediência às leis, e a postura de “bandido” une policiais e marginais. O Estado de direito em algumas ocasiões não chega nas posturas e mentalidades, daqueles que representam o Estado, ou entre aqueles que o desobedecem. Na verdade todos estão numa atitude prática de desobediência civil.
O Debate foi organizado por Arthur Leandro, e encabeçado por Mãe Nangetu, que oferece o espaço sagrado do seu Terreiro, para apresentação destes filmes todas as sextas-feiras. Por isso Cineclube Nangetu.
Mãe Nangetu começa sua fala afirmando que desconhece a história do Cangaço, esperando que alguém da platéia pudesse lhe ajudar, mas praticamente todos conheciam apenas rudimentos dessa parte da história do Brasil, inclusive, eu, Arthur, e Selma Brito professores universitários. Que surpresa saber-se ignorante de fatos tão relevantes para a história brasileira.
De qualquer maneira a pizza e o refrigerante servidos durante o nosso debate serviu, para adoçar um pouco aquele momento de ignorância, e perplexidade diante de tanta violência na história e no dia a dia de todos nós brasileiros.
Ficamos todos curiosos para sair dali, e logo correr para a leitura que nos iluminasse nosso momento de ignorância. Fiquei muito feliz com isso, pois um projeto pedagógico como este deve primar por despertar nas pessoas desejo de estudar mais e mais. Afinal toda forma de conhecimento pode ser uma maneira de nos tornar mais humanos, mais integrados a todo nosso presente pelo nosso passado.
Aquele espaço sagrado também me pareceu bastante oportuno por sua vocação a Educação, e pela sua proposta de um ensinamento de valores religiosos como a paz, o enfrentamento das injustiças, a igualdade, e o amor que deveria nos fazer todos iguais. PARABÉNS POR ESTE PROJETO!!!!!!














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