A história de João de Camargo reataratada no filme “Cafundó”, de Clovis Bueno e Paulo Betti, deu mesmo o que falar em relação a 'intolerância religiosa', e após a sua exibição no Cineclube Nangetu vários pontos de vista foram colocados sobre o que é e como reconhecer essa tal 'intoleriancia'.
Táta Kinamboji pediu que os presentes atentassem para a sutil relação entre intolerância religiosa e as práticas racistas presentes na sociedade brasileira e muito bem apresentadas no enredo do filme.
Questões como se a presença de práticas religiosas e até mesmo referências diretas aos rituais afro-brasileiros garantia o status de 'matriz africana' ao que o João fazia, ou se havia ou não legitimidade na apropriação que João de Camargo fêz dos signos religiosos católicos usados no culto sincrético por ele criado.
E a conversa 'correu longe' com vários pontos de vista sendo colocados em debate. Até que foi questionado se também poderia ser intolerância, e racismo, a situação vivida pela personagem na cadeia - quando um outro preso, também negro, lhe pergunta se ele queria ser branco..., dizendo que ele esqueceu das divindades africanas para construir templos e cultuar divindade de branco...
Nesse momento Mametu Nangetu tomou a palavra e lembrou que no filme, a personagem do João só fêz oferendas a Exu depois desse momento da conversa na cadeia, e que talvez ele ter sido questionado sobre o que é ser branco e o que é ser negro, principalmente quando o assunto é a preservação de suas raízes e de suas tradições, que ali pode ter sido o momento dele naquilo que nós chamamos de 'consciência negra', e que na opinião dela talvez seja no momento que ele faz as oferendas para Exu o instante em que ele se compreende enquanto um negro fora da África, um afro-brasileiro.
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